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sábado, 5 de abril de 2025

O Brasil deve um pedido de desculpas à Dilma Rousseff

 

           Há alguns dias, li que a ex-presidenta do Brasil Dilma Rousseff (1947), foi reconduzida ao cargo de presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do BRICS. O NDB tem como propósito ser um contraponto aos draconianos FMI e Banco Mundial. O BRICS, por sua vez, é um grupo de países associados que procuram fazer um contraponto ao grupo dos países mais ricos do mundo (G7) formado por Estados Unidos, Reino Unido, França, Canadá, Itália, Alemanha e Japão, no que concerne à governança global, defendendo uma Nova Ordem Mundial (Multipolar). Não constitui, portanto, um bloco econômico. O BRICS comporta atualmente, além dos membros originais (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), outros seis países. Os países mais influentes do grupo são respectivamente a China e a Rússia.

            No regulamento interno do NDB, os países membros originais, alternadamente podem indicar o presidente do banco por uma gestão (cinco anos). A indicação dela ao cargo, foi obra do Presidente Lula. A sua recondução ao cargo foi por iniciativa da dupla Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia) e  aprovada por unanimidade entre os membros. O motivo: a ótima gestão realizada por Dilma frente ao banco, saneando-o, captando créditos, financiando obras de infraestrutura nos países do Sul Global. O NDB tem como propósito ser um contraponto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, que constituem instrumentos utilizados pelas velhas potências globais para submeter os países subdesenvolvidos em benefício de seus interesses imperialistas.

            Dilma Rousseff é economista de formação. Opositora à ditadura militar (1964-85), foi presa (1970) e submetida a uma série de torturas sem denunciar seus companheiros de luta. Em 2016, foi cassada por um Golpe de Estado travestido de impeachment, por meio de uma lei que valeu somente para ela, nunca antes e nem depois. Juristas de renome, em entrevistas na mídia digital e impressa afirmaram a ilegitimidade e a ilegalidade do impeachment. Dilma compareceu ao Congresso e encarou os golpistas discursando e olhando nas suas caras, demonstrando a altivez típica dos grandes espíritos, tal como fez na ditadura militar, quando ao ser fotografada manteve a pose e o olhar soberano, enquanto aqueles que a julgavam escondiam seus rostos. Na votação do impeachment, ao declarar seu voto, um deputado intelectualmente medíocre e desprovido de senso de empatia homenageou o coronel Ustra, o torturador de Dilma Rousseff. Dilma perdeu o cargo, porém, manteve sua biografia intacta, pois, foi absolvida posteriormente na Justiça. Não houve crime de responsabilidade (o golpe atendia às exigências do Capital).

            Dilma não foi julgada apenas pelo seu governo (bom ou ruim), mas também por ser mulher. Nas ruas circulavam automóveis com o repugnante adesivo misógino de Dilma Rousseff no bocal do tanque de combustível. Enojado, presenciei à distância uma roda de conversas em que homens afirmavam que "o cargo de presidente não pode ser ocupado por mulher" e/ou que "se é para ter uma mulher, que pelo menos fosse linda" (beleza não é algo exigido dos homens). Não interferi, li e concordo, que "debater com fascistas atrasa a revolução", seja a "revolução em curso", tão somente propiciar às pessoas, o mínimo para que vivam com dignidade e sejam reconhecidas e julgadas respectivamente pelos seus méritos e atos, não pelo seu gênero. Penso que não é preciso ser mulher para pensar dessa forma, basta não ser filho de chocadeira, afinal, todos têm/tiveram mães, podem ter esposas, filhas ou netas.

 

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