sexta-feira, 19 de setembro de 2014
De olho no ENEM e nos vestibulares– Parte 1
O Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio inicialmente alvo de críticas de especialistas em educação esteve também envolvido em polêmicas por causa de vazamento de provas, no entanto, essa fase parece ter ficado definitivamente para trás e o referido exame cada vez mais se firma como um dos mais importantes passaportes para que milhões de jovens brasileiros tenham enfim o acesso ao curso universitário. O Enem é utilizado por várias instituições de ensino superior, e, pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) é possível obter bolsas de estudo para cursos de universidades privadas. O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) utiliza a nota do exame para selecionar alunos para universidades públicas. O Enem/2014 se realizará nos dias 8 e 9 de novembro e somente poderão participar os candidatos devidamente inscritos até fins de maio passado. O número de inscritos esse ano supera o de 2013. A segurança do exame contra fraudes e vazamentos tem sido cada vez mais aperfeiçoada. Também é possível tirar o certificado do ensino médio, desde que o estudante consiga atingir a nota mínima de 450 pontos em cada uma das quatro provas objetivas (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas) e 500 pontos na redação.
A VEJA também publicou uma matéria sobre os temas da atualidade que poderão cair no Enem e nos vestibulares por meio de uma lista de temas fornecidos por especialistas em educação. A referida matéria registra que acompanhar assuntos discutidos no Brasil e no mundo é um fator importante para um bom desempenho no Enem e nos vestibulares e que embora o Enem ao contrário dos vestibulares, não cobra de seus candidatos informações pontuais sobre atualidades, possui questões que exigem do candidato conhecimentos básicos sobre o que está em debate no país e no mundo. Paulo Moraes, coordenador do Anglo Vestibulares afirma: “O Enem não é factual, não cobra do aluno detalhes de um assunto que ganhou as manchetes dos jornais às vésperas da prova, mas exige atenção a temas que pautaram as discussões no Brasil nos últimos doze meses”.
Dentre os temas que podem cair no Enem e nos vestibulares estão a extração de gás e petróleo do xisto (tema já tratado nesse espaço com o artigo “O canto da sereia”), na verdade, folhelho betuminoso e que está gerando grande polêmica devido a difícil equalização entre benefícios econômicos e custos ambientais. A exploração de folhelho é conhecida há muito tempo, mas o processo não tinha a lucratividade da exploração tradicional de petróleo e jazidas profundas eram inacessíveis, então a exploração era realizada em depósitos superficiais, no entanto, a crescente necessidade de energia e o aumento da dependência externa de grandes potências como os Estados Unidos da América e a descoberta da técnica conhecida pelo termo em inglês “fracking” que se trata do fraturamento hidráulico em que é injetada água sob alta pressão com grande quantidade de componentes químicos para liberar o gás da camada de folhelho que pode estar em profundidades entre 1000 a 3000 metros. Trata-se da possibilidade de por um lado conseguir o suprimento de grande quantidade de energia que pode ser utilizada em indústrias, usinas termelétricas a gás, etc.
O Brasil fez o leilão para a exploração de tal minério e o Paraná especialmente o terceiro planalto (Atenção: possível tema para vestibulares de universidades públicas paranaenses!) possui grandes reservas de folhelho betuminoso, porém, a técnica é considerada muito agressiva ao meio ambiente e vários problemas já foram reportados em países como os EUA, a Argentina, etc. O debate em questão é: O mundo precisa cada vez mais de energia e o folhelho betuminoso explorado pela técnica do “fracking” pode ser o passaporte para a autossuficiência energética, no entanto, seu custo ambiental é gigantesco e os riscos são exponenciais. O gás de xisto (folhelho) deve ser explorado imediatamente ou sua exploração deve ser suspensa até que novas pesquisas ou uma nova tecnologia menos agressiva sejam desenvolvidas? Pela autossuficiência energética vale a pena correr os riscos ambientais envolvidos? Ou deve a humanidade passar a contabilizar como custo de extração os prejuízos ambientais decorrentes e procurar desenvolver com o auxílio da ciência fontes alternativas e preferencialmente renováveis de energia? As questões ambientais costumam ser secundarizadas quando afetam as motivações econômicas e os especialistas pregam a necessidade do surgimento de uma nova sociedade, econômica e ambientalmente sustentável. Há nessa nova sociedade sustentável lugar para a exploração do gás de “xisto” levando em conta a ética na responsabilidade de preservação ambiental para as futuras gerações? Essas são algumas das questões que o postulante à vaga na Universidade deve refletir após se inteirar do tema.
Referências:
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/enem-2014-prova-sera-realizada-nos-dia-8-e-9-de-novembro
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/temas-da-atualidades-que-podem-cair-no-enem-e-vestibulares-201415
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