quinta-feira, 8 de maio de 2014
E as águias voaram...
Há alguns anos ministrei um curso de formação político-sindical para professores(as) e funcionários(as) em Educação e utilizei a metáfora da águia e da galinha que se desenvolve em torno da narrativa sobre um filhote de águia apreendido por um camponês e criado num galinheiro e que passa a se comportar como se galinha fosse, até que um homem visita o camponês e ao ver a águia afirma admirado: “essa ave é uma águia!” e o camponês responde: “não é mais, agora ela é uma galinha como as outras!”, contrariado o visitante afirma: “não, uma águia é e será sempre uma águia, pois tem o coração de águia”, novamente o camponês lhe contraria afirmando que a águia é agora uma galinha e que jamais voará. O visitante faz uma tentativa de fazer a águia voar colocando-a sobre o braço e esta pula ao chão para debicar milho juntamente com as outras galinhas, a insatisfação do visitante é acompanhada pelos risos do camponês incrédulo. O homem não desiste sobe em cima do telhado e tanta alçar a águia ao voo, porém, ela desce ao chão e se junta com as demais galinhas. Persistente na missão de libertar a águia, no dia seguinte o homem leva-a ao alto de um penhasco e apoiando-a no braço mostra a ela a imensidão do espaço a ela reservado até o momento em que um raio de luz do Sol penetra nos seus olhos e ela trêmula, grasna e alça um voo majestoso rumo à liberdade.
Nos dias de ocorrência da recente greve, juntamente com alguns/algumas colegas da APP-Sindicato visitei sete municípios e várias escolas e em algumas delas relembrei a metáfora e me senti como o homem que estava libertando as águias, pois, professores(as) e funcionários(as) são águias, podem até algumas vezes não se comportarem como tal, mas possuem mente e coração de águias e apesar de não escaparem à alienação imposta pelo sistema que de forma nada inocente condiciona como limitados(as) seres com grande capacidade com o intuito de sobre eles(as) exercer seu domínio. E soube que muitas daquelas águias alçaram voo após a fala que nada tinha de especial, pois o que havia de especial estava na mente e no coração de cada trabalhador(a) que a ouvia. Sendo professor tal como qualquer outro eu me sinto muitas vezes como o homem que não desiste de fazer a águia voar para lhe dar a liberdade ao alçar o educando ao mundo. Que o exemplo dos/das trabalhadores(as) em educação povoe a mente dos(as) alunos(as) de forma que no dia em que estiverem exercendo uma atividade profissional lembrem-se que a união de todos(as) em prol de um objetivo torna sua consecução possível e que o individualismo que a sociedade capitalista cultua enfraquece justamente aqueles que produzem as riquezas, a classe trabalhadora.
Aproveito a oportunidade para me dirigir aos pais e alunos(as) para dizer que nós trabalhadores(as) em Educação ensinamos mais uma vez à sociedade como fazer manifestações de forma ordeira e organizada e que temos na Educação nosso maior compromisso, foi por esse motivo que fizemos uma passeata com mais de 20 mil manifestantes em Curitiba e que não temos vergonha em fazer greve como sugerem alguns, pois, vergonha é que tenhamos governantes que resolvam “pagar para ver”, ou seja, permitam que a greve ocorra acreditando não ser forte e assim poder fazer ouvidos moucos à categoria. Nós trabalhadores(as) em Educação somos conscientes para lutar por nossos direitos, também o somos para fazer com que nossos educandos não sejam prejudicados, a reposição das aulas não ministradas é um compromisso assumido. Cada aula não ministrada precisa ser reposta, pois o/a aluno(a) não pode ser prejudicado(a) e em minha opinião isso vale para o caso em que o/a professor(a) estava em greve ou não, pois, um(a) professor(a) consciente em NÃO ministrando a aula por ausência de alunos(as) tem o dever moral de não penalizá-los(as). A ausência de consciência de classe ou excessivo zelo partidário ao governo atual não o/a exime do seu compromisso com os/as educandos(as). Pena que o governo estadual não pense assim, pois, soube através da direção de um colégio que foram recebidas ordens para que os/as professores(as) que não fizeram greve e que NÃO ministraram aulas por ausência de alunos(as) possam repor só os conteúdos. O governo na intenção de “premiar” os/as professores(as) fiéis (não grevistas) acaba prejudicando os/as estudantes. Deixo a seguinte dica aos pais: defendam os interesses de seus filhos, se NÃO houve aulas, é mais justo com os mesmos que a reposição não seja apenas de conteúdos.
P.S. Soube que alguns/algumas professores(as) que não fizeram greve e NÃO ministraram aulas no período, conscientes de sua responsabilidade com a classe estudantil resolveram também repor aulas juntamente com os/as demais. Parabéns Professores(as) pela atitude!
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