Na
condição de parlamentar, Lula percebeu que as mudanças que a classe
trabalhadora precisava somente viriam quando esta chegasse ao Planalto.
Candidatou-se em 1989 e foi derrotado por Fernando Collor numa das eleições
mais sujas da história. Collor foi apoiado pela grande mídia capitaneada pela
Rede Globo. E o império midiático não hesitou em utilizar de todas as
artimanhas possíveis, mesmo as mais grotescas com vistas a derrotá-lo e eleger
o seu candidato. A chantagem da elite capitalista ameaçando fechar empresas e
retirar o capital do país também teve grande importância. Mas a estratégia mais
sórdida sempre foi causar medo na população menos culta da sociedade, lançando
o que hoje chamamos de “fake news” de que as pessoas teriam que dividir seus
bens com os que nada possuem. A Globo editou o último debate entre os
contendores, levando ao ar os melhores momentos de Collor e os piores de Lula.
Como se não bastasse, o programa eleitoral de Collor levou uma fake news ao ar
na sua última edição e este contando com a participação de sua ex-namorada (com
quem teve a filha Luriam) que afirmava que Lula queria que ela fizesse aborto.
Lula somente conseguiu desmentir essa versão após a eleição, porém, o estrago
já estava feito. Após a derrota, Lula foi chamado a dar palestra na França, sendo
que recebeu passagem de primeira classe para a viagem. No avião, a aeromoça lhe
ofereceu o cardápio e, dentre as opções, ele pediu caviar. A aeromoça, então
disse: Seu Lula, se o povo brasileiro visse o senhor pedindo caviar, queria ver
como o senhor iria explicar..., Lula irritado, interrompeu e disse: escuta aqui
aeromoça, tem virado de feijão? E ela respondeu que não, e Lula disse: então
traga o caviar e pára de encher o saco!
Nas
eleições de 1994 e 1998 Lula perdeu a eleição para FHC que se auto-intitulou de
forma farsesca como o pai do Plano Real e como a única garantia de sua
manutenção. Como a Constituição Federal não permitia a reeleição, FHC conseguiu
aprovar em benefício próprio uma emenda constitucional para permitir sua
candidatura à reeleição em 1998. Houve denúncias, inclusive com fartas provas
da compra de votos de parlamentares, mas, com a maioria no Congresso ficou por
isso mesmo, o Judiciário também não se moveu em direção ao que dele sempre se
espera e nem sempre se logra conseguir. O povo exausto da hiperinflação herdada
do regime militar e dos fracassos anteriores em domá-la sentiu-se refém do medo
e concedeu a FHC outra vitória. Após três derrotas consecutivas, não faltavam
pessoas a aconselhar Lula a candidatar-se a outro cargo. E a estes respondia
que somente se candidataria a presidente. E em 2002, após redigir a Carta ao
Povo Brasileiro, Lula se elegeu no dia do seu aniversário de 57 anos
(27/10/2002). Não sem muitas demonstrações de ódio e preconceito quanto a sua
origem humilde por parte da grande mídia e de parcela da classe média, porém,
sua posse foi em tom festivo e com grande participação popular como jamais
visto no país. Sua eleição se deveu em grande parte à péssima gestão de FHC em
seu segundo mandato que começou com a maxidesvalorização do real, o baixo
crescimento econômico, a submissão ao FMI e culminou com o apagão energético de
2001, pois, no afã de tudo privatizar, seu governo não fez o dever de casa
planejando o aumento da oferta de energia com novas unidades geradoras. O pífio
segundo mandato de FHC levou o povo a desejar mudança e Lula representava essa
mudança. Tendo sido muito criticado por sua aliança com partidos e políticos
conservadores durante seu governo afirmou: “se Jesus viesse para cá, e Judas
tivesse votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer
coalizão”. No seu discurso de diplomação fortemente emocionado disse: “E eu,
que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o
meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República de meu país”.
Seu governo obteve sucesso na área econômica, porém, foi
criticado pelo excessivo conservadorismo, houve quem o considerasse um traidor
da classe trabalhadora ao não romper com o sistema neoliberal que, sabemos tem
no sistema financeiro sua ponta de lança, embora em sua “Carta ao Povo
Brasileiro” já deixasse evidente que não romperia. Sua política econômica ficou
conhecida como “ganha-ganha”, pois acreditava que todos poderiam ganhar juntos.
Sua ingenuidade se demonstrou ao acreditar nessa utópica conciliação de classes,
pois, ignorou a mentalidade escravocrata de nossas elites, segundo a qual
ganhar dinheiro é importante, porém, manter a separação entre a Casa Grande e a
Senzala é ainda mais. Mesmo assim, na área social criou importantes programas
como o Fome Zero e o Bolsa Família (que retiraram o Brasil do Mapa da Fome da
ONU) sendo que este último nada tem a ver com os programas sociais de FHC no
que concerne ao montante de recursos e de famílias beneficiadas.
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