Há
alguns dias assisti um documentário que mostrava que a sociedade alemã tem
vergonha do nazismo e do horror levado a cabo nesse período. Dizer que nesse
período histórico Hitler hipnotizou ou doutrinou a sociedade alemã é faltar com
a verdade. Hitler por si só não teria logrado tamanho êxito em sua escalada ao
poder na Alemanha Nazista, se não fosse ele um catalisador do pensamento, dos
anseios de grande parcela da população alemã que tinha nele refletido seu
caráter. É importante enfatizar que a mídia alemã foi usada pelo Ministro da
Propaganda Nazista Joseph Goebbels para moldar a opinião pública. Nenhuma
ditadura se sustenta sem a hegemonia do discurso. É necessário convencer para
obter sustentação popular. A mídia foi utilizada para fomentar o ódio contra
judeus, ciganos, negros, sindicalistas, socialistas, etc.. E leis que tornavam
inimputáveis os assassinatos destas pessoas consideradas inferiores foram
criadas. Alemães fortalecidos pelo discurso de ódio propagado pela mídia saíram
ensandecidos às ruas na chamada Noite dos Cristais em que as ruas ficaram
cobertas de estilhaços de vidro (que brilhavam sob a luz do luar) de lojas
pertencentes a empresários judeus que foram depredadas e saqueadas.
Hitler
tinha profundo ódio ao socialismo e aos sindicalistas. Analfabetos políticos
brasileiros, no entanto, afirmam que Hitler era socialista e desonestamente
omitem que trabalhadores (não arianos) foram escravizados em campos de
concentração, muitas vezes a serviços de empresas capitalistas que ainda
existem nos dias atuais, sendo que algumas mudaram o nome, outras nem isso.
Sindicalistas e socialistas também foram enviados para a morte nas câmaras de
gás Zyklon B. A empresa I.G. Farben, fabricante desse gás utilizado para matar
seres humanos, mudou de nome, dividiu sua área de atuação em várias empresas,
e, destas a Basf, a Bayer e a Hoescht atuam em nosso país. Há no mundo todo,
seguidores dos ideais nazistas. O Brasil, não é exceção. Há quem não esconda
sua admiração por Hitler, que nada mais é do que a afirmação/confirmação de
suas ideias (equivocadas) de superioridade racial ou de classe. Há, no entanto,
uma grande parcela que segue a cartilha de Hitler, porém, negando o Führer,
pois, declaradamente ser seu seguidor é algo que não soa bem e vai ao largo do que
se entende politicamente correto. Somos uma nação com raiz escravocrata. A
escravidão acabou, mas, o sentimento escravocrata (o caráter de senhor de
escravos) não sai da mente da elite e da pseudo-elite brasileira. Mesmo entre
os trabalhadores, há aqueles que agem como feitores de escravos de tempos
passados em que o senhor de escravos delegava ao feitor de escravos (muitas
vezes um mulato) a tarefa de supliciar os escravos (sua gente). A elite do
capital financeiro também terceiriza a tarefa de castigar aqueles que se voltam
contra a ordem natural vigente, ou seja, da imutabilidade dos privilégios;
Porém, a classe média, tida como cruel violenta e egoísta pela filósofa
Marilena Chauí, o faz para defender seu quinhão de privilégio que nada tem a
ver com o pretenso e falso discurso meritocrata (o capital cultural) que lhe
possibilita desenvolver sua network junto aos abastados (a elite do capital
financeiro), ou, ser aprovado em concursos de medicina ou para a magistratura.
Há
alguns dias um delegado da Polícia Federal (talvez numa jogada eleitoreira) quebrou
os equipamentos de som do acampamento Lula Livre; antes, a vereadora Marielle
foi assassinada e tiros foram disparados contra os ônibus da Caravana de Lula
pelo Brasil na região Sul; A mesma região em que a Senadora Ana Amélia (PP) que
deveria ser exemplo de bom senso, aplaudiu os maus modos como os fascistas
receberam Lula e sua comitiva; Mas, se cada político de agremiação contrária
for recebido no relho por seus opositores como disse a Senadora, qual será o
nosso futuro como sociedade? E se os candidatos da direita forem recebidos no
relho no Nordeste, achará bom? O Brasil é um país em que muitos políticos,
policiais e magistrados deixaram de lado a legislação e a Constituição Federal
e jogam para a torcida. Fazem política e propagam o ódio, porém, a torcida está
dividida, e a divisão somente serve aos inimigos dos interesses do país (a
elite financeira nacional e internacional), que se esbaldam em se apropriar das
riquezas nacionais enquanto o povo dividido permanece distraído alimentando o
ódio contra seus opositores de pensamento. A Alemanha tem vergonha de seu
passado fascista e renega Hitler. O Brasil ainda se mantém arraigadamente
apegado à ordem de seu passado escravocrata. Hitler vive entre os brasileiros!
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