quinta-feira, 11 de julho de 2013
Meu conselho ao Gigante!
Há um intenso debate sendo desenvolvido nas entrelinhas de discursos que por meio da exploração do senso comum tentam angariar a simpatia da opinião pública e este diz respeito ao tamanho do Estado Brasileiro. Há uma elite privilegiada que o quer mínimo, explica-se: um Estado Mínimo (tão saudado e desejado pelos neoliberais) é um Estado débil para atender as necessidades da população carente e ao mesmo tempo forte para impedir as manifestações dos trabalhadores tidas como desordem para os detentores do Poder Econômico e Político. O Estado do Mínimo tem um governo “testa de ferro” do Grande Capital, mas que concede algumas migalhas para a pequena burguesia alienada que sai cantando glória ao capitalismo, não percebendo ou não dando importância ao fato de ser ela também explorada na perversa hierarquia do Darwinismo Social. Assim, os defensores do Estado do Mínimo são contra as políticas de resgate social por eles chamadas de assistencialismo. Eu até entendo (embora considere egoísmo) que se a pessoa possui terras, ou é dona de banco, ou, retira a mais-valia¹ de alguém defenda o Capitalismo Neoliberal, mas o que dizer de quem é trabalhador e faz a defesa cega do mesmo? Um Capitalismo excludente cuja natureza intrínseca são as crises periódicas e rotineiras a ponto de quando sairmos da atual crise econômica que é mundial, a pergunta a nos perseguir não é se haverá uma nova crise, mas quando será? Teremos tempo para retomar o fôlego?
A grande maioria dos brasileiros deseja que o Estado ofereça os serviços de excelente qualidade ofertados pela Suécia, no entanto, ignora que não há soluções mágicas, existe uma conta a se pagar na forma de impostos, a Suécia é o segundo colocado no ranking de tal quesito (56,6%), mas o cidadão sueco é cuidado pelo Estado do momento em que nasce até o seu sepultamento. Observei nos últimos dias nas redes sociais vários posts colocando o Brasil que na verdade é o 55º colocado no ranking como sendo possuidor do Leão mais esfomeado do mundo². Precisamos então escolher: queremos avançar em direção a um Estado de Bem-Estar Social? Se assim desejamos, devemos pagar por isso na forma de impostos! Ou queremos a redução dos mesmos? Então a única saída é o Estado Mínimo, ou seja, o “Reino Neoliberal do salve-se quem puder” onde a lei do mais forte impera e o desfavorecido morre à míngua, mas neste caso fica uma importante questão: É justo do ponto vista moral e ético condenarmos o presente e o futuro do próximo pelo fato deste não ter nascido em berço confortável?
Há alguns anos publiquei um artigo com o título “Será que devemos comemorar o fim da CPMF?”, a maioria da população estava exultante com o fim da mesma, a CPMF destinava seus recursos para a saúde, o percentual máximo de tal contribuição sobre toda a movimentação financeira chegou a 0,38%, um percentual baixo, mas que representava um montante significativo conforme o tamanho das operações financeiras, ou seja, os privilegiados pagavam mais, por isso, a gritaria pela sua extinção. A elite desse país que representa o grande capital, começou a rufar seus tambores contra a cobrança e encontrou eco na classe média e em congressistas que quando formavam a base governista se diziam ferrenhos defensores da Saúde e, portanto da CPMF e quando o destino os jogou na oposição passaram a defenestrá-la. A cobrança da CPMF dava um importante indicativo para a fiscalização quanto a possíveis sonegações, pois evidenciava movimentações financeiras que fossem superiores às declaradas. Enfim, o gigante acordou e quer uma Educação e uma Saúde no padrão “FIFA”, mas quer pagar por elas o preço do campinho desnivelado sem arquibancada e com traves de madeira situado no potreiro da fazenda. Considero legítimo o direito da população brasileira em querer que a saúde, a educação, a segurança e a infraestrutura sejam de ótima qualidade, mas se deve ter a consciência que faltam recursos financeiros para isso se viabilizar, assim, o povo precisa se conscientizar quanto ao modelo de Estado que deseja (nesse caso o Estado de Bem-Estar Social), e, parar de reclamar tanto pelos impostos que paga. Devemos cobrar a boa administração dos recursos existentes e também uma fiscalização rigorosa no combate à sonegação que é estimada em mais de 400 bilhões de reais/ano, recursos estes que ajudariam muito na melhoria da qualidade dos serviços públicos que recebemos. Então, gigante, peço que não fique chateado com a minha pretensão, mas deixo-lhe um conselho: não compre discursos de quem tem ojeriza por tudo que é público e só vê no lucro individual a sua razão de viver.
1. Mais valia é o nome dado por Karl Marx à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base do lucro no sistema capitalista.
2. http://exame.abril.com.br/economia/noticias/os-dez-paises-onde-mais-se-paga-imposto-de-renda?p=10#11- Acesso em 09 de Julho de 2013.
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