Na
política externa o país ocupou uma posição de destaque com uma postura mais
assertiva e independente em relação aos Estados Unidos da América e à Europa.
Lula liderou esforços na construção do G20 e do BRICS, sendo que também
priorizou as relações econômicas com o MERCOSUL e no âmbito Sul-Sul. Em seu
governo houve crises políticas e denúncias de corrupção como aquelas ventiladas
na AP 470, na qual houve a utilização da teoria do domínio do fato de forma
equivocada, fato denunciado até pelo seu autor, o jurista alemão Claus Roxin.
Diante disso, todos contavam Lula como carta fora do baralho e, ele conseguiu o
que muitos não acreditavam, se reelegeu e em seu segundo mandato fez sua melhor
gestão. Diante da crise de 2008, afirmou que ela era um Tsunami lá fora e que
no país chegaria como uma marolinha. De fato, por ter reduzido fortemente a
divida em dólares, inclusive quitando os débitos com o FMI, e por ter feito uma
grande reserva cambial, o país suportou bem a crise, a economia cresceu
bastante e, ele terminou o segundo mandato com aprovação recorde (80,5% de
ótimo/bom segundo a CNT/Sensus). Até um de seus opositores, o político mineiro
Aécio Neves (PSDB) afirmou em entrevista que não se comparava a Lula que em seu
ver era alguém fora do comum e que um dia seria objeto de estudos. De fato, o
então presidente Lula seduziu a brasileiros e estrangeiros, seu pouco estudo
não o impediu de desenvolver uma poderosa oratória que cativava desde
trabalhadores pobres a reis e rainhas. O presidente estadunidense Obama disse
certa vez: “Lula é o cara! O presidente mais popular da Terra! Adoro esse
cara”.
Quando a Operação Lava Jato foi deflagrada e passou a
aceitar delações premiadas sem comprovações materiais, e utilizando práticas
tidas como pouco ou nada ortodoxas, ficou evidente que a cereja do bolo era
enquadrar Lula. Diante de conduções coercitivas ilegais e grampos até da
Presidente da República (um crime gravíssimo) houve quem o aconselhasse a
deixar o país ou a pedir asilo numa embaixada. Lula se recusou. Contrariando a
Constituição Federal que dita que ninguém pode ser preso antes do trânsito em
julgado, Lula foi preso quando estava na liderança nas pesquisas de opinião
para a eleição de 2018. Na ocasião estava na sede do Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC, o qual se encontrava cercado por dez mil apoiadores dispostos a
defendê-lo contra a prisão, porém, resolveu se entregar, contrariando-os. Sua
prisão direta ou indiretamente entregou as chaves do Planalto ao segundo
colocado (Bolsonaro) deixando na população uma forte sensação de golpe,
sensação esta que se fez maior quando o juiz Moro aceitou o convite para ocupar
o cargo de Ministro da Justiça no governo de Bolsonaro, o principal beneficiado
com a retirada de Lula da disputa eleitoral.
Preso há mais de quinhentos dias, Lula que nunca deixou
de afirmar a ilegalidade e a arbitrariedade do processo que o condenou, afirmou
que não barganha sua absolvição, não quer a progressão para o regime
semi-aberto e que deseja sair apenas quando o processo for anulado, sua
inocência reconhecida e que ao sair seus acusadores adentrem a prisão pelos
atos arbitrários praticados. Lula nunca esteve sozinho, pois, nas imediações da
Polícia Federal foi montado o acampamento Lula Livre, e, todos os dias, faça
sol ou chuva, o ex-presidente recebe saudações de seus simpatizantes, os quais
afirmam que somente sairão do local quando Lula for libertado. Na prisão, o
ex-presidente recebeu inúmeras visitas de grandes personalidades nacionais e
estrangeiras. Recentemente Lula ganhou mais um prêmio, foi agraciado com o
título de Cidadão de Honra de Paris, título concedido a dezessete pessoas entre
elas Nelson Mandela. Lula ganhou esse título por sua luta pela democracia,
contra a miséria e, principalmente por ser considerado um preso político. Em
grande parte dos países desenvolvidos há a convicção de que Lula não teve
direito a um julgamento imparcial e que sua defesa foi cerceada. O
ex-presidente é um dos brasileiros com mais honrarias acumuladas dentre eles
trinta e cinco títulos Honoris Causa. Atualmente concorre ao premio Jabuti por
seu livro “A verdade vencerá” e chegou a ser indicado ao prêmio Nobel da Paz.
Lula que já chorou muitas perdas, dentre elas as das esposas Maria de Lourdes
da Silva (1969-1971) e Marisa Letícia Lula da Silva (1974-2017), e outros entes
queridos como o seu irmão Vavá e o neto Arthur de apenas sete anos (na prisão),
somente não perde a esperança. Parafraseando Euclides da Cunha, Lula é antes de
tudo um forte!
Referências:
A
outra história do mensalão. Geração Editorial (2013) - Paulo Moreira Leite.
A
outra história da Lava-Jato. Geração Editorial (2015) - Paulo Moreira Leite.
Lula:
o filho do Brasil. Editora Fundação Perseu Abramo (2004) - Denise Paraná.
Viagens
com o presidente: dois repórteres no encalço de lula do Planalto ao exterior.
Editora Record (2006) – Eduardo Scolese e Leonencio Nossa.
Wikipédia.
Luiz Inácio Lula da Silva. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva
– acesso em 06 de outubro de 2019.
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