A história da personagem Ana Terra é contada no livro a
partir do ano de 1777 quando esta contava vinte e cinco anos de idade e
continuava solteira. É interessante, diria até poético, que a personagem ao
narrar os fatos trágicos de sua vida afirma que estes sempre ocorreram em dias
ventosos. Ana morava com seus irmãos Horácio e Antônio na fazenda de seus pais
Maneco Terra e D. Henriqueta. Apesar de já estar com idade avançada para
casamento (segundo os costumes da época), Ana não tinha interesse em buscar
casamento, além do que as terras onde moravam eram muito distantes da cidade
mais próxima (Rio Pardo). Tudo muda quando Ana encontra um índio ferido às
margens do riacho onde lavava as roupas da família. Ana apavorada, corre avisar
a família, o pai e os irmãos tratam o indígena da etnia Tapes. No entanto,
quando recuperado, o índio resolve ficar e ajudar na lida da lavoura. Seu
Maneco, gostaria que ele fosse embora, mas, também precisa de ajuda na lavoura.
Certo dia, Ana vai lavar roupa e pressente que alguém a vigia, olha para trás e
Pedro Missioneiro (o indígena) salta sobre o seu corpo e Ana que havia achado o
índio bonito e, que a todo momento o observava, não oferece nenhuma
resistência, beijam-se e fazem amor. Outras vezes isso ocorre, até que Ana
descobre estar grávida.
Ana comunica Pedro e pede para que fujam juntos, uma
filha que perde a virgindade antes do casamento ou, pior ainda, que fica
grávida sem ser casada, era uma desonra para a família. Pedro que tem uma aura
mística sobre si, diz que não pode fugir e que tudo correrá como o destino
determina para ele. Maneco Terra ao saber do fato manda os filhos Horácio e
Antônio matarem Pedro em um local distante. Ana vê os irmãos saírem com armas e
uma pá. Pedro não volta. Maneco Terra e irmãos não dirigem mais a fala à Ana.
D. Henriqueta é a única a conversar com Ana.Os dias passam e Ana Terra dá a luz
a um menino bonito, ao qual deu o nome Pedro (em homenagem ao pai da criança).
Maneco e os tios ignoram a presença da criança que vai crescendo tendo a
atenção unicamente da mãe e da avó. Maneco Terra começa a progredir e compra
três escravos (um deles morre atingido por um raio). Os irmão aconselham a irmã
a não se deitar com os escravos. Ana (irritada), descarrega toda a raiva que
sentia contra os irmãos e o pai chamando-os de assassinos. Sempre que o filho
pergunta do pai, Ana diz que ele morreu na guerra. Os anos passam, Horácio (o
mais velho dos irmãos) se muda para Rio Pardo, estabelece um comércio e casa-se
por lá. Antônio permanece trabalhando com o pai na fazenda e, casa-se com
Eulália. Antônio e Eulália têm uma linda filha, a qual deram o nome de Rosa.
Pouco tempo após cortar o cordão umbilical de sua neta, D. Henriqueta faleceu.
Ana e Eulália ficam responsáveis pelos afazeres
domésticos, os homens cuidam do cultivo do trigo, com o qual almejam ganhar
muito dinheiro. Pedro cresce e demonstra cada vez mais interesse pela
agricultura, o avô percebe e começa se render aos encantos deste, Ana vê o pai
conversando com o seu filho, mas não interfere. Chega a notícia de que os
castelhanos estão saqueando as fazendas e praticando atrocidades contra as
pessoas que encontram. As mulheres e as crianças são orientadas por Maneco
Terra a se esconderem no mato. Ana encaminha Eulália, Rosa e Pedro para se
esconderem na mata, mas, volta para a casa, junto do pai e irmão. Questionada
sobre as razões da volta, Ana diz que na casa há roupa de mulher e que ela
ficará para despistar os bandidos, com isso procurando colocar a salvo Eulália
e as crianças, pois, caso contrário, os castelhanos procurariam nos arredores.
O pai pergunta se ela sabe o que pode lhe acontecer, Ana sem dizer palavra, dá
a entender que sim. Os bandidos chegam, matam Antônio que tentou negociar para
que não praticassem violência com eles e, mesmo ante a resistência possível de
Maneco e dos escravos, estes são atingidos por tiros e caem desfalecidos. Os
bandidos destroem a casa procurando dinheiro e jóias, questionada, Ana nega
haver dinheiro em casa (ela não conta onde está o baú com dinheiro de seu pai).
Os bandidos separam para levar em carroças, tudo o que há de valor na casa, a
colheita de trigo e as provisões de alimentos. Levam também as poucas cabeças
de gado bovino da propriedade.
Ana é estuprada pelos bandidos, em estado de choque,
desmaia. Quando volta à consciência, vê que os castelhanos se foram e que seu
pai, seu irmão e os dois escravos estão mortos. Vai à mata à procura das
crianças e da cunhada. Ana não conta à Eulália o que lhe aconteceu, ela percebe
mesmo assim. Ela comunica à Eulália e às crianças que todos estão mortos e que
eles precisam enterrar os corpos. A noite chega, as crianças dormem, Ana ouve o
choro de Eulália. No dia seguinte, Ana acorda antes dos demais e descobre que a
vaca mimosa fugiu dos bandidos e voltou, ela ordenha a vaca e, com grande
felicidade acorda os demais oferecendo uma caneca de leite para cada um. Na
manhã seguinte passa pela fazenda dos Terras duas carroças com a família de
Marciano Bezerra com destino à Santa Fé, um povoado que estava sendo instalado
nas terras do Coronel Ricardo Amaral. Ana e Eulália precisam decidir o que
farão do resto de suas vidas, ficar na fazenda da família e reconstruí-la,
tentando sobreviver ante os perigos de uma terra isolada, ou abandoná-la, se
juntando à família de Marciano Bezerra e usar o dinheiro deixado pelo pai para
se estabelecer no distante povoado. Fico por aqui para não dar spoiler! Fica a
dica!
Sugestão de boa leitura:
Título: Ana Terra.
Autor: Érico Veríssimo.
Editora: Companhia das Letras, 2005, 112 pág.
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