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quinta-feira, 10 de maio de 2018

Hitler vive entre os brasileiros



           
Há alguns dias assisti um documentário que mostrava que a sociedade alemã tem vergonha do nazismo e do horror levado a cabo nesse período. Dizer que nesse período histórico Hitler hipnotizou ou doutrinou a sociedade alemã é faltar com a verdade. Hitler por si só não teria logrado tamanho êxito em sua escalada ao poder na Alemanha Nazista, se não fosse ele um catalisador do pensamento, dos anseios de grande parcela da população alemã que tinha nele refletido seu caráter. É importante enfatizar que a mídia alemã foi usada pelo Ministro da Propaganda Nazista Joseph Goebbels para moldar a opinião pública. Nenhuma ditadura se sustenta sem a hegemonia do discurso. É necessário convencer para obter sustentação popular. A mídia foi utilizada para fomentar o ódio contra judeus, ciganos, negros, sindicalistas, socialistas, etc.. E leis que tornavam inimputáveis os assassinatos destas pessoas consideradas inferiores foram criadas. Alemães fortalecidos pelo discurso de ódio propagado pela mídia saíram ensandecidos às ruas na chamada Noite dos Cristais em que as ruas ficaram cobertas de estilhaços de vidro (que brilhavam sob a luz do luar) de lojas pertencentes a empresários judeus que foram depredadas e saqueadas.
Hitler tinha profundo ódio ao socialismo e aos sindicalistas. Analfabetos políticos brasileiros, no entanto, afirmam que Hitler era socialista e desonestamente omitem que trabalhadores (não arianos) foram escravizados em campos de concentração, muitas vezes a serviços de empresas capitalistas que ainda existem nos dias atuais, sendo que algumas mudaram o nome, outras nem isso. Sindicalistas e socialistas também foram enviados para a morte nas câmaras de gás Zyklon B. A empresa I.G. Farben, fabricante desse gás utilizado para matar seres humanos, mudou de nome, dividiu sua área de atuação em várias empresas, e, destas a Basf, a Bayer e a Hoescht atuam em nosso país. Há no mundo todo, seguidores dos ideais nazistas. O Brasil, não é exceção. Há quem não esconda sua admiração por Hitler, que nada mais é do que a afirmação/confirmação de suas ideias (equivocadas) de superioridade racial ou de classe. Há, no entanto, uma grande parcela que segue a cartilha de Hitler, porém, negando o Führer, pois, declaradamente ser seu seguidor é algo que não soa bem e vai ao largo do que se entende politicamente correto. Somos uma nação com raiz escravocrata. A escravidão acabou, mas, o sentimento escravocrata (o caráter de senhor de escravos) não sai da mente da elite e da pseudo-elite brasileira. Mesmo entre os trabalhadores, há aqueles que agem como feitores de escravos de tempos passados em que o senhor de escravos delegava ao feitor de escravos (muitas vezes um mulato) a tarefa de supliciar os escravos (sua gente). A elite do capital financeiro também terceiriza a tarefa de castigar aqueles que se voltam contra a ordem natural vigente, ou seja, da imutabilidade dos privilégios; Porém, a classe média, tida como cruel violenta e egoísta pela filósofa Marilena Chauí, o faz para defender seu quinhão de privilégio que nada tem a ver com o pretenso e falso discurso meritocrata (o capital cultural) que lhe possibilita desenvolver sua network junto aos abastados (a elite do capital financeiro), ou, ser aprovado em concursos de medicina ou para a magistratura.
Há alguns dias um delegado da Polícia Federal (talvez numa jogada eleitoreira) quebrou os equipamentos de som do acampamento Lula Livre; antes, a vereadora Marielle foi assassinada e tiros foram disparados contra os ônibus da Caravana de Lula pelo Brasil na região Sul; A mesma região em que a Senadora Ana Amélia (PP) que deveria ser exemplo de bom senso, aplaudiu os maus modos como os fascistas receberam Lula e sua comitiva; Mas, se cada político de agremiação contrária for recebido no relho por seus opositores como disse a Senadora, qual será o nosso futuro como sociedade? E se os candidatos da direita forem recebidos no relho no Nordeste, achará bom? O Brasil é um país em que muitos políticos, policiais e magistrados deixaram de lado a legislação e a Constituição Federal e jogam para a torcida. Fazem política e propagam o ódio, porém, a torcida está dividida, e a divisão somente serve aos inimigos dos interesses do país (a elite financeira nacional e internacional), que se esbaldam em se apropriar das riquezas nacionais enquanto o povo dividido permanece distraído alimentando o ódio contra seus opositores de pensamento. A Alemanha tem vergonha de seu passado fascista e renega Hitler. O Brasil ainda se mantém arraigadamente apegado à ordem de seu passado escravocrata. Hitler vive entre os brasileiros!

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