sábado, 28 de dezembro de 2013
A escola como um vagão de trem
Sempre que o início de um novo ano se aproxima costumamos fazer um balanço do ano que ora finda e o fazemos de forma totalmente automática, assim, tal como as redes de TV apresentam as retrospectivas do ano, também o fazemos lembrando-se dos objetivos alcançados e das metas não realizadas sempre com a esperança de que o ano vindouro seja melhor. Há algum tempo li uma mensagem que comparava a vida a um vagão de trem, a mensagem além de muito bela trazia o conceito de que em nossa vida tudo é passageiro. Ao olharmos para as pessoas que conosco convivem em casa, na rua, no clube ou no trabalho, não temos a certeza de quanto tempo estaremos juntos. Essa é uma realidade sempre presente no Magistério, todos os anos, conhecemos jovens com os quais convivemos naqueles 50 minutos de aula por meses ou anos até que um dia eles desembarquem numa das estações e assumam lugar noutro vagão no trem da vida. Há dentre esses ex-alunos, alguns que por educação ou gratidão, eternamente nos chamarão de professor e, outros, que nos chamarão pelo nome, por não gostar do conceito de autoridade, ou, ainda, aqueles que sequer nos cumprimentarão, e, isto ocorre, por não terem em seu tempo devido, a maturidade do entendimento que o professor exigente tal como o pai severo muitas vezes ama mais o seu pupilo/filho que o professor ou pai permissivo. Sei disso por experiência própria, aprendi muito mais com professores exigentes do que com os assim chamados “gente fina”, tenho mais prazer ao encontrar os professores chamados “durões” (que realmente contribuíram com a minha aprendizagem) do que aqueles que para ter a simpatia (da classe toda) arriscaram prejudicar o nosso futuro.
Educador que sou, neste momento, a lembrança dos vários anos na profissão me traz à mente a imagem de colegas (alguns inclusive meus professores) que vencendo o seu tempo no vagão, desceram na estação que lhe era devida para desfrutar do descanso dos grandes guerreiros e se dedicar a outras atividades que sabemos a vida de professor não permite, pois, exige dedicação integral e que muitas vezes trata-se de dar aos (as) netos (as) a atenção que não pode dar aos (as) filhos (as) ou mesmo a si próprio (a). Também me lembro dos (as) colegas que foram lecionar no “andar de cima” deixando em nossa mente a lembrança dos últimos momentos convividos (a última conversa) bem como de educandos (as) cujas carteiras repentinamente se tornaram vazias e que por vezes me fizeram dar aulas com um nó na garganta com a imperiosa convicção de que a Educação não pode parar, apesar dos pesares.
A Educação se realiza num vagão e o trem nem sempre anda na velocidade adequada ao fazer escolar, assim, algumas vezes, célere, a educação arrisca sair dos trilhos, noutras a lentidão, quase não sai do lugar e cabe aos professores (as) saber equilibrar a ansiedade que a falta do ritmo adequado, ora a velocidade, ora a lentidão ocasionam. A vida dos professores, tal como a mensagem, se realiza num vagão de trem, parte dos mestres (concursados) sabe de antemão o vagão de trem que lhes é reservado, outros, principalmente, aqueles em início de carreira vivem a angústia de ao ver o final de ano se aproximando não saber qual vagão lhes será determinado para prestarem seus inestimáveis serviços no ano seguinte. Sei que alguns dos (as) colegas e educandos (as) que tive ao final do ano desceram do vagão em que permanecerei no próximo ano e com esse corte no convívio diário deixaram saudades, mas quero que saibam que, se daqui para frente nem sempre estaremos juntos, também nunca estaremos sozinhos, pois, a Educação é uma força que move montanhas, transpõe abismos e desconhece fronteiras. Aos (às) colegas de profissão e aos (as) educandos (as) desejo que as férias sejam boas e energizantes e aos demais leitores deixo meus votos de um próspero ano novo!
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