segunda-feira, 12 de agosto de 2013
O Efeito Gabriela
Há muito tempo observo o quão forte é o “Efeito Gabriela” em nossa sociedade, no entanto antes de discorrer sobre o mesmo é necessário que se explique a sua origem que remonta a 1975, quando o cantor e compositor Dorival Caymmi fez para Rede Globo “Modinha para Gabriela” então tema de abertura da telenovela Gabriela inspirada na obra “Gabriela, cravo e canela” do saudoso Jorge Amado. Sobre a novela, a imagem fixada na mente das pessoas que assistiram a primeira versão é a cena da então jovem e sensual atriz Sonia Braga trajando um vestido sobre o telhado de uma casa mexendo ficticiamente com o imaginário dos homens de Ilhéus e também com o imaginário dos homens que assistiram a obra televisiva, embora nem tão ficticiamente (se é que me entendem!). Mais recentemente, a não menos bela atriz Juliana Paes interpretou a referida personagem em uma regravação feita pela mesma emissora, não tenho o hábito de assistir novelas, mas soube que a regravação não teve o mesmo brilho da versão original com Sonia Braga.
Reminiscências à parte, o nosso interesse é outro, a letra de “Modinha para Gabriela” que então composta ficou popularizada na voz de Gal Costa e tinha como refrão “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela!”. O refrão de tal música acabou se tornando a definição do que ficou conhecido como “Efeito Gabriela”, ou seja, aquelas pessoas que se recusam a mudar mesmo quando confrontadas com a realidade dos fatos ou de argumentos que desmontam a racionalidade da estrutura mental que embasa sua forma de agir perante a sociedade. Não raramente tais pessoas acometidas pelo “Efeito Gabriela” se irritam quando não conseguem triunfar na sua argumentação tentando justificar aquilo em que acreditam perante outras pessoas, mesmo assim, prosseguem acreditando em ideias equivocadas, porque para elas não se trata de um debate “no mundo das ideias” (uma oportunidade de ambos os debatedores crescerem), mas de se curvar perante aquele que apresentou a mais consistente argumentação, ou seja, algo que o orgulho (ou a teimosia) não admite, aqui se vê o “Efeito Gabriela” em ação: “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela!”.
Penso que é absolutamente normal e saudável que as pessoas tenham opiniões diferentes, pois se todos pensassem igualmente, nisso poderia residir o perigo ou no mínimo a burrice, no entanto, existem situações que carecem de qualquer racionalidade e pessoas insistem em acreditar e passar adiante inverdades, manipulações e boatos mesmo contra todas as provas possíveis e imagináveis em contrário. Algumas destas pessoas quando confrontadas com a irrealidade daquilo que estão proferindo se indignam e não raras vezes passam a nutrir um sentimento de antipatia com seus interlocutores. O “Efeito Gabriela” é um mal que acomete pessoas independentemente de sua posição social, nível de escolarização ou idade e parece ser incurável. Diante disso, o melhor é saber como lidar com as pessoas por ele acometidas, assim, meu conselho é: nem todo debate vale a pena, e, aceitar que pau é pedra e que elefantes dormem nos galhos das árvores da Floresta Amazônica pode lhe evitar dissabores (vai por mim!).
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