quinta-feira, 25 de junho de 2015
A última trincheira contra a barbárie!
Há alguns dias, uma colega professora contou uma piada que considero oportuna e a transcrevo aqui: “Um pai estava indignado com o filho que concluiu o Ensino Médio e não se interessava em fazer curso universitário ou em trabalhar. Então o pai disse para o filho: Não criei filho para virar vagabundo, ou estuda, ou, vai trabalhar! Procurou seus amigos, falou com um, com outro, até que se lembrou de um amigo de infância que havia se tornado político. Conversou com ele e este solicitou alguns dias para fazer contatos, findo os quais, ligou oferecendo um cargo de assessoria no Congresso Nacional com salário de doze mil reais, e, o pai falou: Não, com esse salário ele não vai mais querer estudar! Quero ver meu filho formado na Universidade! Alguns dias depois, o político volta a ligar e diz que arranjou o emprego certo, secretário de um deputado estadual com salário de seis mil reais, e, novamente o pai falou: Não! Meu filho não merece esse salário! Arrume um emprego no governo que ele comece ganhando no máximo uns dois mil reais! O político então afirmou: Meu amigo, isso é impossível! Por que para começar ganhando um salário desses no governo, só se ele for professor, e para isso, ele precisa ter curso universitário, pós-graduação ou mestrado, e, além disso, passar num concorridíssimo concurso público... aí é muito difícil”!
Recentemente, o Governo Beto Richa, que parece ter perdido definitivamente o rumo, mentiu ao afirmar que em 111 municípios paranaenses os professores ganhavam mais que os prefeitos, na verdade, tratava-se de apenas 1% dos professores e que receberam naquele mês o pagamento de valores atrasados. Ocorre que nestes mesmos municípios 99% dos professores receberam menos do que os referidos prefeitos. Quem realmente conhece a tabela salarial do magistério paranaense sabe ser impossível um professor ganhar certos salários veiculados na imprensa, mesmo trabalhando além dos 30 anos e incorporando o adicional máximo de 50% em quinquênios e abono-permanência. Mas, e se fosse verdade? Seria por acaso injusto quem dedicou inúmeros finais de semanas e madrugadas estudando, fez curso superior, pós-graduação e/ou mestrado, foi aprovado em concurso público, trabalhou por 30 anos (ou mais) no Estado receber mais que o prefeito? Lembro de um saudoso professor universitário que me contou que no início da carreira ganhava salário igual ao do Juiz de Direito e ao do Prefeito de sua cidade e naquele momento, bem menos.
Há uma mentalidade rançosa no Brasil de que o político deve viver nababescamente e o professor deve ser um miserável! Parece causar indignação a uma parcela da sociedade que o professor sirva de exemplo para o aluno de que o estudo pode servir para a melhoria do padrão de vida! A quem interessa que o professor seja um miserável? Certamente, não aos alunos, nem ao conhecimento científico, menos ainda ao progresso do país! A sociedade brasileira não valoriza os professores, esquecendo que sem estes, não há médicos, advogados, juízes de direito, engenheiros, agrônomos, veterinários, jornalistas, e nem... professores! Sem professor não há progresso pessoal, material, científico e humanitário! Questiono: O que dizer de um governo que maltrata e agride física e moralmente os educadores? Parafraseando o Chefe da Casa Civil Eduardo Sciarra, afirmo: Os professores não estão demonizando o Governo do Paraná, pois, ele já deu provas suficientes à sociedade em 29 de Abril de que está demonizado por si próprio! Conheço um professor universitário que sempre afirma que “a escola é a última trincheira contra a barbárie”! Somos a última fileira na defesa da ética... Se vencidos, resta apenas a barbárie!
Em tempo: Na Suécia: Um Juiz de Direito ganha no máximo 50% a mais que um professor do Ensino Fundamental!
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Sobre política e religião
Há alguns meses quando me preparava para ir à Curitiba participar de um curso, um amigo que se declara ateu desejou-me pelo WhatsApp, que Deus me acompanhasse. Na volta, ao encontrá-lo, não perdi a oportunidade de cobrar-lhe de forma amistosa, satisfações, pois, sendo ele ateu, não via outra coisa em sua atitude que irreverência. E ele explicou-me que eu acreditava e isso era o que de fato importava, pois, desejava-me que este sentimento me acompanhasse. Cheguei à conclusão que ele tinha razão e resolvi continuar seu amigo, inclusive costumo dizer que ele é um “ateu não praticante”. Por inúmeras vezes ouvi que religião e política não se discute e lembrei-me da frase de Alexandre Boarro: “Somente os tolos acreditam que política e religião não se discute. Por isso, os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar”. Nada mais verdadeiro, a própria etimologia da palavra religião remonta ao latim “religare”, ou seja, fazer a religação do ser humano com a sua essência espiritual, mesmo que esta pessoa não reconheça esse estado de paz interior como sendo a presença de Deus. No que concerne à política, Bertolt Brecht afirmou que o desinteresse das pessoas boas por esta oportuniza o sucesso do político vigarista, pois, ao não buscar conhecer as ideologias e projetos políticos dos partidos, faz com que os rostos bonitos e os sobrenomes de grife se elejam e isso perpetua os privilégios de minorias e a pobreza de muitos.
Sou defensor do laicismo do Estado, pois, somente dessa forma a liberdade religiosa é garantida a todos, porém, penso que a bancada evangélica ao fazer em alguns momentos a firme defesa de suas prerrogativas religiosas age de forma contrária aos interesses da maior parcela da sociedade brasileira. Penso que é necessário discutir religião e política, mas, de tudo quanto li sobre os mais diversos países, a mistura de representação política e religiosa é de fato explosiva e deve ser evitada. Sempre que penso em Jesus Cristo o imagino junto aos favelados, aos sem-terra, aos sem teto, aos trabalhadores explorados, aos que são vítimas de injustiças. Também o imagino fazendo correr os líderes religiosos que exploram a fé das pessoas subtraindo-lhes os parcos recursos em troca de promessas de prosperidade e também aos políticos corruptos e aos eleitores que visam à manutenção de seus privilégios e não a redenção das pessoas invisíveis da sociedade (os pobres).
O Papa Francisco está reabilitando sacerdotes ligados à Teologia da Libertação condenados pela Santa Sé justamente por sua opção pelos pobres e oprimidos. A Igreja corrige um erro histórico, pois, segundo o também condenado e ex-Frei Leonardo Boff (um dos maiores intelectuais brasileiros e autor de vários livros), “a Igreja sempre fez política, pois, está na sociedade. Mas fez uma política de direita. Quando começou a apoiar os pobres, o Movimento dos Sem Terra, dos índios, dos afro-descendentes e dos sem-teto e outros, acusaram-na de fazer política. Mas essa é a boa política, pois, defende os mais vulneráveis, objeto do amor privilegiado de Jesus e dos Apóstolos”. Leonardo Boff também afirmou que a grande expansão da Teologia da Libertação na América Latina se deve à contestação às ditaduras militares que grassavam nestas terras e também a luta pela redução das imensas desigualdades sociais. E definiu numa frase o motivo pelo qual a corrente religiosa não se firmou na Europa dos Estados de Bem-Estar Social e sim na América Latina de toda a pobreza: “A pessoa pensa a partir de onde os pés pisam. Assim vale também para as Igrejas”. E termino afirmando que devemos todos (agnósticos, ateus e crentes), aproximarmos nossas atitudes com as de Jesus histórico para que a sociedade seja melhor.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Honoris Causa x honoris caos
O Governador Pimentel (PT) de Minas Gerais ao celebrar acordo com o sindicato dos educadores fez referência ao ocorrido no Paraná afirmando que lá o professor é tratado com diálogo e Beto Richa (PSDB) respondeu: “o piso salarial de Minas Gerais não alcança nem de longe o piso do Paraná, e, quando atingir, Pimentel pode vir conversar comigo”. Richa desconsidera o fato de que os salários são uma construção histórica, e que a grande defasagem salarial dos educadores de Minas Gerais não é conseqüência dos cinco meses do governo Pimentel, mas, fruto dos doze anos de governo tucano (oito anos de Aécio Neves e quatro anos de Anastasia) período no qual jamais se cumpriu o piso salarial nacional (lei federal nº 11.738) e no caso do Paraná, de que há um Plano de Carreira conquistado junto ao Governo Requião (PMDB), portanto, não é mérito exclusivo de Beto Richa que inclusive pressiona para baixo os salários ao não conceder a reposição integral da inflação de 8,17% da data-base deste ano, ademais, se verificarmos o que ganham os professores PSS, Richa não tem do que se vangloriar, pois, estes ganham muito mal, sendo que recebem salários razoáveis para os padrões brasileiros apenas os professores concursados com grande especialização e/ou em fins de carreira.
Também Lula (PT) elogiou Pimentel por ter tratado a questão salarial dos professores de Minas Gerais com diálogo, ao contrário do governador paranaense que enviou a tropa de choque e feriu 213 educadores em 29 de abril num lamentável episódio que teve as características dos anos de chumbo da ditadura militar. Beto Richa disparou que Lula e Pimentel fazem proselitismo com a greve dos professores e que há um corporativismo ao qual precisa ser imposto um limite. Ocorre que o corporativismo ao qual se refere Richa é o direito constitucional dos trabalhadores de se filiarem a sindicatos e de fazerem greve, e, combater greves com ações armadas é próprio de governos de exceção. Beto Richa ajudou a empurrar a imagem do Brasil para o quarto mundo, não é à toa que um recente estudo internacional coloca o Brasil como um dos países mais perigosos do mundo para exercer o magistério. Aliás, aquele discurso de eterna vítima que Beto Richa faz demonstra que Requião tem razão quando o chama de “piá de prédio”, um menino mimado acostumado a ter todas as facilidades e nenhuma contestação aos seus atos.
Acusar o PT de estar por trás de tudo não corresponde à verdade, pois, se o PT fosse tão forte no Paraná, teria elegido Gleisi governadora e Marlei Fernandes (APP) deputada federal. Trata-se na verdade de um “discurso chiclete” (não tem valor conceitual nenhum, mas, gruda) utilizado por todos os tucanos perante a população ingênua e/ou alienada, visando desconstruir a imagem de tal partido e de suas lideranças. Não é, portanto, uma atitude insana, menos ainda ingênua, e sim premeditada, pois, Richa e demais tucanos sabem que faltam com a verdade, mas, como bons leitores de Maquiavel devem pensar: “os fins justificam os meios”. Richa tem criticado Lula e o governo federal, e culpa este pelo caos instalado no Paraná. A verdade é que a crise de seu governo é uma herança maldita de seu primeiro mandato. Richa precisa deixar de agir como menino mimado e assumir seus erros, pois, outros governadores estão em situação bem mais confortável e o governo federal é o mesmo. Lula é um Self Made Man (homem que se fez sozinho) admirado no mundo todo, reconhecido e premiado internacionalmente e marcou seu governo pelo combate à fome e a redução da desigualdade social, por sua vez, Beto Richa tem como marca de governo a instalação do caos econômico e político num dos estados mais ricos do país e é conhecido internacionalmente por fazer parte do grupo de líderes políticos que agridem professores.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Marcas e cicatrizes de governos!
Soube que em breve sairá nova pesquisa da Paraná Pesquisas sobre a popularidade de Beto Richa, não é necessário ser um expert em pesquisas, ou mesmo um cientista político para prever que os índices não devem ser nada favoráveis ao tucano mais impopular do Brasil. Também fiz uma consulta informal a algumas pessoas esclarecidas da sociedade sobre quais foram os melhores e os piores governadores do Paraná, pretendia elencar os três melhores e os três piores, no entanto, obtive como resultado, apenas dois governadores avaliados positivamente e três com grande rejeição. José Richa e Roberto Requião deixaram boas lembranças e entre os governadores citados como ruins ou péssimos estão Álvaro Dias, Jaime Lerner e Beto Richa.
O saudoso José Richa (1983-1986) é bem lembrado por educadores, agricultores e pessoas à esquerda e à direita da política estadual e nacional. José Richa então no MDB (atual PMDB) contribuiu para o processo de redemocratização do país, foi um governante competente, sério e íntegro, ajudou a fundar o PSDB, partido que na atualidade não é nem de longe aquilo que Zé Richa almejava. O outro governador, Roberto Requião (PMDB) teve três passagens pelo Palácio Iguaçu (1991-1994; 2003-2006 e 2007-2010). Na primeira passagem pelo Palácio Iguaçu sucedeu a Álvaro Dias, porém, o período de maiores realizações foi na sua segunda passagem pelo Governo quando mostrou ser um grande administrador ao por em dia as finanças combalidas do Estado após oito anos de governo Jaime Lerner. Roberto Requião é leitor ávido e muito culto, porém, seu estilo e fala ferina desagrada a muitos. É bem lembrado por boa parcela dos educadores paranaenses e dos agricultores.
Álvaro Dias (1987 e 1991) não deixou boas lembranças para o funcionalismo público, pois, seu governo foi um período de perdas de direitos, e, no qual ocorreu o covarde ataque policial aos professores na greve de 1988. O massacre aos professores é apontado como a causa de jamais ter conseguido voltar ao Palácio Iguaçu. Os profissionais da Educação, com razão, não o perdoam, apesar disso, se elegeu senador três vezes e foi considerado melhor administrador que Lerner e Beto Richa. Jaime Lerner (1995-2003) utilizou as imagens do ataque aos professores em sua campanha política e com isso triunfou sobre Álvaro Dias. Eleito, implantou forte política neoliberal, sucateou a Educação e promoveu ataques aos direitos historicamente adquiridos pelos educadores que ficaram sem reposição de grande parte da inflação do período, a agricultura foi abandonada, pois, deu prioridade às cidades (grandes). Colocou o Estado numa grave crise financeira, com atrasos de pagamentos aos fornecedores do governo e de direitos do funcionalismo, privatizou o Banestado, parte da Sanepar, e tentou vender a Copel sem sucesso ante a reação da sociedade. É fruto do seu governo as concessões de pedágio à iniciativa privada das principais rodovias paranaenses, alvo de fortes críticas populares pela exorbitância das tarifas praticadas, como legado positivo trouxe indústrias automobilísticas e criou a Paranaprevidência. Beto Richa é no momento, considerado o pior governante paranaense da história (pior até que Jaime Lerner). Em seu primeiro mandato atolou o Paraná em dívidas com atrasos de pagamentos de fornecedores do governo e de direitos do funcionalismo. Ao inaugurar seu segundo mandato promoveu o absurdo e covarde massacre policial contra os educadores em 29 de Abril (213 feridos) no afã de se apropriar do fundo de aposentadoria do funcionalismo público. Atualmente, se encontra às voltas com greves do funcionalismo público (que se defende dos ataques do tucano aos direitos historicamente conquistados) e denúncias de corrupção sendo investigadas pelo Gaeco.
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