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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

O pior dos mundos!



            Nos últimos dias tenho me dedicado a ler livros sobre distopia. Utopia é um conceito popularizado e que se refere a um sonho de difícil realização. Distopia, por seu turno, é a antítese de utopia. É a realização do pior mundo possível com as características do totalitarismo, da opressão, da inexistência da liberdade de expressão, da perseguição ideológica aos intelectuais sejam eles jornalistas, professores ou cientistas.
            Segundo recente pesquisa, para 70% dos entrevistados a vida piorou após o Golpe de Estado de 2016. O governo golpista de Temer (MDB/PSDB/DEM e nanicos conservadores) aplicou o projeto neoliberal Ponte para o Futuro que levou o Brasil de volta ao passado. O Brasil voltou a fazer parte do Mapa da Fome da ONU, o desemprego cresceu, os preços dos combustíveis dispararam e a inflação percebida pela população ao fazer compras no mercado não bate com os índices de que tanto o governo Temer se vangloria, pois, o orçamento familiar está cada vez mais apertado. Com o falso pretexto de gerar empregos, o governo neoliberal acionou sua imensa base de apoio no Congresso Nacional e fez aprovar a reforma trabalhista, destruindo o legado da CLT de Getúlio Vargas. A verdadeira intenção é a precarização das condições de trabalho, sendo que há até quem fale em extinguir a Justiça do Trabalho. O objetivo é fazer com que o mercado de trabalho brasileiro seja a expressão das condições de trabalho semi-escravo verificado em alguns países da Ásia para o deleite dos capitalistas exportadores, que obviamente, não dependem do mercado interno brasileiro que será reduzido ante a perda de poder aquisitivo da classe trabalhadora.
O pior é constatar que a classe média e mesmo parcela da classe trabalhadora apóia ou se omite ante essas reformas, o que evidencia além da falta de consciência de classe, uma enorme falta de inteligência, pois, o que gera emprego é economia aquecida que ao reduzir a taxa de desemprego eleva o poder aquisitivo da classe trabalhadora que ao consumir mais retorna maiores lucros aos empresários que visam o mercado interno. Para corroborar o que digo, não é necessário sequer se referir ao economista John Maynard Keynes (1883-1946), basta ler o que pensava o mega-empresário Henry Ford (1863-1947) que irritava os demais capitalistas ao pagar salários acima do mercado (numa atitude que gostaria ver multiplicada), pois, refletia: “injetar dinheiro na mão dos trabalhadores é injetar no consumo, e, consumo gera os lucros que todo capitalista almeja”. Parte dos empresários parece ter uma utopia: sonha que enquanto esfola seus trabalhadores com salários vis, os demais pagarão os mais altos salários possíveis para que possam consumir. Ledo engano, afinal, se todos os capitalistas pagarem salários de fome, quanto e a quem venderão?
            A distopia que vivemos na forma do governo Temer caracteriza-se pela perda de soberania nacional, redução dos investimentos sociais e no perdão de dívidas e isenções fiscais em benefício de grandes empresas, petroleiras estrangeiras, bancos e latifundiários, que no conjunto causa um prejuízo à nação que ultrapassa a casa do trilhão de reais. Trata-se da antiga e costumeira política de transferir renda da classe média e baixa diretamente para os bolsos dos privilegiados que formam a elite (parcela de 1% mais rico do país). Engana-se quem pensa que a corrupção é obra exclusiva ou majoritária de políticos, os quais pouco fariam em matéria de corrupção sem a associação com os empresários que buscam nos cofres públicos o aumento de suas fortunas. O que se observa é que muitas vezes quem mais fala sobre corrupção também a pratica, e isso vale para os políticos, como vale para o cidadão comum.
            Nestes tempos cabulosos em que criaturas das trevas saíram à luz do dia para matar a utopia de um Brasil menos injusto, as eleições representam a perspectiva de retomada dos dias melhores que deixamos para trás com o golpe de 2016. Um colega levantou a seguinte questão: mas, e se no segundo turno der: Alckmin x Bolsonaro? Disse-lhe que considero altamente improvável, porém, pelo que eles representam se trataria: “de uma sinuca de bico quando o adversário já disputa a bola oito! É o pior dos mundos”!

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