quinta-feira, 18 de agosto de 2016
O insustentável discurso da legitimidade do impeachment!
Na semana passada o processo contra Dilma avançou mais um passo e isso merece algumas considerações. Com a derrota nas urnas, a oposição, tendo à frente o candidato derrotado Aécio Neves (PSDB) tentou ganhar no tapetão, a eleição vencida democraticamente por Dilma com mais de 54 milhões de votos. A Grande Mídia nacional que age como um partido político de oposição não deu um dia sequer de sossego à Dilma, e fatos não checados ou não suficientemente investigados, e, até manipulados, foram divulgados na expectativa de criar o caos econômico e social para desestabilizar o governo na busca de incapacitar a ação governamental ou nas palavras de Aloysio Nunes (PSDB), “fazer Dilma sangrar até o último dia de sua gestão”. Para a mídia golpista e para a oposição importava não deixar Dilma governar, não deixar o governo semear e se semeasse não deixar que colhesse os frutos. A Grande Mídia adotou a pauta negativa e amplificou a crise anunciando-a como o “Fim dos tempos”, e, embora a crise fosse mundial atribuiu a culpa unicamente a má-gestão do governo de Dilma. Penso que “Fim dos tempos”, foi aquele em que o PSDB no poder, nos levou ao apagão energético, a perpetuação do caos social, do desemprego, da miséria, da fome e da submissão ao FMI quando por três vezes FHC passou o boné pedindo ajuda para que o país pudesse pagar seus compromissos. “Fim dos tempos” foi aquele com a privatização de estatais em troca de moedas podres e múltiplas denúncias de corrupção não apuradas e cujo destino de parte dos recursos oriundos da venda das estatais constitui uma caixa preta enterrada com o estranho e precoce encerramento das investigações do caso Banestado.
Outra prova do golpismo é a participação da oposição ao Governo PT/PMDB no governo interino, principalmente o PSDB/DEM e assemelhados. Temer conseguiu seus intuitos, com o auxílio do mega-corrupto Presidente da Câmara Eduardo Cunha. O STF e o Procurador Geral da República Rodrigo Janot participaram do golpe devido a leniência e covardia com que trataram o caso envolvendo Cunha, que, mesmo sendo um criminoso, era pela oposição considerado necessário na condução do processo. O espetáculo de horrores protagonizado por parlamentares em grande parte medíocres e ignorantes do papel que representam para a sociedade foi transmitido em rede nacional e o país virou piada no planeta. A Câmara que conta 513 parlamentares, tem 303 deputados com problemas com a Justiça e no Senado a situação não é diferente, 49 senadores de um total de 81, esses são os “probos” parlamentares que julgam Dilma. É importante lembrar que o sistema eleitoral está falido e grande parte dos parlamentares se elegem por meio de caixa 2 financiados por grandes empresas das quais se tornam representantes de interesses escusos. Alegou-se que Dilma praticou as chamadas pedaladas fiscais, que FHC (PSDB) quando presidente também utilizou e nada se falou à época e, neste quesito, 17 governadores de estado também pedalaram (o Paraná, inclusive), como não houve abertura de processos contra estes governadores fica mais uma vez evidente o sistema de dois pesos e duas medidas instaladas no país. Pasmem, os/as senhores (as) leitores (as) que o Senador Anastasia (relator do processo em que Dilma é acusada de pedalada fiscal) quando de seu governo em Minas Gerais foi adepto da pedalada, porém, em nível avançadíssimo, um verdadeiro ciclista de ponta. Dilma já foi inocentada pelo MPF e não há nenhuma prova de crime imputado a ela, e segundo o Ministro Marco Aurélio Mello (STF), sem a comprovação de crime praticado por Dilma, configura-se então um golpe de Estado.
Comparar o Impeachment de Collor e Dilma e declarar similaridade de ambos tem o objetivo de confundir a opinião pública e é um ato de má-fé, ou no mínimo de desinformação. O fato de a Senadora Ana Amélia (PP/RS) afirmar que se sente à vontade como golpista ao lado do STF, demonstra apenas sua ignorância quanto à história, pois, o STF também apoiou o golpe de 1964. A observância do rito processual não é prova de sua legitimidade, esta se encontra na produção de provas de crimes praticados pela Presidenta e isto não se conseguiu comprovar, também, não faltam queixas de cerceamento da defesa de Dilma que agora recorre à OEA. A lógica do processo de Impeachment de Dilma, julgada por grande parcela de corruptos, inclusive com o grampo de Jucá (PMDB) comprovando que pretendiam afastá-la para interromper a operação Lava-Jato e alcançar a impunidade e o fato de Michel Temer (PMDB), um traidor de carreira (pois, já havia traído Itamar Franco) ter realizado ainda em 2015, o lançamento do plano “Ponte para o Futuro”, base para as maldades praticadas em sua interinidade contra a classe trabalhadora, e que jamais seria aprovado numa eleição confirmam o golpe, cuja maior vítima não é Dilma, e, sim, a classe trabalhadora e o Brasil como projeto de nação soberana.
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