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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Anos 90: o condutor perdeu a charrete!

A música “aluga-se” gravada no ano de 1980 e cujos compositores são Raul Seixas e Claudio Roberto Andrade de Azevedo parece ter “ares” de profecia, pois, antecipou em mais de 10 anos o que ocorreria nos anos 1990 quando o Governo Brasileiro sob a batuta de Fernando Henrique Cardoso (FHC) resolveu colocar a teoria da obra musical na ordem do dia, o que ocorreu a partir daí todos sabemos, ou seja, a orquestra desafinou. Em sua música Raul canta: “ A solução pro nosso povo eu vou dá, negócio bom assim ninguém nunca viu, tá tudo pronto aqui, é só vim pegar, a solução é alugar o Brasil! (...) Vamo embora, dá lugar pros gringos entrar, esse imóvel tá prá alugar”(...). E sob os auspícios de dias melhores para o país, via entidades tais como o FMI, que propagavam aos quatro cantos do mundo subdesenvolvido a receita “infalível” do neoliberalismo para os países que quisessem ingressar no primeiro mundo, FHC embarcou naquele que foi o maior “conto do vigário” do século. A equipe de FHC montou o maior programa de privatização da história deste país com o objetivo de arrecadar dólares para a combalida economia nacional, reduzir ou eliminar a dívida externa, tornar as empresas mais competitivas e assim gerar serviços melhores e tarifas mais baixas para os cidadãos. O programa de privatizações pela sua complexidade, não poderia ter sido levado a cabo, sem um amplo debate pela sociedade e sem o instrumento de consulta à população (referendum), no entanto, FHC esqueceu possuir um diploma de sociólogo ao não agir desta forma. Aproveitando-se do fato de que tinha o apoio da grande mídia e a maioria no Congresso Nacional, naquele recinto fechado, porém, sob os holofotes de uma grande mídia entreguista e antipatriótica, “a qual pensava antecipadamente aquilo que o povo obrigatoriamente teria que pensar” decidiu-se o que na prática já estava decidido, ou seja, num processo que já nasceu eivado de vícios, a ampla maioria conservadora dos representantes políticos brasileiros doou (e a palavra é exatamente esta!), um patrimônio que foi duramente construído durante décadas através do suor do povo brasileiro. E este processo de privatizações “viciado” beneficiou prioritariamente os interesses de uma minoria nacional e estrangeira, representantes do grande capital. Tal ato de improbidade administrativa jamais foi investigado pelo Congresso Nacional cuja maioria apoiava o Governo FHC, sequer pelo Ministério Público, apesar das tentativas da oposição neste sentido que reclamava que o Procurador Geral da República da época (Geraldo Brindeiro) era na verdade um “Engavetador Geral da República”, nada adiantou, nem mesmos os protestos da parcela esclarecida da população. A verdade é que uma coisa é ser favorável ao Estado mínimo, ao modelo neoliberal, outra é defender um processo de privatização corrupto, entreguista, impatriótico, enfim, lesa-pátria (nesse caso não há redundância possível em virtude do que foi praticado!). Qualquer pessoa que sair do senso comum e estudar com afinco a forma como foram conduzidas as privatizações do período FHC entenderá porque ficaram conhecidas como “privataria” (privatização+pirataria). No processo privatizante, estatais foram subavaliadas, supostamente de forma mal intencionada, e, como se não bastasse isso, o governo via BNDS forneceu o dinheiro, para grupos empresariais comprarem as estatais, o que inibiu a vinda de capital estrangeiro, endividou ainda mais o país, que ainda forneceu empréstimos para muitas empresas se modernizarem, adquirirem concorrentes e assim ganharem competitividade (ou seria para formarem monopólios privados?) e isso é parte da explicação das altas tarifas de muitos serviços pagos pela população. O que ocorreu no governo FHC não encontra paralelo no mundo desenvolvido, até mesmo a “Dama-de-Ferro” Margareth Thatcher (1925-2013) com toda a truculência que lhe era habitual, neoliberal até o último fio de cabelo, soube conduzir o processo de privatização inglês com mais competência e sensatez, pulverizando as ações das estatais nas mãos da sociedade inglesa, evitando assim beneficiar interesses espúrios. O mais neoliberal dos brasileiros, munido de bom senso, ao estudar a forma como foi conduzido o processo de privatizações brasileiro do período FHC cora de vergonha, pois, não há como defender o moralmente indefensável. P.S. O título parafraseia a música gravada por Raul Seixas: “Anos 80”, que numa de suas estrofes diz: “Hey, anos 80 charrete que perdeu o condutor”.

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