É consenso que todo país tem
direito de livremente fazer suas escolhas. Mas existem escolhas insensatas,
equivocadas e prejudiciais que jamais devem ser tomadas. Há alguns dias a OTAN
recusou-se a fazer uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia (sitiada pela
Rússia) pois, caso fizesse teria que utilizar suas aeronaves para patrulhar os
céus daquele país e abater todo caça russo que estivesse na área e isso seria o
início da terceira guerra mundial. É uma pena que tal sensatez não tenha sido
adotada pela OTAN ao fazer sua expansão para o leste europeu. Basta olhar um
mapa da Eurásia e ver porque a Rússia se sente insegura com a presença cada vez
maior desta aliança em suas fronteiras, afinal, um cerco está sendo fechado em
seu entorno. Lembro do livro "A arte da Guerra" de Sun Tzu, um
estrategista militar chinês que deixou para a humanidade essa obra fantástica
cujos ensinamentos são muito utilizados em diversas áreas (esportes, negócios,
educação e, claro, militar). Sun Tzu professorou que "Se você não deseja
um embate direto com seu inimigo, nunca o cerque, deixe sempre um espaço para a
sua retirada, caso contrário, em não tendo saída, ele lutará encarniçadamente
contra você".
Lembremos da Crise dos Mísseis de 1962, naquela ocasião
como revide ao fato dos EUA terem implantados mísseis nucleares na Itália e na
Turquia, a URSS implantou mísseis nucleares em Cuba. Quase houve uma guerra
nuclear entre as duas superpotências. Ambas cederam e retiraram seus mísseis e
é devido a esse fato que você está lendo essas linhas. Há alguns dias, o
presidente russo Vladimir Putin acenou que tal como os EUA se julgam no direito
de colocar bases militares nas portas da Rússia, a Rússia poderia pensar em
instalar bases militares em Cuba e na Venezuela. Foi o suficiente para que
Washington respondesse que tomariam as medidas necessárias para evitar a
"desestabilização" da América Latina. Por desestabilização entendam a
perda do seu controle total sobre a região tratada como seu quintal.
Com o fim da Guerra Fria em 1991, com a derrocada do
perigo representado pela extinção do Pacto de Varsóvia e do desmoronamento da
URSS e, mais, com o colapso das economias daqueles países que faziam a
transição para o capitalismo é de se perguntar: por que a OTAN ainda existe? A
resposta é que sempre há um inimigo e se não há, ele precisa ser criado.
Afinal, é necessário justificar perante o contribuinte que paga a conta dos
fabulosos gastos militares a necessidade da manutenção dessa gigantesca máquina
de guerra. É importante salientar também que a indústria de armamentos é muito
lucrativa e contribui fortemente com recursos financeiros para as campanhas
parlamentares e presidenciais. Isso posto, é importante lembrar que a OTAN
nascida como aliança militar defensiva passou a ser a ponta de lança do
imperialismo estadunidense e europeu na região do Velho Mundo, afinal,
intervenções militares dessa aliança foram realizadas contra países que jamais
ameaçaram a segurança de qualquer de seus membros, exemplos são as intervenções
da OTAN no Kosovo, no Afeganistão e na Líbia.
O decadente imperialismo europeu, perdeu o trono, mas,
não a majestade e precisa do apoio militar estadunidense para com mãos armadas
defender os seus interesses estratégicos. Os Estados Unidos da América, a nação
mais beligerante do planeta e, cujos discursos moralistas sobre a democracia, o
respeito aos direitos humanos e a paz, demonstram ter os governantes mais
hipócritas do mundo, precisam manter a OTAN como um braço direito para os seus
interesses estratégicos mais escusos e como justificativa para manter bases
militares na Europa. O império estadunidense está em declínio e, como os demais
impérios que lhe precederam, tudo faz para evitar a derrocada. Os EUA são a
nação mais endividada do planeta, e seus gastos militares estratosféricos (para
manter a fabulosa máquina de guerra de que dispõe) contribuem para o sempre
crescente déficit orçamentário, que tem na China seu maior credor. Os EUA
precisam do apoio militar e financeiro da Europa e há muito reclamam do baixo
investimento de países como a Alemanha no setor militar. A se tomar como fato, os
discursos de líderes europeus, a Guerra na Ucrânia deu início a uma nova
corrida armamentista no velho continente. Enquanto mulheres choram a perda de
seus entes queridos, homens à frente da indústria de armas sorriem!