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sábado, 27 de junho de 2020

A leste do Éden



John Steinbeck (Salinas, 1902 - Nova Iorque, 1968) é um autor estadunidense muito cultuado em seu país. Galardoado com o Prêmio Pulitzer de ficção (1940) e com o Prêmio Nobel de Literatura (1962), tem como característica de sua literatura, o registro das questões sociais de seu país, o que denota sua grande sensibilidade humanitária. Ao assim proceder, não é incomum, leitores desavisados concluírem que o autor é socialista, algo que não corresponde à realidade. Steinbeck viveu parte de sua vida em Salinas, e essa região costuma ser o cenário em que ambienta suas obras. Sua obra mistura ficção com a descrição de fatos reais, sendo assim, algumas de suas personagens realmente existiram e viveram angústias semelhantes às descritas em suas obras. Muitos consideram que a literatura produzida por Steinbeck é triste e, por isso, de leitura difícil. Steinbeck, por meio da literatura que produziu desperta nos leitores a necessidade de olhar para o lado, para o próximo, que provavelmente está em meio a uma batalha buscando subsistir. A vida tem altos e baixos, algozes e vítimas, privilegiados e desfavorecidos e, estes são retratados em suas obras. A pessoa que não consegue ler as obras de Steinbeck, por considerá-las tristes, também não consegue pensar criticamente o mundo e a sociedade em que vivemos, pois, o paraíso não é aqui.
A obra “A leste do Éden” foi originalmente publicada em 1952 e, junto com “As Vinhas da Ira” são consideradas as duas obras-primas do autor. O título “A leste do Éden” (a leste do Paraíso) faz referência à região para onde Caim, após matar Abel, foi condenado a viver. A obra trata o tempo todo da escolha entre o bem e o mal que as pessoas são chamadas a fazer e narra isso pela passagem de três geração das famílias Trask e Hamilton. Na trama, Cyrus Trask se alista no Exército e, deixa a esposa e seu filho Adam em casa. Nos intervalos entre os treinamentos militares, Cyrus e seus colegas visitavam prostitutas. Estoura a Guerra de Secessão (1861-1865), e, Cyrus, no primeiro dia em que vai a combate tem uma perna estraçalhada. No atendimento médico, é submetido à amputação numa época em que não havia anestesia. Na volta, mente sobre sua participação na guerra, estuda livros e passa a escrever artigos para jornais alegando ter participado de importantes combates na qualidade de soldado raso (para evitar ser desmascarado). Nesse ínterim, sua primeira esposa adquiriu gonorréia de seu marido (fruto das folgas dos treinamentos militares) e se suicida, por pensar ser um castigo de Deus para ela, por estar em pecado. Cyrus se casa novamente e, sua nova esposa dá a luz ao filho Charles. Charles mais forte e agressivo, de gênio explosivo é o oposto de Adam. Cyrus tem predileção por Adam e Charles procura conquistar a preferência de seu pai, porém, não consegue e espanca seu irmão. O pai alista Adam contra sua vontade no Exército, porque vê no serviço militar uma oportunidade para o filho. Cyrus estuda muito e passa a escrever artigos de opinião sobre posturas que o Exército deveria adotar para bem cumprir seu papel. A repercussão de seus artigos chega à Washington e ele é chamado para conversar na Casa Branca e recebe um cargo na capital estadunidense. Cyrus é uma farsa, mas, engana as autoridades de Washington, morre e é enterrado com honras e deixa uma fortuna (de origem suspeita) para os filhos como herança.
Adam, no Exército esteve nas campanhas de ataque aos indígenas, e receava voltar para casa, pois, tinha medo de seu irmão e sua madrasta havia morrido. Viajou pelo país, foi preso por vagabundagem, até o dia em que fugiu da cadeia e retornou. Com seu irmão discutia sobre a licitude ou não com que o pai conseguiu aquela fortuna e o que fazer com ela bem como sobre as mentiras a respeito do heroísmo de seu pai. Até que Cathy (a personificação do mal) toda machucada aparece na vida dos irmãos procurando socorro. Charles logo percebe que ela não é boa pessoa, porém, Adam se apaixona e se casa com ela, indo contra o conselho do irmão. O casal se muda para Salinas, Cathy descobre estar grávida e Adam compra uma fazenda. Na região vive Samuel Hamilton (avô de John Steinbeck), um homem de gênio inventivo, sábio, porém sem nenhum dom para ganhar dinheiro. Samuel faz o parto de Cathy que dá à luz aos gêmeos Aron e Caleb. Aron é belo como Cathy e bom como Adam, Cal tem o gênio difícil de Cathy e também do tio Charles. Cathy abandona Adam e vai viver como a prostituta Kate em Salinas, e herda o bordel, após a morte “suspeita” da proprietária. Os filhos crescem sob os cuidados de Lee, um sino-americano culto. Na época, muitos chineses trabalhavam como empregados de famílias ricas. Adam deixa a fazenda sem cuidados, e, sequer dá atenção aos filhos, ensimesmado, não consegue superar a desilusão amorosa. Aron que lembra Cathy é o favorito de Adam, Cal se ressente disso e passa a disputar o amor do pai. Os filhos crescem pensando que a mãe está morta, porém, descobrem não ser verdade e passam a procurá-la. Há interessantes diálogos filosóficos entre Lee, Samuel Hamilton e Adam em alguns trechos da obra. Nesta, Steinbeck faz uma breve biografia de seu avô e se coloca como personagem em um pequeno trecho na companhia de sua irmã Mary. O autor demonstrou amar a região de Salinas, e na cidade há até um museu em sua homenagem.

Sugestão de boa leitura:

Título: A leste do Éden.
Autor: John Steinbeck.
Editora: Editora Record, 20157, 644 p.
Preço: R$10,00 a 35,00 (usado) - R$ 74,61 (e-book).
P.S. O livro encontra-se esgotado nas editoras.
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domingo, 21 de junho de 2020

Nós



               
       O russo Ievguêni Zamiátin (1884-1937) celebrizou-se pelo livro “Nós”. Engenheiro Naval de formação e atuação tinha o hábito de escrever ficção como passatempo. Apoiou o levante bolchevique de 1905 contra o governo czarista sendo preso em 1911 e anistiado em 1913. Também cerrou fileiras na Revolução de Outubro, porém, apesar de fiel à Revolução, tornou-se crítico da censura imposta pelo governo bolchevista. Ergueu o tom de sua escrita, tornando-a cada vez mais crítica ao governo, tendo por isso, suas obras proibidas. Diante de tal situação, em 1931, escreveu a Stalin solicitando a autorização do líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) para sair do país, permissão esta, que lhe foi dada com o auxilio do famoso escritor Máximo Gorki. Instalou-se em Paris, onde continuou a desenvolver sua literatura, porém, morreu em 1937 vitimado por um infarto, quando contava 53 anos e, se encontrava em estado de pobreza. A obra, objeto dessa resenha, somente foi publicada na URSS no ano de 1988, após as reformas liberalizantes de Mikhail Gorbatchev.
            A obra “Nós” é uma distopia escrita entre os anos 1920/21 e, foi fonte inspiradora dos autores de obras clássicas do gênero como “1984” de George Orwell, “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley e “Fahrenheit 451” de Ray Bradbury. Nestas obras citadas é possível observar elementos inspirados no livro de Ievguêni Zamiátin. A trama de “Nós” narra uma sociedade totalitária liderada pelo “Bem-Feitor” que age de forma ditatorial, inclusive matando pessoalmente seus opositores, apesar disso, sempre é reeleito pelo povo (está em seu 48º mandato), que se considera feliz ao viver numa sociedade igualitária, porém, extremamente controlada e vigiada. O governo do Bem-Feitor criou uma tabela de horas concernentes às atividades que devem ser cumpridas à risca pelos cidadãos. Nessa tabela de horas, o Estado Único reserva duas horas pessoais diárias, nas quais as pessoas podem fechar suas cortinas (por lei, as paredes das residências são de vidro transparente) para ter um pouco de privacidade e, assim se dedicar a qualquer atividade que lhe aprazer. Nessa sociedade futurística do século XXIX, o amor e o casamento foram banidos. Qualquer pessoa pode ter relações sexuais com qualquer outra, basta preencher um formulário e encaminhar ao Estado Único, que organizará a comunicação e o encontro entre os pretendentes no horário pessoal mais próximo. Após a realização do encontro íntimo, basta aos dois assinar o canhoto que fica com cada um deles para comprovação perante o Estado Único, pois, um deles teve que se ausentar de sua residência para ir até a do outro.
            Os integrantes dessa sociedade são refratários à arte (originalidade) e à beleza porque ferem o princípio da igualdade. As pessoas vestem roupas iguais e o próprio narrador da história “D-503” anseia pelo dia em que o Estado Único consiga eliminar as diferenças físicas entre as pessoas, para que enfim a sociedade seja homogênea de fato. As pessoas, devido à lavagem cerebral realizada pelo Estado Único, pensam de igual forma e consideram que demonstrar mais cultura ou inteligência é algo repugnante. Não há mais famílias, quando grávidas, as mulheres são acompanhadas pelo Estado Único e, após o parto a criança é encaminhada para as instituições responsáveis pela sua criação. Não saberão quem são seus pais e não terão nomes, pois, a elas será dada uma identificação como a do narrador da obra. D-503 conhece I-330 em sua hora pessoal, após ter se inscrito para com ela ter relações sexuais. I-330 é uma mulher consciente da situação de opressão em que vivem, porém, para não chamar a atenção dos “Guardiões” da Revolução, procura cumprir parcialmente suas atividades impostas pelo governo do Bem-Feitor. D-503 se apaixona (algo proibido) por I-330 e passa a ser por ela influenciado. Começa a pensar no “mundo primitivo”, aquele que fica além dos “muros” que delimitam a sociedade isolada do resto do mundo. Começar a refletir sobre o estado de coisas em que vive o preocupa e consulta um médico. Este lhe diz que está desenvolvendo alma, algo perigoso para sua saúde e para a sociedade.



A obra não é tão conhecida como o trio de distopias clássicas que inspirou, mas, é igualmente excelente e, como sabemos é sempre bom beber na fonte para entender o que veio depois, e, no caso das distopias, para compreender o risco que corremos, ou quando elementos distópicos se realizam, para entender que era previsível, tanto que o autor se antecipou! 

Sugestão de boa leitura:
Título: Nós.
Autor: Ievguêni Zamiátin.
Editora: Editora Aleph, 2017, 344 p.
Preço: R$55,92.

sábado, 13 de junho de 2020

O bem-amado




                Alfredo de Freitas Dias Gomes (1922-1999) foi romancista, contista e teatrólogo, nasceu em Salvador (BA) e faleceu em São Paulo. Dias Gomes sempre demonstrou talento para escrever peças de teatro, sendo que com apenas quinze anos escreveu sua primeira peça. Em 1939, ganhou o 1º lugar no Concurso do Serviço Nacional de Teatro com a peça “Comédia dos moralistas”. Em 1943, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Estado do Rio de Janeiro, porém abandonou o curso no 3º ano. Em 1950, casou-se com Janete Emmer (mais tarde conhecida como Janete Clair, famosa escritora de novelas da Rede Globo) com quem teve cinco filhos. Em 1983 ficou viúvo, e mais tarde casou-se com Maria Bernadete com quem teve mais duas filhas. Dentre as peças que escreveu, “O pagador de promessas” foi traduzido para mais de uma dúzia de idiomas, dando ao autor projeção internacional. A peça foi encenada em todo o mundo. A adaptação da peça para o cinema lhe rendeu (dentre vários outros prêmios), a Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1962. Ao fazer uma visita à União Soviética em 1953, Dias Gomes foi demitido da Rádio Clube e seu nome foi incluído na “lista negra”. Seus textos tinham que ser negociados com a TV Tupi em nome de colegas. O autor teve várias de suas obras censuradas pela ditadura militar (1964-1985). Em 1964, foi demitido da Rádio Nacional por conta do conteúdo de sua obra. A partir de então, participou de manifestações contra a censura e em defesa da liberdade de expressão. Em 1980, com a decretação da Lei da Anistia, foi reintegrado ao quadro da Rádio Nacional e, sua peça Roque Santeiro, após dez anos de proibição pela censura, foi liberada e adaptada para a televisão pela Rede Globo e, exibida com grande sucesso junto ao público. Dias Gomes é ainda hoje, um dos autores brasileiros mais premiados por sua atuação no rádio e por sua obra no teatro, cinema e televisão. Em 11 de abril de 1991, Dias Gomes foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. ¹
            “O bem-amado” é uma obra cômica, porém, com forte crítica social. A trama caricaturiza os políticos demagogos e possui uma relação profunda com a América Latina, pois, a história desta é rica em políticos caudilhos ou coronéis (como são conhecidos no Brasil) cuja característica é a demagogia, o populismo oportunista e o autoritarismo. A obra foi adaptada para novelas, minisséries e cinema. Em alguns países da América Latina, foi gravada como novela, tendo os nomes das personagens adaptados para a realidade local. Na trama, Odorico faz discursos empolados (nos quais inventa palavras) para impressionar as pessoas por sua “elevada cultura" e faz da construção de um cemitério na cidade (cujos mortos são enterrados numa cidade vizinha), a principal plataforma de campanha à prefeitura da fictícia Sucupira. Eleito, a gestão de Odorico começa a ser questionada, o povo começa a ver que as coisas não estão indo bem. Odorico resolve mudar isso construindo um belíssimo e dispendioso cemitério, porém, o município não tem recursos para tal e, ele resolve desviar recursos da educação e de outras pastas para realizar a obra. Ocorre que quando a obra fica pronta, ninguém mais morre na cidade. Ninguém fica doente, não ocorrem mais assassinatos, etc. Odorico quer inaugurar sua grande obra, porém, o fim de seu mandato está se aproximando.
O prefeito passa a “importar” doentes, mas, ao viver em Sucupira eles se recuperam. Contrata então Zeca Diabo (um assassino impiedoso) como delegado e, passa a alimentar intrigas na sociedade à espera de alguma morte. O jornalista Neco Pedreira (crítico da gestão de Odorico) é por este considerado um “comunista” e, em artigo no jornal critica a escolha de um bandido como delegado. Odorico estimula o delegado a dar ao jornalista o que ele merece, porém, o esperto jornalista manobra e ao prometer fazer uma reportagem de página inteira contando a história de vida de Zeca Diabo, este desiste da empreitada. Odorico lamenta ao saber do impiedoso assassino Zeca Diabo que ele agora está convertido e espera o perdão de Padre Cícero. Na trama há ainda as irmãs Cajazeiras, religiosas e moralistas, mas sob cujos véus se escondem personalidades nada pudicas. As Cajazeiras idolatram Odorico, como político e homem. A obra é hilariante, pode ser lida em um dia, e além das risadas traça um perfil de nossa sociedade ao retratar o político médio brasileiro, os “moralistas sem moral” e o “jeitinho brasileiro” que tratado como algo positivo nestas terras é mal-visto perante o mundo. É importante que o leitor saiba que este livro é a peça original para teatro, as adaptações para novelas e cinema foram enriquecidas com mais personagens e histórias pelo próprio autor.

1. Fonte: Disponível em:  http://www.academia.org.br/academicos/dias-gomes/biografia - acesso em 11 de junho de 2020.

Sugestão de boa leitura:
Título: O bem-amado.
Autor: Dias Gomes.
Editora: Bertrand Brasil, 2020, 126 p.
Preço: R$ 26,35.


sábado, 6 de junho de 2020

Fahrenheit 451




            Fahrenheit 451 é uma obra literária do gênero distopia, ou seja, uma antiutopia. As distopias geralmente se referem a sociedades em que as pessoas vivem em condições de extrema opressão, desespero ou privação. O livro mundialmente reconhecido costuma ser citado como parte de uma tríade de grandes obras distópicas junto a “1984” (George Orwell) e “Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley). O estadunidense Ray Douglas Bradbury (1920-2012), autor da obra em questão, foi escritor, romancista e contista e teve várias de suas obras adaptadas para o cinema, televisão e, até para os quadrinhos. A obra mais famosa de Ray é sem dúvida, Fahrenheit 451 publicado originalmente em 1953 e, que no ano de 1966 ganhou a telona com filme de título homônimo dirigido por François Truffaut.
            A trama se passa em algum momento futuro nos Estados Unidos da América, sendo a personagem principal da obra, o bombeiro Guy Montag, que não tem amigos, apenas colegas de trabalho, mas, que não é exceção, pois, as pessoas não interagem com as outras. A sociedade em que vive considera inconveniente o ato de conversar qualquer coisa além do absolutamente essencial com outras pessoas.  Após o trabalho, as pessoas assistem a programas interativos de TV (tais como os realities shows), e recebem roteiros em casa pelos correios, orientando-as para o papel que irão desempenhar no próximo episódio. Tanto as músicas como os programas televisivos que assistem são alienantes. As pessoas levam vidas vazias. Não lêem livros, pois, reclamavam que eram muito longos, passaram a ler verbetes sobre eles ou a assistir peças de teatro ou TV, devidamente enxutos. A escola também teve seu tempo de duração muito reduzido e o currículo de conteúdos foi drasticamente enxugado. A sociedade de Montag é grande consumidora de pílulas calmantes, sendo que muitos precisam de atendimento médico pela ingestão exagerada, não raro indo a óbito.
Os livros são proibidos e o leitor é levado a pensar que um fascista tomou o poder e instalou a opressão. Mas, ao longo da obra, vê que partiu do povo o desejo de eliminar os livros, pois, estes traziam sentimentos incômodos que roubavam a paz de espírito e, não raras vezes diziam coisas que contrariavam as opiniões das pessoas, tirando-lhes a alegria. O título da obra refere-se à escala Fahrenheit, sendo 451º F, a temperatura em que o papel dos livros pega fogo. Como as casas são construídas com materiais que não se incendeiam, o corpo de bombeiro tem um novo papel, o de averiguar a existência de livros nas residências, apreendê-los e queimá-los. O leitor, então se lembra dos fascistas que promoveram fogueiras públicas com livros considerados subversivos. A respeito de um desses acontecimentos em 1933, na Alemanha nazista, Sigmund Freud, o pai da psicanálise disse: “Que progressos estamos fazendo. Na Idade Média, teriam queimado a mim; hoje em dia, eles se contentam em queimar meus livros”.
Montag nunca leu um livro e dedica sua vida a queimá-los, porém, conhece uma “estranha” jovem que, inconvenientemente puxa conversas com ele, sempre que se aproxima de casa, vindo do trabalho. A jovem é considerada problemática, pois, gosta de conversar, de contar histórias e de observar a natureza. Montag atende a um chamado dos bombeiros para ir a uma casa em que se suspeita existam livros. Lá encontram uma biblioteca inteira, o chefe decide que com tantos livros, é melhor incendiá-los ali mesmo, e a proprietária, já senhora, resiste e prefere morrer queimada no meio dos livros. Ver a senhora morrendo no fogo, não é nada demais na sociedade de Montag, mas, a imagem o afeta e ele passa a esconder alguns livros para ver o que há de tão ruim neles, mas, não é capaz de compreendê-los. Secretamente, busca a ajuda de um professor que, após as salvaguardas necessárias, lhe mostra o caminho para encontrar pessoas da resistência, as quais clandestinamente protegem os livros e se torna um deles. Se você encontrou indícios da sociedade de Montag em nossos tempos, saiba que, infelizmente as distopias se realizam mais facilmente do que as utopias, pois, destruir é sempre mais fácil do que construir.

Sugestão de boa leitura:
Título: Fahrenheit 451.
Autor: Ray Bradbury.
Editora: Biblioteca Azul, 2012, 215 p.
Preço: R$29,90.