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domingo, 12 de janeiro de 2025

Ainda estou aqui

 

♪♪ "Quem não curtiu o Globo de Ouro da Fernandaaa, bom sujeito não ééé...

É ruim da cabeçaaa, ou um doente manééé..." ♫♫♫

             

            Que início de ano maravilhoso, Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro em filmes da categoria drama competindo com atrizes brilhantes. Uma surpresa para o mundo, não para nós brasileiros, que nos acostumamos a assistir a sua versatilidade transitando maravilhosamente no drama ou na comédia.

            Tomei conhecimento do livro "Ainda estou aqui" pela forte repercussão nacional e internacional do filme. A obra trata da vida e da luta de Maria Lucrécia Eunice Beirodt Paiva (Eunice Paiva - 1929-2018) esposa do ex-deputado federal Rubens Paiva (1929-1971). Eunice tinha cinco filhos e levava uma confortável vida em uma família privilegiada há gerações. Rubens Paiva poderia desfrutar de sua excelente condição financeira, mas, pensava muito além do próprio umbigo. Era solidário, ajudava quem era perseguido político a se esconder. Foi descoberto, preso, torturado de forma tão selvagem que morreu no segundo dia de prisão. Tornou-se um desaparecido político.

            Eunice que jamais chorou em público (nem para os filhos), obrigava-os a sorrir para fotografias de reportagens. Formada em Letras, voltou a estudar, fez um curso de Direito e se tornou uma grande advogada militante dos direitos humanos, especializando-se na causa indígena. Ela passou a vida a percorrer os corredores de Brasília e dos Fóruns de Justiça exigindo que o caso Rubens Paiva e similares fossem esclarecidos. A família Paiva passou por dificuldades financeiras, não podia receber o seguro de vida e nem tocar o inventário, pois a ditadura criou um simulacro de que Rubens Paiva teria sido resgatado por "terroristas", para isso militares metralharam o próprio carro e o incendiaram conforme orientações superiores.

            No Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o Estado Brasileiro assumiu a culpa pelas mortes de presos políticos na ditadura militar (1964-1985), mas, foi com a Comissão da Verdade, no Governo de Dilma Rousseff (2011-2016), que o caso foi esclarecido e os nomes dos torturadores e assassinos se tornaram conhecidos. Ainda estou aqui, tem um triplo significado, afinal, os militares criminosos jamais pagaram por seus crimes e muitas "Eunices" aguardam justiça para aqueles que ainda estão vivos. O segundo significado é que a ditadura acabou, mas os defensores da democracia exitosos permanecem. O terceiro significado é que Eunice Paiva acometida de Alzheimer, em seus últimos anos, algumas vezes elaborava hiatos de reflexões lúcidas.

Sugestão de boa leitura:

Título: Ainda estou aqui.

Autor: Marcelo Rubens Paiva.

Editora: Alfaguara, 2015, 296 p.

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