quinta-feira, 24 de julho de 2014
A Copa das Copas e o vexame dos vexames! - Parte 2
No campo enquanto o selecionado brasileiro levava uma estonteante surra da seleção alemã percebi que na segunda etapa os alemães haviam desacelerado e pensei que com o jogo já liquidado estavam poupando energia para a final, porém, dias depois, assisti num programa de TV que os atletas alemães combinaram no intervalo do jogo não humilhar a seleção brasileira, faz sentido, penso que se desejassem chegariam facilmente aos 10 gols e que fizeram isto nem tanto pelo respeito à seleção brasileira, mas pelo fato de o Brasil ser o anfitrião e cujo povo acolheu carinhosamente a seleção germânica que por sinal se demonstrou uma das mais simpáticas.
Se em campo a seleção brasileira protagonizou o maior fiasco em 100 anos de sua história, fora dele, ao contrário do que a parcela do povo que canta em verso a suposta “incapacidade nata” do povo brasileiro de organizar grandes eventos e de ocupar um lugar ao sol entre as grandes nações do mundo, a Copa de 2014 foi um sucesso e ganhou a nota 9,25 atribuída pela FIFA superando a Copa de 2006 na Alemanha e obtendo o segundo maior público da história. Ao contrário do que todos imaginam, na Alemanha também houve atrasos no cronograma de entrega de algumas obras e obras que ultrapassaram o valor orçado. A Alemanha investiu menos recursos que o Brasil, pois, convenhamos, aquele país já tinha uma boa infraestrutura no que concerne a mobilidade urbana e, por isso, os gastos foram menores. No Brasil, após a ditadura militar até a entrada de Lula e Dilma no governo federal, os governantes somente tinham uma preocupação: vender as “joias da coroa” e vender o quanto antes, não importa a que preço! Pois bem, as “joias” foram vendidas e a infraestrutura do país além de não ser ampliada foi sucateada com o “Estado do mínimo” efetivado naqueles duros tempos de verdadeiramente minguados recursos para a Educação, para a Saúde e para a infraestrutura do país, em que boas estradas somente havia aquelas que eram pedagiadas vendendo-nos a falsa impressão de que o pedágio era a única solução, quando na verdade o problema era de péssima gestão dos governantes de plantão.
A Copa de 2014 é pelo menos por enquanto, a Copa das Copas, pois, a FIFA e os jornalistas estrangeiros a elegeram como a melhor dos tempos modernos, e, na qual o povo brasileiro deu um show de acolhimento aos turistas estrangeiros vindos de 203 países diferentes e contados em cerca de um milhão. Penso que a conhecida frase “o melhor do Brasil é o brasileiro” é corretíssima, pois, excluída uma parcela de pessoas nascidas em berço de ouro que se consideram castigados por Deus ou por uma fatalidade do destino ter nascido nestas plagas e que apenas resmunga, o brasileiro ri de suas próprias desgraças. Durante o desenvolvimento da Copa uma poderosa revista semanal que parcela da população considera a “Bíblia da notícia” e nela creem com imensa fé e a maior rede de TV deste país que dita o que o povo deve pensar estavam ambas com o discurso totalmente descompassado com a imprensa internacional que cobria o mundial e que tecia rasgados elogios ao país e à Copa, dessa forma, tais meios de comunicação acabaram capitulando e abrandando as críticas que inclusive boa parte dos marcianos acredita: não tinham motivações eleitoreiras.
Fracassamos em campo com uma empresa privada, sim, a CBF é uma entidade privada e não tem nenhuma ligação com o Governo Federal e, portanto, a Presidenta Dilma não pode ser culpada pelo fracasso da seleção, pelo menos não racionalmente. A CBF é uma entidade com imagem bastante arranhada pela ineficiência na gestão do futebol brasileiro em que os negócios e as negociatas se sobrepõem ao verdadeiro esporte. As relações viciadas entre a CBF, as Federações Estaduais, os clubes, os patrocinadores e a principal rede de TV transmissora dos jogos comprometem o presente e o futuro do futebol brasileiro. A Alemanha conseguiu a atual hegemonia do futebol mundial com uma grande reformulação do futebol nacional que é gerido pela DFB (Federação Alemã de Futebol) que é um órgão ligado diretamente ao governo do país e que ao contrário da CBF investe nas categorias de base (são 366 centros oficiais), aplica uma espécie de Lei de Responsabilidade Fiscal aos clubes (Fair Play financeiro) e estes não podem gastar mais do que arrecadam (no Brasil com raras exceções os clubes vivem no vermelho). Naquele país, os clubes são obrigados a investir nas categorias de base e a distribuição dos recursos aos clubes referentes à transmissão dos jogos são mais justos do que aqui se verifica. Os ingressos estão entre os mais baratos da Europa, enquanto no Brasil estão cada vez mais caros. Enfim, enquanto fracassamos com uma entidade privada, a Alemanha foi vitoriosa com uma entidade estatal, mas deixando de lado a questão ideológica do privado x estatal que obviamente não constitui o axioma da questão, pois, este se encontra na gestão e a gestão do futebol levado a cabo pela CBF tem se demonstrado uma coisa de “Jênio” (assim mesmo, com jota!).
Fonte: Sucesso alemão inspira “novo” Brasil – Jornal Gazeta do Povo – 20 de Julho de 2014.
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