A cearense Rachel de Queiroz (1910-2003) foi jornalista,
cronista política, tradutora, escritora, romancista e dramaturga. Este escriba
tinha conhecimento de ter sido ela a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira
de Letras (ABL) (que anteriormente seguia um regulamento inspirado na congênere
francesa, no qual mulheres nela não podiam ter assento, hoje isso soa ridículo,
mas em um tempo não tão distante, mulheres não podiam votar e ainda hoje
recebem salários 30% inferiores aos de seus colegas homens para realizar o
mesmo trabalho) e de suas principais obras, mas, não tinha lido nenhuma. Eis
que resolve ler o livro "Memorial de Maria Moura" e somente não o lê
de um fôlego só porque trata-se de um calhamaço e, apesar de saber que tal livro
tinha sido adaptado pela TV Globo em uma minissérie não a assistiu, algo que
agora pretende fazer.
Rachel de Queiroz nunca se proclamou feminista, porém,
suas obras contam com personagens femininas de caráter forte. A obra conta com
três narradores: a órfã Maria Moura, sua prima Marialva e o Beato Romano sendo
que os capítulos se alternam sob tais narrativas. A trama traz como
ingredientes, sentimentos que vão da paixão ao ódio, a traição, o egoísmo, a
ganância pelo dinheiro, a ambição pelo poder (liderança) e a luta contra as
convenções sociais de seu tempo nas quais a mulher era (e ainda é) oprimida. Segundo
Rachel de Queiroz, a personagem foi inspirada na poderosa Rainha Elizabeth I
(1533-1603) da Inglaterra, por isso, a ideia de retratar uma mulher com grande
poder. Cearense, ambientou a trama no sertão nordestino (não é possível saber
em qual parte deste) na forma de uma jovem órfã que na luta em defesa das terras
que herdou, constrói nestas uma casa forte, uma espécie de quartel general ou
alojamento para o seu bando que ao estilo do cangaço, promove assaltos e
elimina seus inimigos. Maria Moura, portanto, não é o que se pode chamar de uma
heroína. Sua prima Marialva, contra a vontade de seus irmãos, foge e casa com
um saltimbanco, indo mais tarde morar na Serra dos Padres, nas terras de sua
prima Maria Moura. A personagem Beato Romano é o nome criado por um padre que
caiu em tentação e passa a vida fugindo e espiando seus pecados. Paro aqui!
Fica a dica!
Sugestão
de boa leitura:
Título: Memorial de Maria Moura.
Autor: Rachel de Queiroz.
Editora: José Olympio, 2021, 23ª edição, 504
pág.
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