segunda-feira, 29 de julho de 2013
O caixeiro-viajante, o professor e a sociedade!
Neste instante em que começo a escrever estas linhas me lembrei de um comercial da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em que um caixeiro-viajante passava uma vez por ano em uma cidadezinha e toda vez que o fazia via a figura de um homem no meio de uma praça fazendo um discurso com o qual concordava, mas ninguém parava para ouvi-lo, após alguns anos vendo a mesma cena o caixeiro viajante resolveu interpelá-lo afirmando: Concordo com tudo o que diz, mas eles não lhe ouvem! E você não conseguirá mudar a forma de agir deles! Então, porque insiste? O homem então se voltando para o caixeiro-viajante disse em voz calma: é que se eu desistir, além de não mudá-los, eles é que terão mudado a minha forma de ser! Nós professores temos muito desse homem persistente, pois, muitas vezes em nossa prática de sala de aula devido ao descompromisso de parte de nossos educandos com a aprendizagem nos sentimos semeando nas rochas com a esperança que uma semente caia numa fenda, germine e cresça uma planta vigorosa.
Vivemos um momento de mudanças radicais na sociedade, grande parte da juventude não aceita mais as respostas prontas que a geração anterior lhe proporciona, desconfia e considera inúteis as ideologias que deram sustentação à sociedade moderna, declaram não possuir ideologias, sendo isto na verdade uma ideologia conservadora, pois ao negar a luta de classes e o marxismo que se opõe ao Capitalismo Neoliberal, fortalecem este último. Alguns se declaram “pós-modernos”, a maioria presa à alienação, possui muita informação e pouco conhecimento. Empunham várias bandeiras, mas intencionalmente ou não, acabam por carregar a faixa do conservadorismo, pois, longe de transformar a sociedade em algo melhor perigosamente contribuem para trazer de volta ao palco do Poder os representantes do retrocesso, pois, minam um governo progressista que trouxe grandes avanços na área social. A sociedade age tal qual a Alegoria da Caverna de Platão em que algumas pessoas estavam acorrentadas no fundo de uma caverna e jamais tiveram contato com o mundo exterior, e assim, sem explicações para sombras projetadas pela luz vinda da entrada e que atingia a parede no fundo da caverna, associavam os sons que ouviam às sombras e criavam as suas noções da realidade, até que certo dia, um prisioneiro conseguiu se libertar, saiu e tomou contato com o mundo exterior, viu que os sons eram de pessoas que passavam e que as sombras projetadas caverna adentro eram de plantas e estátuas e volta para dentro da caverna para libertar da ignorância os seus companheiros e estes após ouvi-lo o matam e continuam com suas velhas crenças, assim é a nossa sociedade que até ouve mas não compreende, cultua sombras e dá as costas para a luz.
Há muito da Alegoria da Caverna em nossa sociedade, há pessoas que insistem em acreditar no boato da Bolsa-Prostituta¹ na qual o Governo Federal iria dar R$ 2000,00 mensais para todas as prostitutas e que circulou nas redes sociais e que por iniciativa da Deputada Federal vítima da calúnia está sendo investigada pela Polícia Federal. Houve também a Bolsa-Crack² como se fosse um programa do Governo Federal (na verdade um programa do Governo do Estado de São Paulo – PSDB e que paga o tratamento de dependentes em clínicas particulares até o valor mensal de R$ 1350,00) uma atitude que não deve ser condenada, feita a ressalva de que seria melhor se realizada por clínicas/hospitais públicos e virasse política de Estado. A outra polêmica diz respeito à Bolsa-presidiário, ou seja, dizem as pessoas mal informadas que o criminoso é premiado com um valor mensal superior ao salário mínimo por ter cometido crimes, na verdade, o criminoso não recebe nada, o “auxílio-reclusão”³: é um benefício dos segurados do INSS, ou seja, ampara a família (esposa e filhos) do segurado. As pessoas que têm como senso de justiça que esposa e filhos do segurado não usufruam de um benefício instituído em 1991, além de negar tal amparo, condenam inocentes e indiretamente estimulam seus dependentes para que entrem no mundo do crime e da prostituição. Enfim, como disse o Dalai Lama “Seja a mudança que quer ver no mundo”, quer um país sem corrupção, não seja corrupto(r). Quer mais recursos para a Educação e a Saúde? Não sonegue! Quer um mundo mais humano? Seja humano, coloque-se no lugar do outro!
Fonte:
1. http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed747_ingenuidade_perigosa_nas_redes_sociais – Acesso em 23/07/2013.
2. http://odia.ig.com.br/portal/brasil/governo-de-s%C3%A3o-paulo-vai-dar-bolsa-crack-a-viciados-1.579518 – Acesso em 23/07/2013.
3. http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22 – Acesso em 23/07/2013.
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