Ao iniciar estas linhas,
lembro da música "Eu também vou reclamar" de Raul Seixas (1945-1989).
Digo isso, porque este espaço não surgiu para tratar apenas de literatura,
embora eu tenha grande predileção pelos livros, e sinta uma vontade enorme de
compartilhar com vocês leitores, as minhas experiências literárias, leitor
inveterado que sou. Doravante, intercalarei artigos de opinião e literatura.
Inversamente a Raulzito, não posso dizer que sou o
primeiro, mas tenho grande responsabilidade em utilizar tinta vermelha, pois
sabemos, a disputa pela hegemonia do discurso é também parte da luta de
classes. E como nos ensinou Marx, a luta de classes é o motor da história.
Roberto Marinho (1904-2003) acertadamente disse: "o maior poder de O Globo
está naquilo que ele não publica". Isso vale para toda a mídia. A voz da
classe trabalhadora é silenciada, pois ela não tem o mesmo espaço dado aos
representantes do grande capital. Num mundo em que a alienação, se faz pelo
fetiche da mercadoria e pela falta de acesso à boa e verdadeira informação, e
no qual, a média das pessoas, têm diminuta capacidade de raciocínio crítico,
quem recebe pouco mais que a média salarial da base da pirâmide socioeconômica
brasileira pensa ser magnata.
Tenho uma camiseta que possui a seguinte frase: "Era
tão pobre, mas, tão pobre, que só tinha dinheiro". Essa frase se justifica
pelo fato de que, em nosso país, uma grande parcela da burguesia, nada possui
além do vil metal, pois é desprovida da luz, do conhecimento. Situação ainda
pior é a do pobre de direita, sequer sabe que é pobre, sequer sabe que a
direita sempre trabalhou e trabalha para a manutenção dos privilégios de uma
minoria, da qual não faz parte. O pobre de direita é no entender de Bertolt
Brecht (1898-1956), o analfabeto político. Não entende a política, as suas
correntes ideológicas e nem se preocupa em iluminar-se. É eterno refém do
grilhão que lhe aprisiona a uma vida medíocre e, para a qual contribui ad eternum.
Nos últimos dias, vi muitos pobres de direita, gozosos pela posse de Donald Trump na presidência estadunidense. Donald Trump, aquele cidadão ignóbil, asqueroso e arrogante retribuiu a paixão desses "patriotas" afirmando que os Estados Unidos não precisam do Brasil e da América Latina. O que incomoda não é a frase dessa escória humana que atualmente ocupa a Casa Branca, mas a sabujice de parcela de alienados brasileiros. Não é surpresa! Seu "mito", quando ocupava o cargo de presidente do Brasil bateu continência para a bandeira americana. Sabujice e entreguismo capaz de fazer corar de vergonha até mesmo as caveiras dos falecidos generais da ditadura militar (1964-85).