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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Dando munição para o inimigo

          Eu fico muitas vezes estarrecido com as bobagens e/ou manipulações divulgadas por alguns grandes nomes patrocinados pela grande mídia nacional, não vou entrar no mérito se eles vendem a alma (suas mentes) escrevendo ou dizendo aquilo que seus patrões desejam e dessa forma agem como testas de ferro ou se aquilo que escrevem ou dizem é o que realmente pensam. Se for verdadeira a primeira opção além de considerar tal atitude deprimente penso na frase do Barão de Itararé "O homem que se vende recebe sempre mais do que vale”. Eu, inversamente, escrevo e digo o que penso de forma totalmente independente, pois, não sou filiado a nenhum partido político e defendo aquilo em que acredito. Minha consciência é a maior riqueza que possuo, jamais recebi algo em troca de meu posicionamento político e também jamais solicitei algo em troca disso. Nunca escrevi ou falei algo sobre corrupção ou qualquer outro tema visando benefício próprio, pois, nunca fui candidato e provavelmente jamais serei, pois, não tenho nenhuma pretensão nesse sentido. Leciono, escrevo e palestro porque além de garantir a sobrevivência me dá um imenso prazer, tenho gosto por aquilo que faço e o que faço é aquilo em que realmente acredito. No caso referido, se a segunda opção for a correta, somente posso ficar com pena de tais pessoas, e me questiono: o que os levou a serem assim? O que deu errado? 
         Sabemos que as pessoas refletem aquilo que carregam dentro de si e algumas pessoas são extremamente negativas e toda a negatividade faz mal, assim o melhor é afastar-se do raio de ação de tais indivíduos. Como para toda a regra há a exceção, alguns se sentem bem lendo ou convivendo com tais pessoas, pois também trazem dentro de si a negatividade, que expressa em palavras faz tal parcela da sociedade identificada como extrema direita ou reacionária delirar de prazer ao ler tais artigos. Eu confesso, lia muito a Revista Veja, e, apesar das críticas que recebia, respondia que era necessário saber o que o inimigo pensava, e foi também graças a discordância que mantinha com os artigos de Diogo Mainardi que comecei a escrever para expurgar-me de todo o mal que a linha editorial da revista me fazia. Há algum tempo guardo um artigo do ano de 2006 de Reinaldo Azevedo que em certa parte afirmava: “[...] Eu não tenho o menor interesse na opinião do povo. Quase sempre ele está errado. Aliás, a opinião de muito pouca gente me interessa. A democracia sempre foi salva pelas elites e posta em risco justamente pelo “povo”, essa entidade [...]”. E em outra parte do mesmo artigo afirma: “[...] fico aqui queimando as pestanas, tentando achar um jeito de eliminar o povo da democracia. Ainda não consegui. Quando encontrar, darei sumiço no dito-cujo em silêncio. Ninguém vai perceber... Povo pra quê?”. ¹ 
      Reinaldo Azevedo pode resistir em seu intuito, mas jamais irá obter êxito, pois, etimologicamente, democracia é o governo do povo, ou seja, o povo exerce sua soberania através de seus representantes eleitos, portanto, em lugar do povo (do grego dêmos) somente se pode acrescentar o prefixo “auto” (autocracia: governo exercido de forma absoluta por um líder, um grupo, um comitê, etc., sem o consentimento dos governados. Um exemplo é a ditadura militar que findou nos anos 1980 onde a tônica era a supressão dos direitos civis) ou ainda acrescentando o prefixo “pluto” (plutocracia ou governo exercido pelos mais ricos da sociedade) ambas as formas geram grandes desigualdades sociais e pouca mobilidade social, concluindo, sem o povo, não há democracia e sem o apoio do povo nenhum regime resiste ad eternum. 
            Ao comentar com alguns amigos a ideia deste artigo, fui alertado que daria munição para o inimigo, pois, ao invés de repulsa a tal argumentação de Reinaldo Azevedo, faria com que mais leitores se tornassem seus seguidores. Preocupa existir um colunista com pensamento tão reacionário, preocupa ainda mais saber que são vários, mas o que tira o sono mesmo é saber que são os gurus intelectuais de parcela significativa da sociedade, a qual, em meu ver parece sofrer de esquizofrenia, com o perdão das pessoas que se tratam de tal doença, pois, estão buscando a cura, enquanto outras a alimentam. 
Fonte: 1. http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/lula-novo-com-culpa-povo/ - acesso em 02/01/2014.

7 comentários:

  1. Olá professor!
    Concordo com o Reinaldo Azevedo em um princípio básico: pouco me interessa o que a maioria pensa quando vou formar minha opinião. Liberdade é o direito de discordar, ainda que sozinho.

    Mas não creio que seja esse o principal problema de seu texto. Creio que existe um erro de interpretação nesta referência a "povo".
    Se você lê o blog dele como diz, sabe que no trecho: "posta em risco justamente pelo “povo”, essa entidade" a referência a "povo" entre aspas quer dizer
    "o grupo de militantes de uma causa qualquer que fazem barulho alegando que sua demanda é a demanda do povo".
    Neste caso em específico, o povo é o grupo de eleitores do Lula (que, embora maioria, nunca foi totalidade). Mas dá pra incluir nessa analogia qualquer grupo barulhento
    (sindicatos, movimento gay, movimento feminista, sem-terras, sem-tetos e por aí vai).
    E o que o Reinaldo Azevedo quer extirpar é justamente a idéia de que o pensamento da maioria é a lei ou é o certo. É esse pensamento que destrói o debate de idéias e cria uma briga
    entre "nós" e "eles", transformando o campo das idéias em um ringue de batalha, como qualquer blog de política demonstra.

    Enquanto há espaço para o debate saudável, para o contraditório, ainda temos garantia de liberdade. A partir do momento em que a liberdade de pensar diferente é cerceada,
    independente do objetivo, aí eu começo a me preocupar com a saúde da democracia.

    Abraço!

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    1. Olá Lucas!

      Fico muito feliz por sua participação em meu blog, que não por acaso tem o título “A Vista de Meu Ponto!”, ou seja, é a minha forma de ver as coisas, nunca me considerei e não me considero o dono da verdade suprema, em todas as minhas aulas defendo que as pessoas possam expressar livremente sua opinião (e nisso concordo com sua primeira frase, pois, em várias oportunidades defendi de forma solitária uma ideia) e falo sempre aos meus alunos para terem cuidado com a ideologia que todos têm e em especial com a principal formadora de opinião que é a grande mídia (Redes de TV, Jornais, Revistas, grupos sociais, etc.) e que devem tomar cuidado com os professores (eu inclusive), pois, como qualquer ser humano também tenho ideologia e esta não é aquela ditada pela grande mídia de massa, pois sou um ser pensante e muito rigoroso na seleção das fontes de informações. Também tenho como mote a frase: Sou responsável por aquilo que escrevo e não pelo que as pessoas entendem, pois, interpretação é uma particularidade (de cada um). Falando de democracia o Brasil não é um país democrático, somos uma pseudodemocracia, pois, sob o comando da elite política e econômica desse país que o governou por mais de 500 anos se construiu um país que possui uma péssima colocação no ranking do IDH entre as nações, a desigualdade social é uma das maiores do mundo e durante a ditadura militar que muitos neoconservadores defendem tanto é que toda essa concentração da renda foi gestada sempre sob o lema de Antônio Delfim Netto, famoso Ministro da Economia/Fazenda da época que afirmava: “É necessário fazer o bolo crescer para depois dividir”, pois bem, o bolo cresceu e jamais foi dividido. Não há verdadeira democracia onde a miséria reina! 500 anos no poder e essa elite que Reinaldo Azevedo diz salvar a democracia não fez outra coisa senão governar em interesse próprio (beneficiando o grande capital nacional e estrangeiro e a alta burguesia). É lógico que se até o título já afirmava “Lula de novo com a culpa do povo” sem nenhuma redundância é óbvio que eu sempre soube que a raiva de Azevedo era o povo votar em candidato que ele defenestrava, aliás, essa elite conservadora e seus simpatizantes inclusive muitos trabalhadores em meu ver alienados salvou a democracia quando fez o golpe militar em 1964? Salvou a democracia retirando as liberdades civis? Prendendo, torturando e matando pessoas que tinham opiniões diferentes e desejavam poder livremente expressá-la? O interesse dessa elite era nacionalista quando doou as multinacionais no governo FHC a preços baixos e recebendo moedas podres no que ficou conhecido como privataria tucana? O Governo militar e o de FHC foi patriota? Foram bons gestores os governos militares e o de FHC que colocaram o Brasil de joelhos perante o FMI? Acontece que a elite não aceita que os pobres possam pensar e decidir o seu próprio futuro, não interessa à elite conservadora um povo culto, pois deseja um povo alienado que acredite piamente nas falas de seus porta-vozes. Você afirma que defende o direito de as pessoas pensarem diferente, deveria então estar me defendendo, pois Reinaldo Azevedo tem atrás de si um poderoso meio de comunicação, aliás, os colunistas, enfim, qualquer pessoa que tenha talento para escrever/falar de forma conservadora tem um tapete vermelho o aguardando para exercer o seu direito à fala/escrita, agora, quem fala aquilo que vai contra o senso comum, que critica a ordem estabelecida, que ousa questionar os valores dos poderosos grupos conservadores, salvo raras exceções não tem espaço na grande mídia, no meu caso enquanto Azevedo tem o sol todo para si, eu busco na sombra uma réstia de sol, pois, se quisesse ser uma pessoa palatável a essa elite conservadora eu teria de deixar de acreditar em direitos humanos, em solidariedade, em fraternidade, num país e num mundo sem miséria.

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    2. Continuando...
      A grande mídia não é democrática, conheço pessoas que trabalharam em grandes jornais e não tinham a liberdade de expressar sua opinião, pois a grande mídia é dominada por seis (isso mesmo seis famílias), a grande mídia brasileira age como um Partido Político (P.I.G) e quer ditar como as pessoas devem pensar e agir e não aceitam a desobediência. Eu fico estarrecido quando esses conservadores criticam os professores e a escola afirmando que estes e esta manipulam a mente dos alunos inculcando neles ideologia marxista, acontece que é a ideologia marxista e não a neoliberal a que mais se aproxima do que pede o Projeto Político Pedagógico das escolas de um mundo mais humano, com justiça social e fraternidade. Não é formando peças de reposição para o Sistema que transformaremos a sociedade em algo melhor. Eu tenho sim a utopia de não haver mais gente em miséria extrema, de não haver mais fome, de haver um Brasil muito melhor do que o que herdamos dessa elite que Reinaldo Azevedo defende e representa, que em meu ver é o que há de mais atrasado na sociedade. Penso que sou muito bem sucedido como professor, pois, nunca quis que os alunos pensassem com a minha cabeça (a minha teoria) para que depois não pensassem com a ideia de algum porta-voz do momento, tanto é que tenho entre meus ex-alunos vários conservadores e outros progressistas, fico feliz que pensem por si, mesmo que algumas vezes me decepcionem, noutras me emocionam, mas esta é a ideia, seres pensantes capazes de ver além do que a grande mídia mostra e ver inclusive aquilo que ela omite. Gosto muito da frase de Voltaire em que ele afirma: “Não concordo com nada do que dizes, mas morro defendendo direito de que possa fazê-lo!”, e esse é o maior legado das pessoas que ousaram lutar contra a elite conservadora desse país, pois estiveram juntas, lutando pela volta à democracia, no Diretas Já, no Impeachment de Collor. Vivemos numa democracia representativa, nenhuma corrente jamais terá a totalidade, mas, como esse é o sistema, a maioria decide e elege os seus representantes, acontece que para essa elite enquanto a reeleição lhe era favorável a impuseram (FHC) inclusive com compra de votos, agora não a querem mais. Eu estou farto dessa história, uma elite que não respeita o resultado das urnas. A democracia é o melhor sistema, mas em nosso país há muito que caminhar, a mídia em nosso país precisa ser repensada, uma reforma precisa ser feita, as reformas sociais e a redistribuição de renda precisam ser aceleradas. Ah! Essa mesma elite através da Grande Mídia de Massa que um dia foi contra a criação do 13º salário e de tantos outros direitos trabalhistas, hoje se opõe à política de valorização do salário mínimo, um dos pilares da política de distribuição de renda. Nunca o Brasil foi tão ouvido lá fora e nem foi por tantas vezes seguido como exemplo. O país tem hoje um grande reconhecimento internacional. Lula, conquistou inúmeros prêmios internacionais, os quais, somente aceitou após sua saída do poder. E eu que vivi parte do período da ditadura militar, governos Sarney, Collor, FHC... , digo, estamos vivendo o melhor momento de nosso país, pois, nunca a parcela de excluídos da sociedade teve tanta atenção por parte do Governo Federal, nunca a classe média aumentou tanto, nunca houve uma alteração tão significativa da desigualdade social, a democracia foi ainda mais consolidada no Governo Lula e Dilma. É a perfeição? Não, o sonho é a Escandinávia, mas a realidade é o Brasil, um país de contrastes, um país cujo povo está se desvencilhando das correntes que a elite que Reinaldo Azevedo defende o aprisionava.

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    3. Continuando...

      Penso que para terminar, analisando sua frase final, esta é a minha luta, pois, além de não ter o espaço desses ícones do conservadorismo, me angustia o fato de que quem pensa diferente da maioria (conservadores) com acesso à grande mídia não ter o mesmo espaço, portanto, pode se preocupar, nossa democracia é mesmo doente. Quando pessoas acusam meus erros, observo se são progressistas, críticos e defensores de justiça social e me imponho leituras, reflexões e revisões e se necessário correções dos meus pontos de vista, porém, se são conservadores, me emociono, chego ao êxtase, pois, onde os conservadores vêm meus erros, estão os meus maiores acertos!
      Sempre que alguém se levanta do seio da classe trabalhadora para defender os interesses desta e da parcela de excluídos da sociedade pelo sistema, tem contra si, pessoas da própria classe tal como na alegoria da caverna de Platão, ou seja, “a elite dominante somente têm tanto poder por ter cúmplices entre os próprios dominados”.


      Obrigado por sua participação! Espero que sua defesa da democracia também seja um voto de apoio a este professor que ousa contestar o senso comum; ousa pensar de forma diferente; e por mais fraca que seja sua voz, ousa gritar; e apesar de que poucos o ouvem/leem ousa persistir!

      Grande abraço!

      Prof. Osnélio Vailati.

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    4. Professor
      Li com muita atenção sua réplica ao meu comentário. Me limito ao que considero efetivamente a resposta, excluindo toda a fundamentação relacionada a sua visão da mídia, do governo militar, dos governos democráticos (material que pode ser melhor explanado em posts subsequentes – ou mesmo nas colunas do jornal – que terei prazer em ler).
      Quando mudei algumas palavras para dizer exatamente a mesma coisa que o Reinaldo Azevedo, a saber, “que pouco me importa a opinião da maioria no meu processo de formação de opinião”, o professor passou a concordar comigo e com o Reinaldo Azevedo neste particular. Não entrei no mérito do povo estar quase sempre errado ou de que as elites é que salvam a história.
      Como formador de opinião, é necessário tomar muito cuidado com a visão que apresenta sobre o pensamento de um terceiro. Você utiliza uma interpretação deturpada sobre o que o Reinaldo Azevedo escreveu como fundamentação para esta postagem: alega que o colunista detesta todo o povo quando a leitura do post citado indica claramente que ele detesta o grupo de militantes de uma causa que dizem ser a voz do povo. Toda sua argumentação posterior parte de uma premissa errada, incluindo sua preocupação com o fato de alguém defender uma idéia que não existe (quem, em sã consciência, quer eliminar todo o povo?).
      Observe que até aqui eu não escrevi nenhuma linha defendendo esta ou aquela ideologia, este ou aquele governo, nem mesmo aquele colunista. Apenas apontei um erro de interpretação (fato que foi solenemente ignorado em sua longa resposta). Entretanto, como você deixa bem claro em seu último comentário, restam-me duas opções: declarar-me progressista para que esta correção seja considerada ou conservador e com isso dar-lhe alguns instantes de regozijo.
      Aproveite, em emoção e êxtase, seu domingo.

      Abraços!

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    5. Olá Lucas!

      Desculpe pela resposta longa, parece que você esqueceu de nossas aulas, quando afirmava que as coisas tinhas conjecturas tais que quando não devidamente enunciadas perdiam parte de seu significado. A resposta foi longa, mas ela era necessária e extremamente útil, pena que parece não ter dado a ela importância, pois, nesse caso terei que concordar com Reinaldo Azevedo quando no segundo parágrafo de seu artigo original “É Lula de novo com a culpa do povo” afirma haver certo tipo de leitor que só lê o que quer, parece ser o seu caso.
      Então vamos ao que você considerou efetivamente a resposta, não há nenhuma contradição no fato de ter concordado com a frase “que pouco me importa a opinião da maioria no meu processo de formação de opinião” (que você diz ter mudado apenas algumas palavras e que continuava afirmando a mesma coisa que Reinaldo Azevedo). Ocorre que essa não é a realidade, a frase original é “Eu não tenho o menor interesse na opinião do povo. Quase sempre ele está errado. Aliás, a opinião de muito pouca gente me interessa. A democracia sempre foi salva pelas elites e posta em risco justamente pelo “povo”, essa entidade [...]”. É óbvio que Reinaldo Azevedo está falando dos eleitores de Lula. E os eleitores de Lula formaram a maioria que numa democracia representativa elege seus representantes, por isso ele foi eleito e reeleito. A decisão soberana da maioria deve ser acatada e respeitada pela sociedade, afinal, vivemos numa democracia, que permite inclusive o direito a fazer oposição, uma conquista dos que lutaram contra os conservadores do período militar. Eu discordo de Reinaldo Azevedo, porém, concordo com a sua frase que alterada tomou outro significado, penso, que para a minha formação de opinião não importa a opinião da maioria, ou seja, mesmo sendo minoria na democracia tenho o direito de defender determinada posição, porém, a maioria representativa escolhida através do sufrágio universal é que decidirá. Ao contrário do que afirmou Azevedo, a opinião do povo importa e muito, ou senão, não seria democracia. Como vivemos um regime supostamente democrático (não há democracia plena onde a miséria reina), os protestos de junho foram ouvidos pelos governantes, no período militar a opinião do povo não importava e os protestos de Junho/2013 não teriam ocorrido e se ocorressem seriam reprimidos fortemente, você estudou história e sabe disso. Na verdade eu sem ter a intenção amaciei para Reinaldo Azevedo no meu artigo “Dando munição para o inimigo”, pois não citei quando no último parágrafo afirma: “O “povo” nos assuntos realmente importantes, não apita nada. É uma sorte! Aqui e no mundo inteiro [...]”. Nesse caso, ele não está falando apenas dos eleitores de Lula, pois, estes não tem influência alguma fora do país, ou seja, “povo” nesse caso é qualquer parcela da sociedade que negar a ordem estabelecida, que ousar se opor ao projeto de poder da elite conservadora representada pela alta burguesia e pelo grande capital nacional e estrangeiro. Portanto, “povo” a quem se referiu Azevedo no citado artigo é quem é contra o projeto de poder da elite conservadora. Repito, a opinião do povo (sem aspas) importa e muito, sou defensor da democracia e não poderia pensar diferente, sou inclusive admirador dos movimentos sociais autênticos que em meu ver são o fermento da democracia e ao contrário do que você disse, não os considero barulhentos, mas necessários.

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  2. Continuando...

    Procurei no dicionário o significado da palavra deturpada, com a qual me acusa, e cujo significado não me permitiria utilizar jamais para descrever o que você fez, pois minha educação não me permite, seria deselegante, deseducado, indelicado e uma relação ex-professor e ex-aluno não permite (não é mesmo?), você disse que afirmei que Reinaldo Azevedo detesta o povo, não fiz isso, apenas utilizando ferramenta copiar/colar que você conhece bem coloquei as próprias palavras dele e apenas lamentei ser ele o guru intelectual de uma parcela significativa da sociedade (a extrema direita), concordo que as pessoas tem o direito de seguir quem elas desejarem, mas jamais afirmei que “Reinaldo Azevedo detesta o povo” tão somente citei suas palavras extraídas de seu próprio artigo.
    Quando afirma: “quem em sã consciência quer eliminar todo o povo?”, também não afirmei isso, apenas tratei da etimologia da palavra democracia e que sem demo (povo) o que resta é a autocracia (ditadura) e a plutocracia (governo exercido pelos ricos da sociedade), não tenho essa ingenuidade que pensou, o meu comentário é que está além do que conseguiu captar. A ditadura militar, por exemplo, excluiu o povo do seu direito de decisão e isso acabou há menos de 30 anos. E havia pessoas da sociedade daquele tempo que achavam que os militares não cometeriam a sandice de dar o golpe e deram. Na Alemanha julgavam que Hitler fazia só retórica e fez o que fez, então, é verdadeira aquela frase: quem esquece o passado está condenado a repeti-lo e isso não desejo. Ditadura, nunca mais!
    Submeti o meu artigo a pessoas cultas que muito admiro, recebi vários elogios e a única crítica foi a sua, críticas são importantes, mas são melhores quando construtivas, mesmo, assim, li, reli o artigo e nada tenho para retificar, escreveria novamente cada palavra do referido artigo da mesma forma, independentemente de sua ideologia.
    Ah! Passei um maravilhoso domingo com familiares, sempre às voltas com as surpresas que a vida nos traz, pois bateu uma pontinha bem grande de frustração, pois, sempre alimento altas expectativas de bons alunos e você foi um excelente aluno. Lembro-me de você com brilhos nos olhos querendo aprender sempre mais, sempre sorridente, extremamente educado, estudioso. Lembro que por sua própria iniciativa resolveu aprender todos os países e capitais do mundo, achei legal, por partir de você, uma vez que não cobrava tal coisa nas minhas aulas.
    Se não for pedir demais, gostaria de dizer que respeito a sua liberdade de expressão e de escolhas, mas assim como já deixei de ir em velórios para preservar a última imagem de pessoas que me eram queridas, deixe-me cultivar a imagem que tenho de você como o aluno que foi, simpático, alegre, estudioso e educado. Respeito sua opinião e queria lhe pedir que respeite a minha opinião. Não vou mais publicar posts, pois, não tenho tempo (e nem tenho esse costume, abri uma exceção por que era você) e também não quero me decepcionar mais..

    Grande Abraço!

    Prof. Osnélio Vailati.

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