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sábado, 18 de janeiro de 2025

São Bernardo

 


        É de todos conhecida a expressão "por trás de toda grande fortuna, há um crime" cunhada por Honoré de Balzac (1799-1850). É esse o caso em São Bernardo, publicado em 1934 por Graciliano Ramos (1892-1953). Paulo Honório é a personagem central e narrador da obra São Bernardo. No afã de entender sua própria história de vida, resolve escrever um livro, ele que pouquíssimo estudo tinha e não gostava de ler literatura de ficção. Sua pouca leitura era sobre coisas úteis e práticas no seu entender, principalmente, novas técnicas agrícolas. Capitalista, divide a tarefa da produção do livro com alguns amigos, mas, não gosta do resultado, muito "rococó", quer uma escrita simples, direta e dura como ele.

            Toma para si a tarefa, conta da miséria de sua infância, de ter sido adotado por uma mulher muito pobre e de como amealhou sua fortuna, fazendo as vezes de caixeiro viajante negociando bugigangas, fazendo agiotagem, explorando pessoas em dificuldades financeiras e tomando como garantia imóveis pelo menor preço possível. Dessa forma conseguiu a Fazenda São Bernardo, que desde muito jovem sonhara possuir. Contratou funcionários, era com eles muito rude, humilhava-os, pagava pouco e exigia muito trabalho em troca.

            Transformou a Fazenda São Bernardo numa das mais produtivas da região. Possuía uma disputa de terras com Mendonça, com a morte (suspeita) deste, avançou a cerca sobre as terras de sua viúva. Construiu uma escola e pagava um professor para lecionar aos filhos dos empregados da fazenda, em atendimento ao pedido do governador, afinal, sempre é bom contar com as boas graças dele.

            Muito rico e poderoso, acostumado a resolver no braço (armado ou não) suas querelas, respeitado pelo temor que causava, lhe faltava um herdeiro. Faz suposições comparativas entre as moças disponíveis na região. Ser genro do Juiz poderia lhe ser de utilidade, mas, conhecera a professora Madalena, uma moça de 27 anos, "quase velha para casar",  uma loirinha, pequena, linda, ainda em idade de lhe dar herdeiros. Julga que, para ela, pobre, casar com ele, rico e poderoso, seria um bom negócio. Ambos teriam vantagem com o arranjo. E assim, como negócio fosse, propõe o casamento que ocorre pelo interesse de ambos. O correr dos dias torna o relacionamento difícil, o excessivo materialismo e dureza da personalidade de Paulo Honório na condução da vida e dos negócios é confrontada com o humanismo proletário de Madalena.

Sugestão de boa leitura:

Título: São Bernardo.

Autor: Graciliano Ramos.

Editora: Record, 2019, 288 p.

 

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