sexta-feira, 9 de setembro de 2016
A ditadura dos sem votos
Há alguns dias vi uma propaganda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a fantástica inovação brasileira que foi a introdução da urna eletrônica nas eleições, a qual dificulta enormemente a fraude, algo comum no tempo da cédula de papel, além de acelerar a apuração dos resultados. No entanto, ela tem críticos que duvidam de sua segurança, e, estes se encontram na direita ideológica ante a supremacia do PT nas quatro últimas eleições presidenciais (2002, 2006, 2010, 2014). O estranho é que tais críticos nada falavam quando o PSDB/DEM era hegemônico nos tempos de FHC, e, mais estranho ainda, é o tucanato exigir auditoria em urnas que deram a vitória nas eleições majoritárias à Dilma e se calar quanto ao fato de que as urnas paulistas estão dando vitórias consecutivas aos candidatos tucanos há mais de duas décadas naquele estado. Devem pensar que a não preferência por seus candidatos (muitos deles, envolvidos em escândalos de corrupção) e pelo seu programa de implantação do neoliberalismo predatório dos direitos trabalhistas, entreguista dos recursos naturais às empresas estrangeiras em detrimento dos reais interesses nacionais e do povo brasileiro constitui uma anomalia que somente pode ser explicada pela alteração do software das urnas. A urna eletrônica constitui uma maravilha tecnológica nacional e chamou a atenção do mundo, inclusive dos Estados Unidos da América na época da primeira eleição de George Walker Bush (Partido Republicano) em 2000, ocasião em que Al Gore (Partido Democrata) tinha reais motivos para continuar na Justiça questionando os resultados de uma eleição que se constituiu numa fraude amplamente noticiada pelos meios de comunicação, investigada e documentada a fundo por autores de livros (sim, os EUA também tiveram um golpe moderno), mas, Al Gore desistiu visando não prejudicar a nação com o longo processo que haveria pela frente e com o vazio de poder em que a nação se encontraria!
Penso que de nada adianta termos a moderna urna eletrônica, quando aqui não temos uma oposição responsável como a realizada pelo Partido Democrata liderado por Al Gore, pois, a oposição irresponsável liderada por Aécio Neves (PSDB), um político de alma pequena, que jamais aceitou a soberania popular exercida pelos mais de 54 milhões de eleitores que votaram em Dilma e a elegeram, dessa forma, Aécio em conluio com outras criaturas das sombras, dentre as quais, Michel Temer (PMDB), José Serra (PSDB), Eduardo Cunha (PMDB), Aloysio Nunes (PSDB), etc. nunca deram um dia de sossego para que Dilma pudesse governar e fizeram uso de pautas bombas e dos mais variados artifícios para paralisar as ações governamentais. Não agiram apenas contra Dilma, agiram contra a nação e seu sofrido povo. Foram antipatriotas e antidemocráticos e ao dar o golpe na democracia colocaram o país numa situação de anormalidade democrática ao fazer o Brasil retornar ao seu histórico status habitual, pois, em nosso país, a democracia incipiente nunca amadurece, e, tal como os frutos da árvore doente, apodrece e cai. A Constituição Federal foi violentada e vilipendiada em casa pública (Congresso) e os golpistas impuseram ao voto da maioria dos eleitores, e, portanto, à democracia, um ato de violência tão hediondo que somente pode ser comparado ao estupro, seguido de morte e esquartejamento.
O Brasil se apequenou perante as nações democráticas do mundo, também se apequenaram as pessoas, políticos e partidos que apoiaram esse golpe ao não reconhecer a soberania popular expressa nas urnas e ao não entender que a democracia pode não ser perfeita, mas, que não há nenhum sistema melhor. Vivemos tempos sombrios, aquele que se apresenta como presidente da nação tem a maior rejeição da história e não tem legitimidade sequer nas fileiras conservadoras da população, menos ainda nas fileiras da população progressista. De nada adianta termos a moderna urna, quando um golpe midiático-parlamentar-jurídico solapa a frágil confiança do povo na jovem democracia brasileira ante a um passado de golpes de Estado rotineiros promovidos por uma direita representante dos interesses de uma elite arcaica, atrasada, egoísta, cruel e antipatriota e o povo brasileiro, a ampla maioria da população, alienada e apática, parece pensar não ser problema dela, mas, não tardará a sentir as consequências das ações levadas a cabo pelos golpistas liderados pelo interventor Michel Temer. A moderna urna eletrônica não é antídoto contra a ação velhaca da antiga forma de fazer política do grupo “dos sem votos” que tomou em assalto o poder, dessa forma, não basta que o voto consciente seja depositado na urna eletrônica, pois, precisa ser ardorosamente defendido em todos os espaços públicos, principalmente nas ruas!
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