O escritor, romancista, ensaísta, contista e
crítico social Paul Thomas Mann nasceu a seis de junho de 1875 na cidade de
Lübeck, no então Império Alemão e, faleceu em Zurique, na Suíça, a doze de
agosto de 1955, aos 80 anos. Mann era filho do político e comerciante Johann
Heinrich Mann (1843-1892) e, de sua esposa a brasileira Julia da Silva Bruhns
(1851-1923). Thomas é o irmão mais novo do também famoso romancista Heinrich
Mann. O pai que se encontrava a frente de um negócio de várias gerações tentou
influenciá-lo a seguir nele, porém, a mãe brasileira levou a melhor, fazendo-o
se interessar pela literatura. Com a morte do pai quando Mann contava dezessete
anos, a família abandonou as atividades empresariais. Em 1900, Thomas publicou
“Os Buddenbrook” que o tornou famoso e, que mais tarde lhe rendeu o prêmio
Nobel de Literatura. Em 1905, Mann casou-se com Katia Pringsheim, filha de uma
proeminente e secular família judia de intelectuais. Dessa união nasceram seis
filhos: o escritor Klaus, a atriz Erika, o historiador Golo Mann, a ensaísta
Monika Mann, o violinista e literato Michael Mann e a cientista Elisabeth Mann.
(Fonte: Wikipédia)
Thomas Mann é famoso por seus calhamaços (livros
grossos), no entanto, entre a publicação de seus tradicionais calhamaços, o escritor
publicava obras mais leves que podem ser classificadas como novelas (no que
tange ao tamanho, entre os contos e os romances). Este é o caso da obra: “As
cabeças trocadas: uma lenda indiana” que constitui um bom livro para se iniciar
na leitura deste importante autor. Na obra, Mann aborda uma lenda indiana
acerca de um triângulo amoroso envolvendo dois amigos de infância, Shridaman,
descendente de uma estirpe de Brâmanes, e Nanda, um ferreiro e pastor de gado.
Os amigos tinham características díspares. Shridaman era espiritualizado e
erudito e, considerava a mente superior ao corpo, logo, possuía um corpo pouco
desenvolvido. Nanda, por sua vez, trabalhava em serviços pesados, portanto,
tinha uma musculatura bem desenvolvida. Em uma viagem de cunho comercial, os
amigos param descansar e aproveitam para fazer o banho de purificação em um
local tradicionalmente utilizado para este fim. Acabam por ver uma bela jovem
nua realizando seu banho de purificação. Shridaman alerta a Nanda que não
deveriam espiar, pois, não é correto. Nanda discorda e, ambos continuam a
observá-la sem que esta perceba. Nanda identifica a moça, chama-se Sita, e conhece
o lugar onde ela mora com sua família. No retorno da viagem, Shridaman falando
até em suicídio, confessa ao amigo que não consegue ver sentido na vida se não
tiver a jovem como sua esposa. Nanda após tirar sarro do amigo apaixonado, resolve
ajudá-lo, conversa com o pai de Shridaman e juntos vão tratar com o pai de
Sita. Tudo resolvido, Sita se casa com Shridaman e Nanda se mantém próximo do
casal e, seu corpo perfeito torna-se alvo dos olhares de Sita.
Quando
o jovem casal resolve visitar os pais de Sita (que se encontra grávida e ainda
mais bonita), Nanda se oferece para ir junto para conduzir a carroça puxada por
um camelo e um boi da raça zebu. Ao encontrarem um templo dedicado a deusa
Kali, Shridaman solicita-lhes que o esperem na carroça a fim de que faça uma
oração. A demora de seu retorno causa estranheza e Nanda pergunta se Sita ficará
bem sozinha para que ele vá ao encontro de Shridaman saber o motivo da demora.
Ela concorda e, quando Nanda chega ao interior do templo vê uma imagem
aterradora, a cabeça de Shridaman separada do corpo e, em sua mão uma espada,
com o sangue escorrendo para o altar dos sacrifícios à deusa. Nanda constata
que pensariam ter sido ele quem deu cabo de Shridaman e, lembra-se de uma
promessa feita por ambos, em que um não sobreviveria ao outro. Pega a espada e,
tal como Shridaman, separa a própria cabeça do corpo. Com a demora, Sita vai ao
local e, entra em desespero ao ver a cena, imagina que os dois amigos se
mataram por causa dela, no que é repreendida pela deusa Kali, que lhe explica
que os rapazes se imolaram em sacrifício a esta, e que ela também não iria
aceitar o sacrifício e, solicita que Sita recoloque com muito cuidado, a cabeça
de cada um junto ao respectivo corpo observando sua exata posição, para que ela
possa devolvê-los a vida. No entanto, Sita troca as cabeças, de forma que a
cabeça de Shridaman seu esposo, fica com o corpo vigoroso de Nanda e, o corpo
pouco desenvolvido de Shridaman fica unido à cabeça de Nanda, cuja mente sempre
foi pouco exercitada. A partir deste momento, a discussão é sobre o que
predomina: a mente sobre o corpo ou, o corpo sobre a mente. Quem é o marido de
Sita? A cabeça de Shridaman, cujo corpo (de Nanda) ela ainda não conhece? Ou o
corpo de Shridaman que está com a cabeça de Nanda? Quem é o pai do filho de
Sita? A mente ou o corpo? Com quem Sita deve ficar? Com a cabeça de Shridaman
(culto) que se encontra com o musculoso corpo de Nanda? Ou com o corpo mirrado
de Shridaman que se encontra com a cabeça de Nanda (mentalidade simplória)?
Como resolver a questão? Encerro aqui para não estragar-lhe o prazer da leitura
e da descoberta.
Sugestão
de Boa Leitura:
Título: As cabeças trocadas:
uma lenda indiana.
Autor: Thomas Mann.
Editora: Companhia das Letras, 2017, 118 p.
Preço: R$ 35,70.
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