Karen Blixen
(1885-1964) é uma escritora dinamarquesa também conhecida pelo pseudônimo “Isak
Dinesen” que foi várias vezes indicada para o Prêmio Nobel de Literatura. Sua
obra mais famosa é “A fazenda africana” que foi adaptada para o cinema com o
título “Entre dois amores”. A Festa de Babette também ganhou as telas e ambos
os filmes colecionaram prêmios, inclusive o Oscar. A obra “A festa de Babette”
é um conto bastante enxuto, porém, com uma ampla interpretação filosófica sobre
o sentido da vida e os limites que impedem cada indivíduo de alcançar sua
máxima potencialidade. A obra narra a história de um pastor luterano que fundou
uma comunidade em Berlevaag, na Noruega. O pequeno povoado situado no interior
de um fiorde no qual o líder religioso (deão) impõe regras rígidas para os
fiéis quanto à humildade e a não ceder aos vários prazeres mundanos para não
estar em falta com Deus. O deão casou-se tarde e teve duas belas filhas,
Martine e Philippa. Todas as pessoas seguem seus ensinamentos religiosos e
morais, suas filhas também foram criadas de igual forma. Um oficial militar
(Lorens Loenwenhielm) ao passar alguns dias no local, conhece Martine, mas, não
consegue lograr êxito na aproximação com a mais bela moça que já viu, volta
para a cidade de onde veio e segue sua vida de alpinista social, casa-se com
uma moça da nobreza, ganha promoções e condecorações, mas, a depressão o toma. Um
famoso cantor de ópera francês se encanta ao ouvir Philippa cantar na igreja,
faz alguns ensaios com ela e tenta levá-la (como artista e companheira) para a
França onde ficaria famosa, mas, recebe uma negativa, volta a Paris e continua
sua vida artística, porém com a frustração a lhe acompanhar. O pai delas queria
que elas dedicassem suas vidas ao Senhor.
O
deão falece e, as irmãs, apesar dos muitos pretendentes jamais se casam,
destinam suas vidas ao senhor e prosseguem com as obras de caridade iniciadas
por seu pai. Elas levam uma vida de extrema humildade, pois, os poucos recursos
de que dispõem utilizam preparando refeições para os pobres e doentes. Apesar
de seus esforços, a comunidade não está mais unida como antes e os ensinamentos
do deão estão sendo esquecidos. Um dia chega na casa das irmãs, uma mulher
chamada Babette trazendo uma carta de Achille Papin (o cantor de ópera),
solicitando que a acolham, pois, há uma revolução em curso na França e ela
corre risco de morte se retornar ao país, pois, seu marido e filhos já haviam sido mortos. Ela
se oferece para pagar sua estadia trabalhando como cozinheira, e, conforme os
ensinamentos de seu pai, elas resolvem aceitar. Babette aprende os costumes e
prepara os alimentos conforme a orientação das irmãs. Os desvalidos passam a
adorar as refeições, apesar de serem as mesmas receitas de sempre. Após
dezessete anos, Babette que deixara dinheiro para um parente jogar na loteria
francesa semanalmente em seu nome ganha o prêmio de dez mil francos, uma
fortuna suficiente para dar-lhe conforto para o resto de sua vida. As irmãs e
também o povoado se entristece, pois, ela certamente irá embora.
Babette
solicita que as irmãs lhe permitam oferecer um banquete francês em homenagem
aos 100 anos do nascimento do deão e como agradecimento à acolhida da
comunidade. Sem conseguir recusar elas aceitam. Babette vai à França comprar os
ingredientes e volta com um carregamento de ingredientes exóticos que contava
inclusive com uma tartaruga. As irmãs falam com os convidados para que não
façam nenhum comentário sobre a refeição sofisticada que receberiam, pois, o
prazer despertado pelo paladar também é pecado. Por coincidência, Lorens
Loenwenhielm (o militar) estava em visita à sua tia que morava nas proximidades
e, que havia sido convidada, após consulta às anfitriãs, leva-o ao banquete de
alta culinária francesa. Para evitar spoiler, encerro aqui a resenha e deixo a
dica.
Sugestão
de boa leitura:
Título: A festa de Babette.
Autor: Karen Blixen.
Editora: SESI-SP editora, 2018, 64 p.
Preço: R$17,00.