A desintegração da URSS
trouxe para as pessoas ingênuas, a falsa impressão de um mundo mais seguro. Foi
o "equilíbrio do terror", ou seja, a impossibilidade de um confronto
direto entre as superpotências que evitou a Terceira Guerra Mundial/Guerra
Nuclear, dado o fato que implicaria na destruição mútua assegurada (MAD). A Rússia,
como dissemos, abriu mão da disputa pela hegemonia mundial, afinal, o
desmantelamento territorial e econômico do país exigiam a atenção total de seus
governantes que precisavam conter novos focos separatistas. A transição do país
para o capitalismo foi traumática, com ela veio o fim de vários serviços
públicos gratuitos oferecidos pelo Estado socialista, fato que muito desagradou
a população. A Rússia é hoje um país capitalista e, como tal possui os
problemas característicos deste sistema.
Moscou é atualmente, a capital de país com o maior número
de bilionários. Significativa parcela dessas fortunas são de antigos burocratas
soviéticos, que, por suas relações de proximidade com o poder (corrupção) se
tornaram proprietários de empresas e detentores de direitos que os tornaram em
magnatas. O povo em geral, não teve a mesma sorte. O poder aquisitivo e a
qualidade de vida despencaram com o fim do socialismo e da política de pleno
emprego do país. Inúmeras reportagens foram realizadas no país e nelas, pessoas
choravam pelo fim do socialismo, enquanto outras (em pequeno número) exibiam-se
com seus iates, helicópteros e carros de luxo. A miséria, a fome, o desemprego reinaram
forte nos anos que se seguiram ao fim da URSS. A situação começou a melhorar
com a ascensão de Vladimir Putin ao poder no ano de 1999. Ainda assim, a Rússia
é hoje um país com uma das maiores desigualdades sociais do mundo, embora
esteja melhor neste quesito do que o Brasil.
A Rússia (herdeira da URSS) foi admitida ainda nos anos
1990 no G7 (sete nações mais ricas do mundo) e que passou a se chamar G8, no
qual a Rússia, fazia um papel de primo pobre, sendo considerada apenas pelo
fato de ainda manter um poderoso arsenal nuclear. A Nova Ordem Mundial pós
Guerra-Fria se fez unipolar do ponto de vista militar, pois, contava com uma
única superpotência militar (EUA) e multipolar na esfera econômica, com a forte
ascensão da União Europeia, do Japão e mais recentemente da China. Houve muitas
reuniões entre os EUA e a Rússia tendo como tema o desarmamento nuclear e o fim
das hostilidades entre os países.
Os Estados Unidos e a OTAN se comprometeram verbalmente
de não pressionar/encurralar a Rússia em suas fronteiras (países limítrofes).
No entanto, a OTAN que nasceu como uma aliança político-militar de proteção
contra um eventual ataque de país/países socialistas a algum de seus membros,
não cumpriu a promessa e em ondas sucessivas de ampliação de sua área de
atuação foi incorporando novos aliados demonstrando aplicar a teoria
geopolítica clássica da Heartland (coração da Terra) do geógrafo inglês Halford
Mackinder (1861-1947) segundo a qual "quem controlar o leste europeu
controlará toda a Eurásia e, quem controlar a Eurásia, governará o mundo".
O leitor já deve ter percebido que há muitas fichas sobre a mesa de jogo
referente à Guerra na Ucrânia e elas não são resultantes apenas das apostas de
Rússia e Ucrânia, mas, principalmente dos Estados Unidos da América e dos
países da OTAN que têm mais a ganhar com a referida guerra do que os referidos contendores.
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