sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
O melhor negócio do mundo
Um fato recorrente nas conversas entre caminhoneiros e viajantes são os altos preços praticados nos pedágios paranaenses, o que causa grande indignação a muitos deles. Soube através de uma pessoa que trabalhou em praça de pedágio que alguns motoristas, irritados, tratam mal os agentes que fazem a cobrança, quando estes são apenas trabalhadores defendendo sua subsistência, trata-se de uma atitude rude que não traz resultado prático nenhum, pois, o recado não chegará ao devido destino. Mas, verdade seja dita, acabo de voltar de uma viagem à Santa Catarina e nos pedágios de lá paguei R$ 1,70, e apesar de ser contra pedágios, pois, penso que já pagamos o IPVA para bancar a construção e manutenção de rodovias, os preços dos pedágios paranaenses são mesmo escorchantes (na BR 277, R$ 9,70 em algumas praças, e no trecho Curitiba – litoral R$ 15,40) lembrando ainda ao leitor que a BR 101/SC é duplicada e a BR 277 em grande parte é pista simples e que por assim ser e também pela forma como trechos de seu traçado foram construídos tornam-na muito perigosa, não por acaso, li que uma publicação estadunidense de turismo além de indicar as atrações paranaenses alertava sobre a necessidade de cautela ao dirigir pelas rodovias paranaenses.
Os usuários das rodovias paranaenses acostumados ao descaso na manutenção das mesmas pelo governo federal nas gestões (Collor, Itamar, FHC) que as tornaram precárias por falta de manutenção alegando falta de recursos (uma estratégia utilizada por governos neoliberais para o convencimento da população para a necessidade da privatização), diante das promessas de melhorias, nada fizeram para impedir e até mesmo houve quem apoiasse a privatização. O projeto “anel de integração” levado à cabo na época da dobradinha neoliberal Jaime Lerner (Governo do Paraná) e Fernando Henrique Cardoso (Governo Federal) tinha como objetivo dotar o Paraná de boas e modernas rodovias e possibilitar um maior desenvolvimento da economia paranaense e do MERCOSUL. Tais representantes da política estadual e nacional fizeram as tratativas necessárias para possibilitar a concorrência visando a privatização/concessão das rodovias, cujas concessionárias vencedoras, desde o princípio praticaram preços salgados, porém, de forma totalmente legal, pois, as tarifas e as formas de reajustes estavam garantidas em contrato. Mas, os preços da conta não eram os esperados pelos usuários, pois, muitos que defendiam a concessão ficaram indignados com os valores.
Diante das queixas, as concessionárias colocaram nas rodovias algum tempo atrás outdoors com a frase “lembra?” e com fotografias mostrando as péssimas condições daquele trecho antes da privatização, é óbvio que as condições de trafegabilidade das rodovias paranaenses pedagiadas melhoraram se comparadas aos anos do descaso neoliberal, o que realmente incomoda são os preços das tarifas cobradas, que, a julgar por seu valor dão a impressão que as concessionárias estão nos oferecendo rodovias da qualidade das famosas autobhans alemãs. Certa vez Roberto Requião afirmou que: “o melhor negócio do mundo no Paraná é uma concessionária de pedágio bem administrada e o segundo melhor negócio, uma concessionária de pedágio mal administrada” e quando de sua candidatura ao Governo do Estado em 2002, afirmou que iria envidar esforços para acabar com os pedágios, não conseguiu, pois os contratos são um primor do ponto de vista jurídico e neles consta o pagamento de lucros cessantes, dessa forma, torna-se inviável a rescisão, mas, o fato é que pagar valores justos como os cobrados na BR 101 em pistas duplicadas (concedidas à iniciativa privada pelo Governo Lula num modelo diferente que teve como objetivo a menor tarifa ofertada) minorariam a sensação de exploração que sentimos ao viajar pelo Paraná. Além de menores tarifas, a BR 277 precisa ser totalmente duplicada por sua importância como corredor de exportação e integração do MERCOSUL, além do enorme aumento do tráfego observado na última década. Vi até algumas placas indicando que alguns trechos estão recebendo obras nesse sentido, porém, li que as concessionárias desejam a prorrogação dos contratos (e consequentemente das salgadas tarifas) em troca das duplicações. Uma BR 277 totalmente duplicada e no mínimo com tarifas justas é no momento um sonho distante, mas que deve estar na pauta de discussões da próxima eleição, fique atento eleitor!
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