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sábado, 18 de outubro de 2025

A Educação como prioridade x a Educação como discurso

 

           Há alguns dias, li uma postagem em uma rede social do conferencista, palestrante e consultor em educação e gestão Renato Casagrande e, inevitavelmente relacionei-a com os tristes e obscuros tempos da educação paranaense sob o atual governo de Ratinho Júnior. A frase de  Renato Casagrande ecoa com triste precisão no Paraná: "Se a educação é prioridade, mas o professor não é valorizado, então a prioridade nunca foi a educação, foi apenas o discurso". Esta reflexão sintetiza a realidade educacional sob o governo Ratinho Júnior, onde o discurso é a verdadeira prioridade, e não a educação em seu sentido pleno.

            A situação concreta dos professores paranaenses desmente qualquer retórica oficial. Relatam-se casos chocantes: um professor obrigado a fazer um curso online do leito de um hospital, sem o direito de apresentar atestado médico. Há registros de milhares de profissionais adoecidos e até de mortes no ambiente de trabalho, com uma professora falecendo no momento em que era cobrada por não bater metas.

            A valorização, na prática, é inversa. Trabalhar doente tornou-se uma necessidade, não uma opção. Quem falta, mesmo com atestado, sofre descontos salariais (perda de gratificação) e pode ser rebaixado na atribuição de aulas, ameaçando seu emprego no ano seguinte. Até professoras em licença-maternidade, um direito constitucional, tiveram gratificações cortadas. O salário, já com uma defasagem de 47% ante a inflação, força o professor a desobedecer ordens médicas e trabalhar para sustentar a família.

            A prioridade discursiva fica ainda mais clara com ações concretas do governo: não pagar a reposição inflacionária há sete anos, desfigurar o plano de carreira, desrespeitar a hora-atividade garantida por lei e fechar escolas, superlotando as salas remanescentes. Essa política não visa a formação integral do cidadão, mas "treinar" alunos para atingir índices como o IDEB, formando mão de obra barata em vez de mentes críticas.

            Lembro de Jô Soares (1938-2022) quando disse: "o professor é o material escolar mais barato da praça". No Paraná, infelizmente, essa máxima parece ser a regra. O governador chegou a se vangloriar de nunca atender e que nunca atenderá as reivindicações docentes. Diante disso, fica evidente que, enquanto os professores não forem verdadeiramente valorizados, a educação nunca será a real prioridade. No caso de Ratinho Júnior, a prioridade sempre foi o discurso, não a educação!

 

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