A forma como parte da
sociedade está agindo durante a pandemia em curso evidencia que a humanidade
nada aprendeu com a história. É incrível a semelhança do que vivemos atualmente
se comparado com o período da gripe espanhola. O negacionismo acerca da doença
e de sua gravidade. As pessoas de "saco cheio" (desculpe a expressão)
querendo a volta da normalidade à força e o abandono do distanciamento social e
do uso da máscara em plena segunda onda da doença. Foi justamente nesse momento
que a doença se propagou de forma mais intensa e mortal. Naquela época (como
agora), as recomendações das autoridades da saúde, tidas pelos negacionistas como
alarmistas, foram ignoradas e como consequência, as equipes encarregadas de
recolher os mortos nas casas (os hospitais estavam lotados) para sepultá-las, ficaram
sobrecarregadas e demoravam a passar, dessa forma, as famílias se viram
obrigadas a colocar seus mortos na rua (por motivos óbvios).
Em época de pandemia, a normalidade não pode ser obtida à
força. Ignorar a doença, sua forma de propagação e as consequências dela
resultantes põe abaixo todos os esforços das autoridades científicas, médicas e
políticas que, lúcidas e responsáveis buscam contê-la. Infelizmente a pandemia
e a vacina foram ideologizadas. Houve inúmeros posts em redes sociais alegando
que o vírus da Covid19 fora fabricado em laboratório pela China. Algo já
desmentido por importantes geneticistas europeus e estadunidenses que afirmam
que o vírus teve uma mutação natural que favoreceu a infecção em seres humanos.
No que concerne às vacinas que estão sendo desenvolvidas, estas são fruto de um
esforço gigantesco de laboratórios (privados nacionais ou multinacionais /
estatais) em parceria com os governos de alguns países. Considero surreal que
as mesmas pessoas que criticam e afirmam que não tomarão vacinas produzidas por
comunistas (China) utilizam aparelhos tecnológicos (pelos quais têm verdadeira
adoração) também produzidos no país asiático. Pode-se afirmar que no caso da
vacina, envolve a saúde, mas, porque não se preocupam com os alimentos altamente
contaminados por agrotóxicos (muitos proibidos no exterior e liberados no
país)? Se a questão é ideológica, também há marcas e insumos chineses!
No país do negacionismo e das fake news, muitos são os
que pretendem restaurar a normalidade à força, sendo a volta às aulas
presenciais, o maior troféu. Um internauta publicou um post em uma rede social,
o qual considero muito acertado, disse ele: "há dois tipos de pessoas a
saber: As que acreditam que as crianças e adolescentes seguirão os protocolos
de segurança para evitar o contágio e as que de fato conhecem uma escola".
A pandemia demonstrou que o ensino presencial é mais eficaz do que o EAD
(ensino à distância) e que nenhuma tecnologia substitui o professor. A
corroborar o fracasso do modelo, não faltaram estudantes a afirmar que
aprenderiam mais se estivessem em classe com seus professores. Quanto aos
professores, estes não ficaram em casa recebendo sem trabalhar como publicado
pelos propagadores de fake news e multiplicado por pessoas desinformadas ou de
má fé. Os mestres tiveram sua carga de
trabalho triplicada com a preparação de atividades, trabalhos e provas e também
a correção das mesmas no modelo virtual e impresso, e, inúmeras atividades
burocráticas de registro, além do acompanhamento e auxílio remoto aos
estudantes sem conhecer horário ou dia da semana. Apesar de suas deficiências, o
EAD foi a solução possível diante da pandemia, afinal, não havia e não há
condições para o retorno às aulas presenciais, pois, estas poriam/porão em
risco a comunidade escolar (estudantes e profissionais da educação e os
familiares de ambos). Em se retornando às aulas presenciais, os estudantes serão
vetores importantes na propagação da doença, tendo em vista que, neles os
sintomas muitas vezes não se manifestam, com a ressalva de que não estão
isentos de riscos, afinal, em todo o mundo, crianças e adolescentes também
estão entre as vítimas. Especialistas acreditam que colocar vinte alunos em uma
sala de aula implica na interação entre 808 pessoas, das quais uma ou algumas
podem estar infectadas e contaminar outras. Nesse momento, em que a vacina
ainda não chegou à comunidade escolar, sensatez é o mais importante, conhecimento
se pode recuperar, a vida não!
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