quinta-feira, 21 de julho de 2016
Um pequeno homem, um grande ser humano!
O genial Alberto Santos-Dumont nasceu em 20 de Julho de 1873 na Fazenda Cabangu, no Distrito de João Aires, próximo à antiga cidade de Palmira, atual Santos-Dumont, em Minas Gerais, filho de Dona Francisca de Paula Santos e de Henrique Dumont (filho de franceses) engenheiro formado na França que ao voltar ao Brasil foi executor de vários trechos da Estrada de Ferro Central do Brasil. O pai de Santos-Dumont foi senhor de escravos (os quais libertou antes da Lei Áurea) e tinha na Fazenda Dumont em Ribeirão Preto sessenta quilômetros de ferrovias internas (muitas vezes as locomotivas eram conduzidas pelo jovem Alberto) para escoar a produção de café cuja qualidade era internacionalmente reconhecida e, por isso, no ato da venda da fazenda, os compradores exigiram que o nome Dumont pudesse continuar a ser usado. Santos-Dumont estudou nas melhores e mais caras escolas do país, mas, não se formou no Ensino Superior como queria seu pai, pois afirmava que “os estudos regulares, em todas as escolas, em todos os países, em todos os tempos, são os que se referem ao já feito. Com eles, a gente aprende atos que os outros já praticaram, pesquisas que os outros já fizeram, conquistas que os outros efetuaram, intuições que outros tiveram, ou que outros coordenaram. Com eles a gente a aprende sabedoria já pronta, completa em si”.
O jovem Alberto, leitor contumaz do escritor francês de ficção científica Julio Verne, era admirador da capacidade de voo dos pássaros e gostava de por a mão na graxa, o que deixava perplexo o escocês chefe da oficina mecânica da fazenda por sua predileção pela mecânica ante a possibilidade de exercer profissões mais glamorosas com o apoio do dinheiro e sobrenome da família. Com a aprovação do pai e a confirmação de que não precisaria ganhar a vida, pois não lhe faltariam recursos, Santos-Dumont se transferiu para a França onde se dedicou ao estudo de Física e Química e a frequentar cursos de Mecânica e Eletricidade, mas, não conseguiu apoio dos aeronautas franceses que constituíam em seu ver, um grupo fechado. Admirador das novidades, o jovem brasileiro comprou um triciclo motorizado (moda da época entre os jovens), e, ainda em 1892 construiu seu próprio triciclo motorizado, mais potente e mais veloz, e criou a primeira corrida automobilística do mundo com direito a premiação a qual foi realizada no Velódromo do Parque dos Príncipes, em Paris. Insatisfeito, Santos-Dumont retornou ao Brasil, porém, sua inquietude pela não realização de seu sonho o levou de volta a Paris em 1897, quando após vencer a resistência dos aeronautas franceses, alugou um balão e fez seu primeiro voo, e iniciou uma série de experiências com balões e dirigíveis, muitas das quais, mal-sucedidas, porém, a cada fracasso o jovem aeronauta aprendia mais sobre a arte de voar e sua imaginação criativa resolvia os problemas técnicos com soluções inéditas.
Os inventos de Santos-Dumont foram acompanhados pela sociedade parisiense, e seus feitos fotografados e filmados, e dessa forma, com o dirigível S.D. nº 6 contornou a Torre Eiffel e ganhou o Prêmio Deutsch em 1901. Santos-Dumont era muito popular na sociedade parisiense, influenciou a moda masculina desde o corte de cabelo, popularizou o relógio de pulso e criou o esqui mecânico de neve, entre outros inventos. Continuou aperfeiçoando os dirigíveis e costumava usar um modelo pequeno para deslocar-se em trajetos maiores na Paris do início do século XX, sugeriu a utilização dos dirigíveis como meio de observação e defesa contra submarinos. Na data de 23 de Outubro de 1906 no campo de Bagatelle diante de vários espectadores e de representantes do aeroclube da França, Santos-Dumont realizou com o 14-bis o primeiro voo homologado de uma máquina autopropelida mais pesada que o ar. Sobre a polêmica envolvendo os irmãos Wright que afirmaram ter realizado o pioneiro voo em 1903 (e que teriam guardado segredo) e somente em 1908 buscaram o reconhecimento pelo feito, Santos-Dumont disse: “Que diriam Edison, Graham Bell ou Marconi se, depois que apresentaram em público a lâmpada elétrica, o telefone e o telégrafo sem fios, outro inventor se apresentasse com uma lâmpada elétrica, telefone ou aparelho de telegrafia sem fios dizendo que os tinha construído antes deles”?
Santos-Dumont mandou construir uma casa em Petrópolis, a qual é cheia de inovações no aproveitamento do espaço, e, que constitui atualmente um museu em sua memória. Os terríveis sintomas da esclerose múltipla aliada à depressão e a utilização do avião em campos de batalha como a mais terrível máquina mortífera já inventada, lhe trouxeram profundo desgosto pela vida, o que o levou ao suicídio por enforcamento no dia 23 de Julho de 1932 em um quarto de hotel no Guarujá.
Sugestão de boa leitura:
Santos-Dumont, no coração da humanidade. Welington Almeida Pinto. Edições Brasileiras.
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