quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
A tragédia no Mar de Barents!
A cidade de Kursk localizada na parte europeia da Rússia é uma das mais antigas daquele país e possui cerca de 400 mil habitantes. A cidade é considerada aprazível e oferta diversas oportunidades de lazer para os habitantes locais e seus visitantes. O verão apresenta temperaturas amenas sendo que para o mês de Julho a média é de 19ºC e o inverno não tem o rigor extremo do que conhecemos por inverno russo, pois, a temperatura média no mês de janeiro é de -8ºC. Kursk também dá nome à maior batalha de blindados da Segunda Guerra Mundial entre a Alemanha (que levava a cabo sua estratégia do “Blitzkrieg” ou guerra relâmpago e que se utilizava dos tanques para avançar rapidamente sobre o território inimigo) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A Batalha de Kursk vencida pelos soviéticos também teve a maior perda de caças em um só dia na Segunda Guerra Mundial.
Kursk foi novamente lembrada nos noticiários internacionais a partir do dia 12 de agosto de 2000, quando uma nova tragédia se abateu sobre a Rússia, porém, dessa vez envolvendo o mais poderoso e moderno submarino nuclear russo que foi lançado ao mar em 1994, três anos após o desmembramento da superpotência soviética em 15 países, dos quais a Rússia foi herdeira natural de seu arsenal nuclear. Tratava-se do maior exercício naval realizado pela Rússia desde o fim da Era Soviética (e como de praxe havia na região de forma furtiva pelo menos um submarino nuclear estadunidense espionando as ações russas) e o submarino Kursk cujo nome era uma homenagem a homônima cidade russa fazia parte dessas ações. Dentro do submarino russo havia 118 tripulantes, sendo dois deles civis, e, os objetivos eram o treinamento prático dos submarinistas e testes de torpedos antigos recém modernizados. No momento em que o submarino russo se preparava para lançar torpedos, o submarino espião estadunidense e os sistemas de espionagem com microfones à prova d’água utilizada pelos países ocidentais, bem como os sismógrafos da Noruega captaram as vibrações resultantes de uma explosão seguida de outra maior e o Kursk afundou numa área com cerca de 130 metros de profundidade e não mais respondeu às tentativas de comunicação da frota naval russa.
Vladimir Putin estava na presidência há cerca de 100 dias quando da tragédia ocorrida no Mar de Barents durante a realização de exercícios navais simulados entre embarcações da Frota do Norte que faz a guarnição do país no Oceano Glacial Ártico. Os militares russos acostumados à doutrina soviética de resolver problemas, e evitar levá-los às autoridades, não evidenciaram a gravidade da situação ao Presidente Putin que confiou excessivamente na capacidade destes em resolver a situação. O receio de que segredos militares do Kursk pudessem ser roubados pelas potências ocidentais levou os burocratas a postergar a decisão de aceitar ajuda externa diante da impossibilidade russa de fazer o salvamento dos submarinistas ainda vivos que esperavam o resgate. Putin reagiu tardiamente, pois, não compreendeu no tempo devido, a necessidade imperiosa de sua ação. Dias depois, quando o resgate com ajuda externa, enfim ocorreu, não havia mais vidas a salvar e cerca de um ano depois quando o submarino foi enfim resgatado das profundezas do Mar de Barents se concluiu que apesar da sobrevida pós-explosão (8 horas) de 23 submarinistas o resgate jamais ocorreria a tempo, salvo se no local do acidente a Rússia tivesse os equipamentos necessários. A tragédia foi um duro golpe na Rússia que buscava recuperar seu status de grande potência militar e mostrou a dificuldade dos burocratas russos em conciliar a estratégia de segurança nacional sem prejuízo do maior valor de uma nação: a preservação da vida de seus cidadãos sejam eles civis ou militares.
Sugestão de boa leitura:
Kursk: o orgulho perdido da Rússia – Autor: Peter Truscott – 2003 - Ed. Landscape
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