John Steinbeck (Salinas, 1902 - Nova Iorque, 1968) é um grande autor estadunidense cuja literatura é marcada pelo compromisso com as questões sociais de seu país. O autor conquistou legiões de admiradores pela delicadeza como expressou em seus textos as graves contradições que observava nos Estados Unidos. O livro publicado com grande sucesso de vendas (1939) foi adaptado e lançado nas telas de cinema já no ano seguinte. O filme dirigido por John Ford e estrelado por Henry Fonda obteve cinco indicações para o Oscar. John Steinbeck recebeu o prêmio Pulitzer (1940) e o Nobel (1962). Steinbeck teve dezessete de suas obras adaptadas para o cinema.
A obra conta a saga da família Joad e começa narrando a
volta para casa de Tom Joad, um ex-presidiário que acabara de conquistar a
liberdade condicional por conta de seu bom comportamento. Tom havia sido
condenado por assassinato, mas, alegava ter sido em legítima defesa. Tom Joad
pede carona a um caminhoneiro, que, mesmo contrariando o regulamento da empresa
no qual trabalha resolve conceder. O caminhoneiro começa a lhe fazer muitas
perguntas, o que lhe irrita e o leva a contar que estava saindo da cadeia e os
motivos que o levaram para lá. Também conta que está indo para a casa de seus
pais. O motorista lhe informa que muitas famílias naquele local para onde ele
ia haviam perdido as terras para os bancos. Steinbeck descreve com grande
riqueza de detalhes os locais onde a trama se desenvolve.
Em uma estrada vicinal, o caminhoneiro pára, Tom desembarca
e segue a pé rumo às terras que pertence à família a gerações. No caminho
encontra Jim Casy, um pastor muito estimado pela família e por toda a
localidade. Casy avisa Tom de que abandonou a missão, não é mais pastor.
Dedica-se a refletir sobre a vida e que ainda não sabe que rumo a ela dará. Tom
convida-o a ir junto à casa de sua família. Caminham e chegam ao anoitecer,
mas, encontram a casa semidestruída e nenhum sinal de seus familiares. Tom
observa que o pouco que havia de valor havia sido retirado. Em seguida
encontram Muley Graves, proprietário de uma terra vizinha no local. Este conta
que após alguns anos de intempéries, os proprietários não conseguiram pagar
suas dívidas com os bancos e que estes os expulsaram e começaram a utilizar
tratores. Informa ainda que teria sido a mando dos banqueiros que a casa dos
Joad teria sido destruída para que se retirassem. Graves avisa Tom que seus
familiares estão na casa do seu tio John. A fogueira acesa denuncia a presença
deles nas terras e a chegada de seguranças os obriga a se esconderem.
Quando no dia seguinte eles chegam à casa de Tio John, os
familiares estão nos preparativos finais para a migração para a Califórnia.
Haviam recebido folhetos de que a Califórnia era o paraíso para os migrantes em
busca de empregos nas fazendas. A história narra a viagem em cima de um
caminhão pela lendária rota 66, os perigos da estrada e também a solidariedade
entre os viajantes durante a peregrinação à terra sagrada. No caminho morre o
avô, enterrado no deserto por falta de dinheiro para o funeral e as devidas formalidades.
Na jornada encontram milhares de viajantes com destino à Califórnia e que
também haviam perdido as terras para os bancos. Encontram também quem estava
voltando e os alertava de que a Califórnia não era aquilo que os folhetos
diziam e que a população local odiava os migrantes. Não levaram a sério os
avisos, e, se não fosse à Califórnia, não teriam para onde ir. Tinham que
cumprir sua jornada. Ao chegar à Califórnia, morre a avó, enterrada como
indigente, por falta de dinheiro para o funeral. Nos acampamentos, muita
insegurança, violência, fome e desemprego. A imensa quantidade de migrantes
atraída propositalmente pelos fazendeiros derruba o valor da hora de trabalho a
preços que tornam quase impossível a sobrevivência. No final, a família que
perdeu integrantes pela morte ou pela deserção, perde o pouco que ainda possuía
com as inundações e sem perspectivas de melhorias, ajuda um pai e seu filho em
situação precária com o que ainda restava num final surreal e duramente criticado
pelo público conservador dos Estados Unidos. Apesar de sua genialidade
incontestável traduzida em grandes honrarias, o autor e a obra foram muito
criticados nos Estados Unidos justamente pela crítica social nela presente. Abrir
os olhos de outras pessoas para as injustiças sociais, ontem como hoje continua
a constituir crime.
Sugestão de boa leitura:
As vinhas da ira – John
Steinbeck – Capa comum: R$57,90 – edição de bolso: R$ 27,10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário