O Brasil é uma nação destinada
a ser potência, grande é o território e rico o seu subsolo. Porém, se a
natureza nos brindou com grande potencial. Este eterno devir encontra-se
atrelado aos grilhões que outrora aprisionavam seres humanos escravizados e que
hoje aprisionam uma nação inteira ao atraso. Por muito tempo se falou que o
Brasil era o país do futuro, mas, nestas terras o futuro teima em nunca chegar,
e embora o calendário avance o Brasil confirma a cada novo dia ser uma nação
ancorada no passado. Mas nem todos estão decepcionados com o fracasso nacional,
uma pequena minoria se encontra jubilante, pois, segura consigo as chaves dos
cadeados que aprisionam o país ao passado enquanto se banqueteia com as
riquezas que deveriam beneficiar a todos.
Como pode uma nação destinada a ser potência, não sê-la?
A resposta não está na natureza que conosco foi generosa. É na história que
encontramos a resposta. Segundo Jessé Souza, a elite brasileira é a responsável
pelo atraso do país sendo a classe média a sua tão necessária massa de manobra.
A elite brasileira (cerca de 10% da população) é a detentora do capital
financeiro. Dentro desse grupo em seu ponto mais alto, seis brasileiros detêm a
mesma riqueza que os 50% mais pobres da população (105 milhões de brasileiros).
O país que com Lula e Dilma saiu do mapa da pobreza da ONU, após o golpeachment
(golpe travestido de impeachment) para ele acaba de retornar. É visível nas
ruas, lojas fechando e o aumento da informalidade que se expressa no grande
número de vendedores ambulantes, que ainda nos bancos universitários aprendi
ser um termômetro de crise econômica. Outro triste retorno é o de crianças e
adultos pedindo esmolas. O golpe serviu para isso, a classe média (do capital
cultural) não podia permitir que a ralé brasileira (a população mais pobre) que
teve pequena ascensão social ousasse ameaçar os seus privilégios concernentes
às oportunidades que os cursos universitários lhe abrem na medicina, na
magistratura e no desenvolvimento de seu capital social junto à elite do
capital financeiro. É esta última, a principal beneficiada, pois, parte da
população (doutrinada pela grande mídia parceira do golpe) imbecilmente vê com
bons olhos a entrega das riquezas nacionais ao setor privado nacional e
estrangeiro.
Desde os tempos de FHC, leio e ouço que os estados e a
União não podem fazer renúncias fiscais por conta da Lei de Responsabilidade
Fiscal. O que fez o Governo Temer (MDB, PSDB, DEM, etc.) quando alçado ao
poder, pelos manifestoches seguidores do Pato da FIESP? Agraciou banqueiros,
latifundiários, grandes empresários, petroleiras estrangeiras, etc. com o
perdão de dívidas e isenções fiscais. No caso das petroleiras até 2040, quando
possivelmente o petróleo já terá sido substituído por outra fonte energética (ganhamos
na loteria e jogamos o bilhete premiado fora). Isso tudo amparado na popular e imbecil
ideia que é melhor entregarmos o Pré-Sal e a Petrobras para os estrangeiros
para que não haja corrupção. Como se corrupção não houvesse nas empresas
privadas, nos outros países (desenvolvidos inclusive), e se o capitalismo não
fosse o sistema ideal para a disseminação da corrupção e, principalmente se
essa ideia de privatizar para evitar a corrupção e o aparelhamento da estatal
não fosse um ardil utilizado para convencer a população a entregá-la. Afinal, todos
sabem que grandes fortunas são construídas com o auxílio da sonegação de
impostos, grilagens de terras, o tráfico de influência e a exploração do
trabalho. Segundo Jessé Souza, a corrupção na esfera política é diminuta se
comparada com a corrupção do capital financeiro, e enquanto o povo iludido
nutre o ódio contra a classe política, especialmente aos políticos e partidos
de esquerda, os maiores corruptos (o capital financeiro) agem tal qual a Globo
posando como uma “ilibada virgem de cabaré”, apesar de conhecer os meandros e
participar do sistema de corrupção há muito tempo.
O
perdão dado às dívidas de latifundiários e banqueiros, as isenções fiscais
dadas às petroleiras estrangeiras superam em centenas de vezes o valor
recuperado na Operação Lava-Jato. Aliás, esta se mostrou de grande eficácia na
destruição da economia nacional, das empresas estatais e privadas estratégicas
para o desenvolvimento nacional (em nenhum país sério se permitiria isso),
afinal, destruir o país e saquear é o que essa elite do atraso (a do capital
financeiro) que sequestrou o Estado se especializou. Após precarizar o trabalho
assalariado (reforma trabalhista) vendendo a ilusão que isso geraria empregos,
quando o que gera empregos é economia aquecida e o povo trabalhador com
dinheiro para consumir, agora pretende fazer a reforma previdenciária para
extrair nacos maiores do orçamento da União (o bolsa-família dá lugar à bolsa-banqueiro).
Enquanto isso, desonestos, os patos manifestoches (sem os quais a elite do
capital financeiro não teria conseguido lograr êxito na retirada ilegal de
Dilma do Poder) atribuem aos eleitores desta a ascensão de Temer (o mais
impopular, incompetente e ridículo presidente da história nacional). Temer era
para ser sempre um vice-presidente decorativo. Assim como Susane Von Richtoffen
não matou seus pais, apenas abriu a porta para os criminosos, esta será a
sentença histórica aos que preferiram destruir um país a vê-lo menos desigual.
Há uma parcela da população que necessita ver a miséria na barriga de muitas crianças
e o fracasso no olhar de seus pais, para se sentirem especiais por terem
vencido em conformidade com a meritocracia. O discurso meritocrata é tão
verdadeiro quanto uma nota de três reais ou a indignação contra a corrupção dos
paneleiros que estranhamente silenciaram! Mas, talvez eu não tenha entendido
direito e deva reler a famosa obra de JUCÁ, Romero. “Um grande acordo nacional,
com Supremo, com tudo”!
Referência:
Jessé Souza – A elite do atraso.
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