Guerra Fria foi o termo
utilizado para designar a rivalidade entre Estados Unidos da América (EUA) e a
então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no período
compreendido entre 1945 (bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki) e o fim da
superpotência socialista em 1991. A superpotência capitalista (EUA) e a
superpotência socialista (URSS) buscavam a hegemonia mundial. Desse modo, o
mundo foi dividido em dois blocos principais, o capitalista e o socialista.
Havia ainda um terceiro bloco de países (os não alinhados) e que contava com
países capitalistas e socialistas que discordavam (em meu ver, acertadamente) da
forma de atuação de ambas as superpotências. A corrida espacial e a corrida
armamentista do período (passadas três décadas) ainda afetam o mundo atual,
afinal, muitas tecnologias (para o bem ou para o mal) foram criadas e
aperfeiçoadas com base em conhecimentos desenvolvidos no período. A Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 1949 e, na época, tal como
no jogo de xadrez, a ação preventiva de um lado gera outra no lado oposto, em
1955 era criado o Pacto de Varsóvia. Ambas eram alianças político-militares de
apoio militar mútuo no caso de um ataque a um dos membros por parte de um país
ou de toda a aliança militar adversária.
É importante lembrar que o acirramento da corrida
armamentista foi uma estratégia estadunidense para quebrar a economia
soviética. A superpotência socialista precisava investir 40% de seu orçamento
na economia militar para fazer frente aos EUA que precisava gastar menos (12%).
A economia civil da URSS ia mal, precisava de mais investimentos. O povo tinha
dinheiro, mas, a produção de artigos de consumo duráveis e não duráveis para a
população era insuficiente e isso a incomodava. Obviamente que a falta de
liberdade de expressão (de democracia) também foram fatores que ajudaram a
causar o desgaste junto à população, mas, esta (em sua maioria) queria mudanças
e, não especificamente o fim do socialismo, pois, também era crítica ao
capitalismo. O governo do reformista Mikhail Gorbachev (1985-1991) era de
coalizão (membros reformistas e linha-duras). O Secretário Geral do PCUS
(Partido Comunista da União Soviética) que governava o país era pressionado
pelos reformistas que desejavam acelerar as reformas e pelos linha-duras que
não queriam as reformas e desejavam a manutenção do regime e do status da URSS
na Guerra Fria.
Gorbachev insistia
muito em tratados de desarmamento com os EUA. Desejava fazer a Perestróica (reestruturação
da economia soviética) investindo mais na economia civil e menos na economia
militar e, para tal precisava de um tratado de contenção de gastos militares,
afinal, a URSS também não podia se tornar frágil perante os EUA. Gorbachev
pretendia também implantar sua política da glasnost (transparência) que visava
democratizar o socialismo soviético, ou seja, abandonar o autoritarismo que
havia caracterizado o regime e conceder liberdade de expressão para a população
e transparência quanto aos atos governamentais. O Leste Europeu aproveita o
momento, abandona a órbita de influência da URSS e inicia sua transição para o
capitalismo sem que a URSS impeça como fez noutras vezes como no episódio
conhecido como Primavera de Praga (1968). Não demorou e as coisas saíram do
controle, Gorbachev sofre um golpe de estado, é sequestrado e mantido preso na
Criméia. Lideranças importantes das repúblicas soviéticas chamam o povo às ruas
e conseguem fazer com que os soldados (atordoados pelos rápidos acontecimentos)
troquem de lado. O golpe é frustrado. A URSS se desmantela com a independência
de quinze repúblicas a saber: Estônia, Lituânia, Letônia, Ucrânia, Azerbaijão,
Cazaquistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Quirguistão, Belarus,
Geórgia, Moldávia, Armênia e Rússia (a maior delas).
Com a desintegração da URSS em 1991, o Pacto de Varsóvia
deixou de existir, pois a superpotência socialista (em crise) não tinha
condições financeiras para mantê-lo e, mesmo porque o leste europeu se afastou
da URSS. Com sérios problemas separatistas em seu território a Rússia (a
herdeira da ex-URSS) se concentrou nestes abandonando seu protagonismo
internacional, havia muito o que resolver, dentre estes assuntos urgentes
estavam o espólio militar e nuclear da URSS. A Rússia desejava ficar com todo o
arsenal nuclear e contou com o apoio dos EUA em tal intento. Os EUA consideravam
mais seguro que o arsenal nuclear estivesse todo ele em mãos de um único país
(a Rússia), pois, temiam que os artefatos nucleares pudessem ser usados por
lideranças extremistas que assumissem o poder nestas ex-repúblicas ou ainda que
políticos e militares corruptos os vendessem a terroristas. Além de pressionar,
os EUA ofereceram preciosos recursos financeiros para as repúblicas
ex-socialistas que se encontravam em crise econômica na etapa de transição do
socialismo para o capitalismo e que consideraram ser irrecusáveis. Foi uma
atitude sensata por parte destas, pois, as ex-repúblicas não tinham recursos
financeiros para a manutenção e modernização do arsenal soviético, exemplo
disso é que centenas de aeronaves tecnologicamente avançadas e inúmeros outros
equipamentos bélicos modernos (à época) viraram sucatas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário