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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O Golpe está no ar!

Há algum tempo escrevi neste espaço o artigo “Paraguai: um passo atrás” em que lamentei o destino daquele país que uma vez mais mostrava ao mundo a sua eterna sina de não ver consolidada a democracia nacional. Lembro que várias vezes li artigos e livros sobre a eterna fragilidade da democracia na América Latina sempre às voltas com golpes efetivados pelas forças armadas a serviço da elite econômica local ou internacional contra governos democraticamente eleitos. Durante o episódio golpista paraguaio, tal país foi parcialmente suspenso do MERCOSUL, perdendo seu direito ao voto nas decisões a serem tomadas pelo bloco até que restabelecesse a democracia com a instalação de um governo eleito pelo sufrágio universal. A decisão do MERCOSUL foi acertada, pois o tratado do bloco estabelece que seus membros obrigatoriamente adotem regimes democráticos, e o que se viu no Paraguai foi um arremedo de processo de Impeachment dado o brevíssimo tempo para o Presidente Lugo fazer sua defesa, e a celeridade da decisão tomada de antemão pela imensa maioria conservadora do parlamento. Neste momento, o Brasil passa por uma situação semelhante, sendo que a situação agravou-se após as últimas eleições em que o Congresso Nacional teve ampliada sua bancada de parlamentares conservadores, portanto, defensores dos interesses da alta burguesia nacional e estrangeira à custa da redução do número dos parlamentares comprometidos com a classe trabalhadora. É ensurdecedor o silêncio da Grande Mídia quanto às denúncias de corrupção envolvendo o Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, sendo que a Revista VEJA porta-estandarte que é do golpismo atual encontrou uma falsa conta na Suíça atribuída a Romário e não foi capaz de descobrir as contas agora divulgadas de Eduardo Cunha e familiares naquele paraíso fiscal. Também espanta o cinismo de caciques políticos da oposição que perderam o pudor ao abandonar os escrúpulos que ainda tinham ao apoiar abertamente o golpismo, para o qual, o silêncio quanto à Cunha é fundamental, pois, aos mesmos resta torcer para que este encaminhe logo o processo de Impeachment contra a Presidenta (mesmo com ausência de provas, pois, nada que aponte diretamente contra ela foi até o momento encontrado) antes de ter ele próprio seu mandato cassado. Tais caciques da oposição pensam que não se trata de um processo jurídico, mas, político, sendo assim, não há necessidade de provas incontestáveis de culpabilidade da Presidenta, basta seguir os ritos e haver vontade política dos parlamentares em atender aos supostos anseios da sociedade traduzidos pelas pesquisas de opinião com a rejeição ao Governo Dilma, porém, uma ressalva: pesquisas não traduzem a reação popular que constitui uma incógnita! Há, no entanto, alguns políticos oposicionistas, que se preocupam com os encaminhamentos dados à questão e afirmam que um processo de Impeachment como o que se quer montar irá trazer consequências futuras para todos, pois, nem mesmo os representantes do Poder Executivo Estadual terão segurança da manutenção de seus mandatos quando confrontados a uma grande maioria opositora nas Assembleias Legislativas. Também é interessante observar que grande parte dos manifestantes que ganharam as ruas protestou de forma seletiva, pois, seu discurso anticorrupção visava unicamente os integrantes do PT e aliados da esquerda, porém, ignorando os inúmeros representantes oposicionistas da direita envolvidos em escândalos de corrupção. Eu tenho críticas ao Governo Dilma, mas, também a convicção de que a crise vai passar e que se está difícil com Dilma seria imensamente pior com Aécio. Paira no ar, uma sólida tentativa de golpe, mas, como Marx professorou: “Tudo o que é sólido, desmancha no ar”!

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