quinta-feira, 29 de maio de 2014
Lula é o cara!
Há alguns anos um amigo enviou-me um e-mail e pediu que no site de buscas Google digitasse “presidente mais mentiroso do Brasil” o que movido pela curiosidade fiz e como era de se esperar (uma vez que meu amigo sempre foi simpatizante de ideologias e partidos digamos mais à direita) o resultado apareceu numa fração de segundos: Lula! Não me irritei, sabedor do caráter brincalhão do referido amigo, que, tinha ciência de que votei em Lula todas as vezes em que ele saiu candidato a Presidente, foi assim em 1989, campanha na qual assisti Collor na Praça Nogueira do Amaral com seu discurso odioso contra aquilo que estavam fazendo com o país, e o que ele fez depois, vocês bem sabem. Assisti o debate final da Globo e a manipulação (confessa por Boni) da edição do Jornal Nacional. Em 1994, não me iludi com o professor e intelectual FHC e menos ainda em sua reeleição cuja aprovação da emenda constitucional que a possibilitou teve votos comprados por R$ 200 mil reais a unidade conforme comprovado pelo “Senhor X” (Narciso Mendes) ao gravar secretamente parlamentares dentre os quais o então Deputado Federal Ronivon Santiago (PFL – AC). Na época, o Senador Pedro Simon afirmou que 150 deputados foram comprados para aprovar a emenda da reeleição que aprovada em benefício próprio (para FHC) foi um verdadeiro golpe à Constituição, pois, tal mudança constitucional por força de lei somente poderia ser válida para o próximo mandatário. Além disso, FHC torrou o patrimônio público do país, penso que uma coisa é ser neoliberal, conservador, outra é ser desprovido de sensatez, pois, nenhuma pessoa por mais neoliberal e defensora do Consenso de Washington, pode, ao tomar conhecimento da forma como se deram as privatizações de FHC ainda assim defender o modelo levado a cabo.
A “Dama de Ferro” Margareth Thatcher comandou as privatizações na Inglaterra, mas, ela foi mais patriota e sensata, pois, teve mais cuidado com o patrimônio do povo e o destino a ele dado do que a equipe de Governo de FHC. Porém, a grande mídia antenada com os interesses externos apoiou amplamente o modelo do programa de privatizações, verdadeiro ato lesa-pátria que tornou o país mais pobre, e, que no ato de vender suas valiosas empresas além de receber “moedas podres” fez aumentar sua dívida emprestando dinheiro via BNDES para os compradores. Quem ainda hoje defende as privatizações do Governo FHC tal como foram realizadas ou é ingênuo, ou mal informado, ou então, mal intencionado. Mas, apesar das derrotas, o povo brasileiro seguiu firme na “esperança” enfrentando o medo e com a certeza que um dia “LULA Lá” chegaria e este dia chegou em 01 de Janeiro de 2003, a classe trabalhadora chegava ao Poder após 500 anos de domínio da burguesia, mas, Lula tinha agora uma difícil missão na qual não podia fracassar, pois, o direito ao erro somente é permitido aos habituais donos do Poder.
Na torcida para que Lula desse errado, os mesmos, que hoje torcem pelo fracasso da Copa do Mundo realizada em nosso país, são pessoas desprovidas do sentimento de patriotismo, pois, sempre torceram contra o Brasil e agem tal como alguns jogadores de torneios de várzea que no momento em que o jogo está difícil começam propositadamente a fazer corpo mole (quando não, gols contra) e a reclamar da escalação, da posição em que estão jogando e pondo defeitos na atuação de todos, menos em si. Lula que sobreviveu à miséria na infância terminou seus 8 anos de mandato com 80% de aprovação e ainda elegeu sua sucessora, a primeira mulher presidente deste país. Lula é aplaudido aonde vai e ganhou até o momento 28 títulos de Doutor Honóris Causa, além de outros prêmios e honrarias. O cerimonial de Reis, Rainhas e Presidentes(as) o colocam ao lado dos anfitriões para a fotografia oficial, é considerado um grande estadista e um líder em defesa de causas humanitárias por intelectuais e líderes do mundo todo e como sendo um fenômeno por ninguém menos que o principal representante da oposição Aécio Neves (PSDB). O Presidente Obama (EUA) ao se referir à Lula afirmou certa vez “adoro esse cara!” E eu após a consulta sugerida pelo referido amigo pesquisei naquele momento “qual o melhor presidente do Brasil?” O Google novamente em frações de segundos: Lula! Então, como troco, enviei por e-mail a minha sugestão de pesquisa para ele!
sábado, 24 de maio de 2014
A TV como sombra da Alegoria da Caverna
Nos últimos anos o aumento real do poder aquisitivo dos trabalhadores e a facilidade para obter crédito possibilitou que setores mais humildes da sociedade pudessem mobiliar/remobiliar suas casas, então é de se supor que hoje a situação não seja mais a verificada no Censo do ano 2000 em que havia em nosso país mais casas com TV do que casas com geladeiras, pois, como disse, o que se supõe ser o item de primeira necessidade foi naquele momento por muitos relegado a segundo plano, talvez o povo mais humilde pensasse tal como Arnaldo Antunes (ex-Titãs) “Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que? Você tem fome de que?... A gente não quer só comida. A gente quer comida. Diversão e arte[...]”. Dessa forma, a opção da parcela mais pobre pela TV certamente causou estranheza aos mais bem nascidos no que concerne ao fator utilidade, no entanto, tomando novamente a letra de Arnaldo Antunes e pensando na “vida Severina” que aos trabalhadores é destinada, ou seja, uma vida muito dura, de muito trabalho, de muito sofrimento e poucas alegrias, porém, de muita fé em dias melhores se torna compreensível, pois, entre melhor conservar o pouco alimento existente e um pouco de distração em meio às agruras da vida, as dores do espírito falaram mais alto, por isso a escolha.
Ao pensar na questão da TV lembro que os Estados Unidos também tiveram um Marx famoso (Groucho Marx), mas este era humorista, ator, diretor de cinema, cantor, compositor e roteirista e que certa vez afirmou: “Acho a televisão muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro”. Penso que não se trata de demonizar a TV, mas, grande parte da programação da TV brasileira é deprimente e alguns dias li num jornal que os brasileiros com acesso à TV por assinatura (paga) mesmo assim, preferem os canais abertos em detrimento de programas de melhor qualidade existentes nos pacotes que assinam. Penso que independentemente de o canal ser fechado (pago) ou aberto (livre) a programação precisa ser instrutiva, é preciso que a pessoa ao final do programa tenha se apropriado de mais conhecimento desenvolvido pela humanidade aumentando sua bagagem cultural, mas, não sou ingênuo, sei que a TV manipula o povo e o povo manipula a TV, afinal, a TV oferece ao povo o que ele quer consumir e o que o povo quer consumir é muitas vezes de qualidade para lá de duvidosa.
Além dos dramalhões (novelas) que hipnotizam homens e mulheres há também a manipulação da informação que faz do tratamento dado à notícia pelo Canal de TV a suprema verdade para parte considerável do povo que não reflete sobre as notícias, o aparelho de TV através dos profissionais pagos para dar a versão do grupo empresarial sobre os acontecimentos “pensa” pelo povo. A TV tem um poder gigantesco, não é a toa que “num país muito, muito distante” que foi governado por uma ditadura militar durante duas décadas os generais presidentes tinham por hábito na hora da nomeação de ministros, especialmente das comunicações consultar um poderoso empresário (já falecido) do setor. Penso que é muito difícil conversar com pessoas viciadas na telinha, pois, basta ouvi-las e ligar o canal de TV que “automaticamente” assistem e constatar que a opinião destas é exatamente a mesma. O filósofo Platão em sua Alegoria da Caverna propõe a reflexão sobre uma ficção a respeito de alguns homens nascidos em uma caverna na qual estavam acorrentados e que nunca tiveram contato com o exterior durante toda a sua vida e que viam sombras projetadas no fundo da mesma, as quais tratavam como divindades adorando-as, até que certo dia um deles se libertou das correntes e saiu da caverna, conheceu o mundo exterior e descobriu que aquilo que adoravam como divindades eram na verdade sombras de pessoas que passavam próximas à entrada da caverna, então decide voltar à mesma e conta tudo o que viu fora da caverna e explica a origem das sombras aos companheiros acorrentados que o matam devido às coisas absurdas e insanas que proferiu. Nem tudo o que a TV noticia é verdade, existem manipulações e omissões por conta de filtros ideológicos, mas, penso que está ficando perigoso falar isso à esmo, afinal, a TV é a sombra da Alegoria da Caverna e existe muita gente acorrentada no fundo da caverna de seus lares.
sábado, 17 de maio de 2014
Deixa que digam que pensem que falem...
Impossível ler o título deste artigo e não lembrar imediatamente do “vovô garotão” Jair Rodrigues que infelizmente esta semana deixou este plano em que de tanto cantar e encantar a todos por onde passava encantou a si mesmo e não pode mais chorar e condenado a sempre sorrir sorrindo viveu, desfilou pela vida e quando pensávamos que seu sorriso era eterno repentinamente se foi, por mais que sua obra e seu talento sejam considerados completos Jair foi um daqueles gênios da música que ouvir cantar nunca era o bastante e lamentavelmente a cortina do espetáculo baixou e por mais que peçamos bis com aplausos ininterruptos ele não voltará para mais uma palinha, nos dando a impressão que alguma coisa faltou e também que em termos de música de boa qualidade estamos ficando cada vez mais sós, o andar de cima está cada dia mais reforçado e quando penso que muitos dos grandes ícones da música de boa qualidade já estão vivendo o quarto final de suas vidas, penso que não devemos perder oportunidades de assistir seus shows, pois, embora o show deva continuar o artista inevitavelmente um dia deixa o palco vazio.
Emociono-me quando assisto a sua apresentação no festival de 1966 interpretando “disparada”, genial letra de Geraldo Vandré, o autor da não menos genial “Prá não dizer que não falei das flores”, ambas as letras tornaram-se hinos cantados pelas multidões que assaltados do direito de expressar sua opinião pelos usurpadores da democracia que se instalaram num certo dia 1º de Abril e que fizeram do terrorismo de Estado a ordem do dia e contra toda a dor e desencanto que um grupo de lunáticos estabelecidos no Poder estavam causando, Jair seguiu cantando, sorrindo e amenizando o sofrimento presente em todo lugar. É tarefa difícil escolher uma estrofe de “disparada” para citar neste artigo, pois, “disparada” é toda genialidade e ganhou a eternidade na interpretação inigualável de Jair Rodrigues, pois, embora outros cantores a interpretassem maravilhosamente após 1966, ninguém colocou tanto a alma e o coração nessa letra quanto ele. A música começa pedindo para prepararmos o coração, justamente o coração que levou Jair embora: “Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar / Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão / Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar / Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar / E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo / Estava fora do lugar, eu vivo prá consertar” e em outra estrofe: “Então não pude seguir valente em lugar tenente / E dono de gado e gente, porque gado a gente marca / Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente / Se você não concordar não posso me desculpar / Não canto prá enganar, vou pegar minha viola / Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar”. Jair, não teve vida fácil, ralou muito, foi engraxate, mecânico e pedreiro, serviu também o Exército, foi cantor de boate e artista completo desfilou nos palcos da MPB, do samba e até da música sertaneja em que interpretou brilhantemente a música “A Majestade, o Sabiá” cuja composição é de Roberta Miranda.
Vivemos num tempo em que não são poucas as pessoas que se ocupam mais da vida alheia do que cuidando de seus próprios interesses, o que faz com que as pessoas que menos apreciam-nos serem as que mais prestam atenção a tudo o que fazemos, escrevemos e dizemos. É uma triste época, ninguém escapa aos rótulos, se faz algo bom tem algum interesse embutido nessa boa ação ou quer se aparecer, pois, na mentalidade mercenária que domina a cabeça de muitos não se concebe que outras pessoas possam pensar diferentemente e agir visando algo que não a satisfação própria. Se defender vigorosamente os fundamentos que balizam o seu pensamento é um radical, e se pensa diferente é um revoltado da vida mesmo quando aqueles que criticam ingerem senso comum e vomitam reacionarismos fascistoides. Para todas as pessoas que sofrem com os rótulos deixo como dica a estrofe inicial de “Deixa isso prá lá” interpretada por Jair Rodrigues. “Deixa que digam / Que pensem que falem / Deixa isso prá lá / Vem pra cá / O que é que tem? / E eu não tô fazendo nada / Nem você também / Faz mal bater um papo / Assim gostoso com alguém?”
quinta-feira, 8 de maio de 2014
E as águias voaram...
Há alguns anos ministrei um curso de formação político-sindical para professores(as) e funcionários(as) em Educação e utilizei a metáfora da águia e da galinha que se desenvolve em torno da narrativa sobre um filhote de águia apreendido por um camponês e criado num galinheiro e que passa a se comportar como se galinha fosse, até que um homem visita o camponês e ao ver a águia afirma admirado: “essa ave é uma águia!” e o camponês responde: “não é mais, agora ela é uma galinha como as outras!”, contrariado o visitante afirma: “não, uma águia é e será sempre uma águia, pois tem o coração de águia”, novamente o camponês lhe contraria afirmando que a águia é agora uma galinha e que jamais voará. O visitante faz uma tentativa de fazer a águia voar colocando-a sobre o braço e esta pula ao chão para debicar milho juntamente com as outras galinhas, a insatisfação do visitante é acompanhada pelos risos do camponês incrédulo. O homem não desiste sobe em cima do telhado e tanta alçar a águia ao voo, porém, ela desce ao chão e se junta com as demais galinhas. Persistente na missão de libertar a águia, no dia seguinte o homem leva-a ao alto de um penhasco e apoiando-a no braço mostra a ela a imensidão do espaço a ela reservado até o momento em que um raio de luz do Sol penetra nos seus olhos e ela trêmula, grasna e alça um voo majestoso rumo à liberdade.
Nos dias de ocorrência da recente greve, juntamente com alguns/algumas colegas da APP-Sindicato visitei sete municípios e várias escolas e em algumas delas relembrei a metáfora e me senti como o homem que estava libertando as águias, pois, professores(as) e funcionários(as) são águias, podem até algumas vezes não se comportarem como tal, mas possuem mente e coração de águias e apesar de não escaparem à alienação imposta pelo sistema que de forma nada inocente condiciona como limitados(as) seres com grande capacidade com o intuito de sobre eles(as) exercer seu domínio. E soube que muitas daquelas águias alçaram voo após a fala que nada tinha de especial, pois o que havia de especial estava na mente e no coração de cada trabalhador(a) que a ouvia. Sendo professor tal como qualquer outro eu me sinto muitas vezes como o homem que não desiste de fazer a águia voar para lhe dar a liberdade ao alçar o educando ao mundo. Que o exemplo dos/das trabalhadores(as) em educação povoe a mente dos(as) alunos(as) de forma que no dia em que estiverem exercendo uma atividade profissional lembrem-se que a união de todos(as) em prol de um objetivo torna sua consecução possível e que o individualismo que a sociedade capitalista cultua enfraquece justamente aqueles que produzem as riquezas, a classe trabalhadora.
Aproveito a oportunidade para me dirigir aos pais e alunos(as) para dizer que nós trabalhadores(as) em Educação ensinamos mais uma vez à sociedade como fazer manifestações de forma ordeira e organizada e que temos na Educação nosso maior compromisso, foi por esse motivo que fizemos uma passeata com mais de 20 mil manifestantes em Curitiba e que não temos vergonha em fazer greve como sugerem alguns, pois, vergonha é que tenhamos governantes que resolvam “pagar para ver”, ou seja, permitam que a greve ocorra acreditando não ser forte e assim poder fazer ouvidos moucos à categoria. Nós trabalhadores(as) em Educação somos conscientes para lutar por nossos direitos, também o somos para fazer com que nossos educandos não sejam prejudicados, a reposição das aulas não ministradas é um compromisso assumido. Cada aula não ministrada precisa ser reposta, pois o/a aluno(a) não pode ser prejudicado(a) e em minha opinião isso vale para o caso em que o/a professor(a) estava em greve ou não, pois, um(a) professor(a) consciente em NÃO ministrando a aula por ausência de alunos(as) tem o dever moral de não penalizá-los(as). A ausência de consciência de classe ou excessivo zelo partidário ao governo atual não o/a exime do seu compromisso com os/as educandos(as). Pena que o governo estadual não pense assim, pois, soube através da direção de um colégio que foram recebidas ordens para que os/as professores(as) que não fizeram greve e que NÃO ministraram aulas por ausência de alunos(as) possam repor só os conteúdos. O governo na intenção de “premiar” os/as professores(as) fiéis (não grevistas) acaba prejudicando os/as estudantes. Deixo a seguinte dica aos pais: defendam os interesses de seus filhos, se NÃO houve aulas, é mais justo com os mesmos que a reposição não seja apenas de conteúdos.
P.S. Soube que alguns/algumas professores(as) que não fizeram greve e NÃO ministraram aulas no período, conscientes de sua responsabilidade com a classe estudantil resolveram também repor aulas juntamente com os/as demais. Parabéns Professores(as) pela atitude!
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Aula prática de cidadania
Os/as professores(as) da rede Estadual de Educação Básica do Estado do Paraná reunidos em Curitiba deliberaram há algumas horas, hoje (29/04), pela suspensão da greve iniciada em 23 de abril e levada a cabo para destravar a pauta de reivindicações cujas negociações há algum tempo encontrava-se emperrada. A suspensão não é o fim da greve, mas uma interrupção, em meu ver uma estratégia inteligente que dará ao Governo tempo para efetivação das ações referentes à proposta apresentada junto ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato). Na hipótese que espero seja pouco provável de o Governo não cumprir as promessas, a greve pode retornar. A história dos direitos trabalhistas que hoje conhecemos (férias, descanso semanal, 13º salário, etc.) é a história de muitas lágrimas, muito suor e sangue derramado, trabalhadores(as) deram até mesmo suas vidas pela conquista de direitos que hoje consideramos tão naturais e não nos damos conta de como foram arduamente conquistados, o dia 1° de Maio (dia do trabalho) e dia 08 de Março (dia Internacional da Mulher) são datas históricas de luta dos(as) trabalhadores(as) por melhores condições de trabalho e que resultaram em prisões e mortes.
Uma greve é sempre o último recurso, nenhum(a) trabalhador(a) gosta de recorrer a tal expediente, não é diferente com os/as educadores(as), numa greve há grande desgaste psicológico, os/as trabalhadores(as) mais experientes precisam dar apoio aos/às mais jovens, esclarecer as dúvidas de todos(as) e a carga de trabalho na organização da greve faz com que o cansaço seja maior do que a rotina diária de trabalho. A preocupação com as reposições necessárias que precisam ser encaixadas no calendário não saem da cabeça dos/das professores(as). Mas é sempre um bonito momento de exercício da cidadania, costumo dizer que os/as professores(as) ao lutar por seus direitos ensinam lições práticas de cidadania aos/as educandos(as), pois, sabemos a diferença entre ser professor(a) e educador(a) reside no fato de que ao/a primeiro(a) basta ensinar pela teoria, por sua vez, educador(a) é o/a profissional que domina a teoria e alia o conhecimento desta com a prática ensinando pelo exemplo. Ouvi de uma professora que alunos perguntaram “por que ela não estava lutando junto com seus colegas, pois se ensinava que os alunos deviam se unir para lutar por seus direitos, ela devia fazer o mesmo” e afirmei a ela que suas aulas deviam ser boas e estavam surtindo efeito, portanto, não devia ficar constrangida por não ter ingressado na luta desde o primeiro momento e que era bem vinda à luta. No momento em que estamos em greve rememoramos toda a história da classe trabalhadora e honramos os direitos que hoje dispomos e que foram conquistados por quem superando o medo e cheio de esperança ousou lutar. Nós educadores não podemos ter a falsa ilusão de fazermos parte da elite, pois, somos classe trabalhadora e por trabalharmos o conhecimento temos diante de nós a missão de sermos “intelectuais orgânicos” (tal como preconizado por Gramsci) unindo-nos aos demais trabalhadores de outros setores auxiliando na conscientização e na organização da luta por melhores condições de trabalho, mas, também por uma sociedade justa, solidária e fraterna.
Durante a greve juntamente com os/as colegas da APP-Sindicato tive a oportunidade de visitar várias escolas em Laranjeiras do Sul, Quedas do Iguaçu, Saudade do Iguaçu, Sulina, Virmond, Cantagalo e Diamante do Sul, e, conversar com os/as trabalhadores(as) em Educação da rede pública do Estado do Paraná esclarecendo dúvidas e convidando-os/as a fazer parte da história e neste momento quero agradecer a todos(as) os/as profissionais das escolas com as quais mantivemos contato pela resposta positiva ao chamado para a luta e dizer que tenho grande orgulho de cada um/uma de vocês, pois, venceram o medo e imbuídos da esperança ousaram lutar por melhorias na Educação, mesmo sabedores(as) de que sacrifícios seriam necessários. Como afirmou Ruy Barbosa: “Quem não luta pelos seus direitos, não merece tê-los” e você trabalhador(a) em Educação conquistou uma batalha, outras virão e importa que estejamos sempre prontos(as) para mostrar à sociedade como se luta pelos direitos de forma organizada e ordeira, pois, para reivindicar direitos não são necessárias depredações e nem causar transtornos à ordem pública. Aproveito para dizer que a história dos trabalhadores não é feita de grandes avanços através de pequenas ações, mas, de pequenos avanços sucessivos através de grandes ações. Parabéns a você que ousou enfrentar o medo e pôs de lado o comodismo, pois, seu exemplo vale mais do que qualquer teoria para os/as educandos(as).
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