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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O homem que amava os cachorros




O escritor cubano Leonardo Padura (1955) lançou em 2009 o romance “O homem que amava os cachorros”. Ao propor a obra, teve diante de si o desafio de alcançar um público acerca de uma trama cujo desenlace é de todos conhecido, de forma que neste artigo, não preciso me preocupar demasiadamente em evitar spoilers, mesmo assim, terei o cuidado de não ser detalhista demais, visando com isso não estragar o prazer da leitura, caso o leitor resolva ler a obra em questão. É importante que se diga que embora o livro de Padura não tenha a intenção de ser rigorosamente um documento histórico, conquanto esteja baseado em fatos reais, trata-se de um romance sobre um dentre outros fatos que certamente mudaram a história do século XX. A obra de Padura trata do assassinato do intelectual marxista e revolucionário bolchevique Leon Trotski em Coyoacán (México) na data de 21 de agosto de 1940.
          Leon Trotski, nascido Liev Davidovich Bronstein a sete de novembro de 1879 foi o organizador do Exército Vermelho e um dos líderes da Revolução de Outubro de 1917. Coube a Trotski a organização do Exército Vermelho no qual foi figura central na vitória bolchevique na Guerra Civil Russa (1918-1922) em que as tropas daquele país derrotaram a oposição czarista que inclusive foi auxiliada por potências estrangeiras interventoras. Trotski era muito próximo ao líder da Revolução Bolchevique Vladimir Ilich Ulianov (Lênin), porém, havia entre eles várias discordâncias teóricas e, mesmo práticas quanto aos rumos a serem dados ao país, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que então surgia em 1922. Mesmo assim, sabendo da iminência de sua morte, em 1924, Lênin deixou uma carta em mãos de sua viúva Nadezda Krupskaja (1869-1939), na qual alertava os companheiros do PCUS acerca dos riscos que Joseph Stálin poderia representar aos rumos da revolução socialista e, indicava o nome de Leon Trotski como sugestão para a sua sucessão como Secretário Geral do PCUS, o qual, dizia ele: “apesar de seus defeitos, não comprometeria a revolução”. Porém, Stalin conseguiu o apoio da maioria do PCUS e, não demorou muito a afastar Trotski do partido e, dessa forma, dos cargos de direção, acabando por confiná-lo na distante e fria Alma-Ata (atual Altana, no Cazaquistão) de onde foi expulso da URSS vindo a se exilar na Turquia, depois na França e na Noruega e, por fim, no México. Mesmo no exílio jamais deixou de fazer oposição à Stálin a quem chamava de “o coveiro da revolução”, e, também jamais teve paz. Nos países onde se instalava, até por uma campanha difamatória promovida e que tinha como origem Moscou que levava militantes socialistas da corrente stalinista a considerarem-no um traidor da revolução socialista e da URSS. Também militantes anticomunistas pressionavam as autoridades para que Trotski fosse expulso dos poucos países que aceitavam lhe receber em exílio.
            O livro de Padura conta em capítulos alternados a história (romanceada), porém, com grande coerência de Iván Cárdenas Maturell, um escritor frustrado que trabalhava como auxiliar de veterinário, nos difíceis anos de crise econômica em Cuba, que se sucederam a desintegração da URSS, cujo peso se somava ao embargo econômico estadunidense até hoje vigente. A obra narra os encontros de Iván com Jaime Lopez que levava seus cães borzois numa praia cubana para se exercitarem. Nestes diálogos em que tal homem que se apresentou como amigo do assassino de Trotski, o espanhol Ramon Mercader Del Rio Hernández (1913-1978) que lutou na Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e a forma como se deu o planejamento por outros, do assassinato levado a cabo por este. Vários capítulos tratam da vida de Trotski, especialmente nos países que lhe concederam exílio e outros narram os tortos caminhos que levaram Ramon Mercader a eliminar a existência física de um intelectual que se tivesse sucedido Stálin, certamente não teria cometido muitos de seus erros grotescos, mas, aí tudo fica no campo da especulação e, ao ler o livro, apesar da torcida, não há como haver final diferente daquele que é de todos conhecido: a morte de Trotski com um golpe de picareta de alpinista no crânio. Após perder de forma suspeita (para dizer o mínimo) quase todos os seus amigos e parentes próximos, Liev Davidovich Bronstein, sobrevivente de outros atentados, perdia a vida, mas, sua retirada do plano físico jamais foi acompanhada da sua retirada da história e, da mente de seus seguidores. Sua obra é o legado para os que ousam sonhar uma sociedade com justiça social. Também é impossível não notar o importante papel desempenhado por Natalia Sedova (1882-1962), verdadeiro sustentáculo de Trotski. Aliás, grandes vultos históricos masculinos costumam via de regra ter a companhia e o apoio de grandes mulheres.

Sugestão de boa leitura:

Título: O homem que amava os cachorros.

Autor: Leonardo Padura.

Editora: Boitempo, 2ª ed., São Paulo, 2019, 590 p.

Preço: R$ 48,24 (capa comum) – R$ 59,96 (capa dura).

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Quem manipula quem?




             
A releitura de um livro permite um reexame com novas constatações e a elaboração de novas indagações ante o objeto de análise, pois, com o passar do tempo, nosso arcabouço teórico nos coloca em novo patamar de conhecimentos, e, leituras consideradas complexas se tornam mais acessíveis. Pensando assim, retomei o livro “Quem manipula quem?” de Ciro Marcondes Filho. O livro em questão foi publicado em primeira edição em 1986 e adquirido por mim em 1991, já na quarta edição. Na obra, Ciro argumenta que há no país uma grande oposição à invasão cultural estadunidense, a qual estaria prejudicando a cultura nacional e que seus críticos parecem ver na cultura dos EUA a figura de um estuprador que violenta a cultura popular brasileira tida como uma jovem e inocente donzela. Afirma que os críticos cometem um grave erro ao supor ser a cultura estadunidense algoz da cultura nacional, quando, na verdade é a cultura capitalista a causadora de grandes impactos no imaginário da sociedade. Também afirma que a cultura recebe contribuições de elementos culturais de outros países e que mesmo nossa cultura não é a perfeição para ser de todo preservada, pois, contém traços de machismo, preconceito étnico e socioeconômico, etc. 
         O modo capitalista de pensar se impõe na sociedade e gera o individualismo, o narcisismo, e principalmente, o consumismo. No capitalismo, tudo se transforma em mercadoria pronta para ser consumida, não é diferente com as pessoas, que vendem sua mão-de-obra nas máquinas de moer seres humanos que conhecemos por empresas capitalistas, ou mesmo seu corpo, seja para o desfrute do olhar nas revistas masculinas ou para o prazer do cliente. Dessa forma, os meios de comunicação privados somente sobrevivem pela busca incessante do lucro e isso remete ao título da obra em que o autor argumenta que os críticos costumam atribuir grande poder de manipulação aos meios de comunicação (TV, rádio, jornais e revistas) e consideram os receptores de tais artigos e programas como ingênuos e indefesos, visão em seu ver, equivocada.
            O autor argumenta que os meios de comunicação, especialmente a TV precisa de audiência sendo esta a moeda com que o telespectador paga pelos seus programas e que o índice de audiência possibilitará à emissora de TV estabelecer o preço pelos anúncios publicitários que renderão recursos financeiros que custearão as despesas e possibilitarão o lucro que toda empresa capitalista busca. Ciro afirma que o público somente pagará com a moeda audiência se a programação estiver de acordo com os anseios deste, do contrário, mudará de canal até encontrar a programação que lhe agrade. Sob este prisma, penso que a qualidade de parte da programação da TV aberta brasileira, a qual é bastante discutível e constitui verdadeiro lixo televisivo, e mesmo assim, ao obter grande audiência leva a crer que seus receptores estão sendo supridos do que desejam, talvez devido ao seu baixo nível cultural. Portanto, sexo, palavrões, violência, piadas preconceituosas, etc. geram audiência porque inúmeros telespectadores se veem ali, o efeito danoso fica por conta do fato de que ocorre a naturalização da estupidez, pois, ao ver cenas de pessoas rudes, egocêntricas e desonestas, os espectadores que correspondem a esse perfil, tomam como normal essa forma de ser e assim agem.      
            A relação entre o telespectador e o meio de comunicação é uma via de mão dupla, no entanto, penso que Ciro exagera ao supor que em geral as pessoas têm capacidade crítica para entender que nem tudo o que os programas de TV e rádio divulgam corresponde a uma visão de mundo e não a verdade em si. As pessoas de menor nível instrucional são as que mais utilizam unicamente a TV e o rádio para se informar e este segmento social costuma tomar como verdade notícias que foram tratadas nas redações e que alteram ou omitem a verdadeira informação. O autor também afirma que os meios de comunicação privados são uníssonos na defesa da liberdade de expressão e condenam veementemente a censura, mas, esquecem ou fazem questão de não reconhecer que guardam para si a prerrogativa de exercer a censura, ao não dar liberdade ideológica para seus jornalistas nas redações e ao não dar espaço para a defesa do contraditório por parte dos grupos políticos que defenestram. Uma análise aprofundada do livro resultaria muito longa, deixo então, a dica.

Sugestão de boa leitura:

Título: Quem manipula quem?

Autor: Ciro Marcondes Filho.

Editora Vozes, 1987, 162 p.

Preço: R$ 7,90 – R$ 22,80 (Estante Virtual).


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

As cabeças trocadas: uma lenda indiana



            O escritor, romancista, ensaísta, contista e crítico social Paul Thomas Mann nasceu a seis de junho de 1875 na cidade de Lübeck, no então Império Alemão e, faleceu em Zurique, na Suíça, a doze de agosto de 1955, aos 80 anos. Mann era filho do político e comerciante Johann Heinrich Mann (1843-1892) e, de sua esposa a brasileira Julia da Silva Bruhns (1851-1923). Thomas é o irmão mais novo do também famoso romancista Heinrich Mann. O pai que se encontrava a frente de um negócio de várias gerações tentou influenciá-lo a seguir nele, porém, a mãe brasileira levou a melhor, fazendo-o se interessar pela literatura. Com a morte do pai quando Mann contava dezessete anos, a família abandonou as atividades empresariais. Em 1900, Thomas publicou “Os Buddenbrook” que o tornou famoso e, que mais tarde lhe rendeu o prêmio Nobel de Literatura. Em 1905, Mann casou-se com Katia Pringsheim, filha de uma proeminente e secular família judia de intelectuais. Dessa união nasceram seis filhos: o escritor Klaus, a atriz Erika, o historiador Golo Mann, a ensaísta Monika Mann, o violinista e literato Michael Mann e a cientista Elisabeth Mann. (Fonte: Wikipédia)
            Thomas Mann é famoso por seus calhamaços (livros grossos), no entanto, entre a publicação de seus tradicionais calhamaços, o escritor publicava obras mais leves que podem ser classificadas como novelas (no que tange ao tamanho, entre os contos e os romances). Este é o caso da obra: “As cabeças trocadas: uma lenda indiana” que constitui um bom livro para se iniciar na leitura deste importante autor. Na obra, Mann aborda uma lenda indiana acerca de um triângulo amoroso envolvendo dois amigos de infância, Shridaman, descendente de uma estirpe de Brâmanes, e Nanda, um ferreiro e pastor de gado. Os amigos tinham características díspares. Shridaman era espiritualizado e erudito e, considerava a mente superior ao corpo, logo, possuía um corpo pouco desenvolvido. Nanda, por sua vez, trabalhava em serviços pesados, portanto, tinha uma musculatura bem desenvolvida. Em uma viagem de cunho comercial, os amigos param descansar e aproveitam para fazer o banho de purificação em um local tradicionalmente utilizado para este fim. Acabam por ver uma bela jovem nua realizando seu banho de purificação. Shridaman alerta a Nanda que não deveriam espiar, pois, não é correto. Nanda discorda e, ambos continuam a observá-la sem que esta perceba. Nanda identifica a moça, chama-se Sita, e conhece o lugar onde ela mora com sua família. No retorno da viagem, Shridaman falando até em suicídio, confessa ao amigo que não consegue ver sentido na vida se não tiver a jovem como sua esposa. Nanda após tirar sarro do amigo apaixonado, resolve ajudá-lo, conversa com o pai de Shridaman e juntos vão tratar com o pai de Sita. Tudo resolvido, Sita se casa com Shridaman e Nanda se mantém próximo do casal e, seu corpo perfeito torna-se alvo dos olhares de Sita.
Quando o jovem casal resolve visitar os pais de Sita (que se encontra grávida e ainda mais bonita), Nanda se oferece para ir junto para conduzir a carroça puxada por um camelo e um boi da raça zebu. Ao encontrarem um templo dedicado a deusa Kali, Shridaman solicita-lhes que o esperem na carroça a fim de que faça uma oração. A demora de seu retorno causa estranheza e Nanda pergunta se Sita ficará bem sozinha para que ele vá ao encontro de Shridaman saber o motivo da demora. Ela concorda e, quando Nanda chega ao interior do templo vê uma imagem aterradora, a cabeça de Shridaman separada do corpo e, em sua mão uma espada, com o sangue escorrendo para o altar dos sacrifícios à deusa. Nanda constata que pensariam ter sido ele quem deu cabo de Shridaman e, lembra-se de uma promessa feita por ambos, em que um não sobreviveria ao outro. Pega a espada e, tal como Shridaman, separa a própria cabeça do corpo. Com a demora, Sita vai ao local e, entra em desespero ao ver a cena, imagina que os dois amigos se mataram por causa dela, no que é repreendida pela deusa Kali, que lhe explica que os rapazes se imolaram em sacrifício a esta, e que ela também não iria aceitar o sacrifício e, solicita que Sita recoloque com muito cuidado, a cabeça de cada um junto ao respectivo corpo observando sua exata posição, para que ela possa devolvê-los a vida. No entanto, Sita troca as cabeças, de forma que a cabeça de Shridaman seu esposo, fica com o corpo vigoroso de Nanda e, o corpo pouco desenvolvido de Shridaman fica unido à cabeça de Nanda, cuja mente sempre foi pouco exercitada. A partir deste momento, a discussão é sobre o que predomina: a mente sobre o corpo ou, o corpo sobre a mente. Quem é o marido de Sita? A cabeça de Shridaman, cujo corpo (de Nanda) ela ainda não conhece? Ou o corpo de Shridaman que está com a cabeça de Nanda? Quem é o pai do filho de Sita? A mente ou o corpo? Com quem Sita deve ficar? Com a cabeça de Shridaman (culto) que se encontra com o musculoso corpo de Nanda? Ou com o corpo mirrado de Shridaman que se encontra com a cabeça de Nanda (mentalidade simplória)? Como resolver a questão? Encerro aqui para não estragar-lhe o prazer da leitura e da descoberta.

Sugestão de Boa Leitura:

Título: As cabeças trocadas: uma lenda indiana.

Autor: Thomas Mann.

Editora: Companhia das Letras, 2017, 118 p.

Preço: R$ 35,70.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O quê? Você não leu Thomas Mann?



                Lembro-me de uma ocasião nos idos da década de 1990, em que me encontrava em Faxinal do Céu, município de Pinhão, estado do Paraná, para participar de uma semana de formação, que tinha como público-alvo, um grupo de aproximadamente mil docentes da rede pública estadual. As formações duravam uma semana. A badalada Universidade do Professor era uma das estratégias de marketing do então governador Jaime Lerner. O ponto forte do governo Lerner era o marketing, eu costumava dizer, que, ao desligar a TV ou largar os jornais, seu governo acabava. Em Faxinal do Céu havia a antiga vila dos trabalhadores que construíram a Usina de Foz do Areia de propriedade da estatal paranaense Copel. Neste espaço, devidamente adaptado, os professores eram alojados. Em um dos auditórios, este escriba assistia a fala de Arthur Pereira e Oliveira Filho que havia criado a estrutura organizacional dos cursos ministrados naquele local.
A empresa que administrava a Universidade do Professor era o Centro de Educação Gerencial Avançada, empresa de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro, e que habitualmente realizava cursos e palestras para grandes empresas privadas ou estatais. A contratação de tal empresa, dizia-se, custara uma fábula contada aos milhões de reais, enquanto isso, nas escolas a realidade era a de falta de recursos, sucateamento do espaço escolar e defasagem salarial dos trabalhadores em educação. Nesta época presenciei a parcialidade da Revista Veja, pois, estava ao lado de um colega professor que deu entrevista mostrando a cortina de fumaça que Faxinal do Céu representava e a verdadeira realidade da educação paranaense à assim considerada “bíblia” da informação dos conservadores. Quando a revista saiu com a matéria, constatei que ela fora totalmente parcial, somente os elogios ao governo foram publicados e nenhuma palavra sobre a fala de meu colega, hoje, professor universitário.
            Arthur, no início de sua fala, disse com grande orgulho morar na casa que pertenceu ao eterno golpista Carlos Lacerda. E, eu disse à minha esposa que se encontrava sentada ao meu lado: “e ele tem orgulho disso? Eu não moraria nessa casa sem que um padre nela jogasse água benta”! Ao questionar o público formado por professores (cuja triste realidade nada a tinha a ver com a maquiagem de Faxinal do Céu, cuja encenação fazia com que professores de outros estados invejassem os paranaenses) sobre o hábito de leitura destes, afirmou: “O quê professores? Vocês não leram Thomas Mann? Francamente! Estou decepcionado com vocês”! À saída do Auditório Rubens Correa havia uma exposição de livros à venda, ainda constrangido devido à fala de Arthur, por quem tinha um misto de admiração por sua intelectualidade, porém, com uma forte dose de crítica ao seu pensamento que considerava demasiado conservador e burguês, questionei o vendedor sobre um livro de Thomas Mann (não lembro o título) que constituía um verdadeiro calhamaço. O vendedor informou o preço, o qual constituía 1/6 de meu salário de professor recém concursado, pois, à época ao ser aprovado em concurso, o professor era premiado com uma forte redução de seu salário que ficava congelado durante todo o estágio probatório de dois anos, mas, que durava quase três até a primeira promoção na carreira. Ao constatar não ter condições de comprar o livro, pois, a prioridade de recém-casado (eu e minha esposa ao nos unirmos, somente tínhamos um ao outro) era colocar comida na mesa, pagar aluguel e demais despesas da casa e sonhar dias melhores que o salário inicial do magistério não comportava. Na ocasião, vários professores comentaram a falta de tempo para a leitura, pois, não havia a hora-atividade e estes corrigiam provas e trabalhos em seu tempo livre em casa, o qual deveria ser para descanso.
Fazer atividades do trabalho em casa constitui trabalho escravo, pois, não é remunerado e o professor é obrigado a fazer, sem, no entanto receber por isso. Houve outros colegas que também afirmaram serem os livros caros demais. Lembro de ter lido um artigo em que um professor questionou o substituto de Arthur em Faxinal do Céu (Rubens Portugal) se ele sabia o que eram os faxinais e este afirmou não saber. Não causa surpresa, portanto, que as mentes que conduziam os cursos cuja tônica era a motivação, desconheciam a realidade dos educadores do estado, pois, não haviam pisado o chão da escola paranaense. Afirmavam que dos professores e tão somente destes dependia a solução de problemas da educação que eram na realidade omissões e falhas do Estado e do modelo de sociedade construída. Visavam ainda levar os educadores a sonhar com o paraíso na Terra durante uma semana. O problema é que após aquela semana, a realidade se impunha como um pesadelo na forma de uma escola carente de tudo na mente de cada educador que retornava ao trabalho. Concluo dizendo: Sim, também tenho culpa! Votei em Lerner “o arquiteto” para evitar o mal maior, que em meu ver seria Álvaro Dias, mas, não em sua reeleição. E digo: se puder, leia Thomas Mann!