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domingo, 7 de novembro de 2010

A resposta está soprando no vento!

 Bons ventos têm soprado no mundo, a eleição de Lula (retirante do Nordeste, ex-favelado, operário e líder sindical) no Brasil, a eleição de Evo Morales (indígena) na Bolívia, Barack  Obama (negro) nos Estados Unidos e agora de Dilma Rousseff no Brasil mostram estar o mundo mudando e para melhor.  No entanto, setores reacionários da sociedade não vêm desta forma, pois para muitos a divisão Casa Grande x Senzala é uma instituição que deve ser preservada a todo custo, talvez pensem que isto seja um desígnio de Deus ou amparados em Darwin pensem ser os mais evoluídos e, portanto no topo da espécie humana.
            A não eleição dos políticos acima citados traria ao Poder “mais do mesmo”, ou seja, a continuidade de privilégios concedidos a uma minoria, a exclusão social de uma grande parcela da população, a discriminação étnica e a inexistência ou o fracasso de políticas sociais débeis, por sua inconsistência, pequeno alcance e com grande visibilidade apenas nas campanhas publicitárias. No entanto, a possibilidade de fracasso de um representante das classes excluídas quando da chegada ao Poder é para os representantes da “Casa Grande” a confirmação de que lugar de trabalhador, negro ou mulher é na “Senzala” do lugar de onde não devia ter saído, sim, uma parcela da sociedade possui uma paciência de “Jó” com seus representantes de nobre estirpe que fracassam, mas não dão aos representantes vindos do “andar de baixo” sequer a possibilidade de hesitação.
            Não é exagero afirmar que existe no Brasil um “Apartheid social”, para quem desconhece o termo, Apartheid foi a denominação dada na República Sul Africana ao regime de segregação racial oficialmente institucionalizado e que impedia os negros de ter mobilidade social, cerceando a dignidade humana dos negros e concedendo privilégios à minoria branca. Há no Brasil uma parcela da população rancorosa, rançosa e que não aceita como já disse o fim da divisão “Casa Grande e Senzala” e que infelizmente acaba influenciando pessoas boas que por ingenuidade ou por formação política inconsistente “compram” o seu discurso. A eleição/reeleição de Lula, marca a ascensão da classe trabalhadora (operária e pobre) e a confirmação do projeto da classe trabalhadora em um governo mais humano, justo e patriótico. Também marca a chegada ao Poder daqueles que sempre produziram riquezas e nunca ganharam os méritos disso num país que sempre foi dominado pela elite proprietária de quase tudo que aqui existe.
Com  a eleição de Lula questões há muito colocadas no limbo de nossa sociedade devido o egoísmo dominante “que nada vê ou finge não ver” emergiram das profundezas abissais do fosso da desigualdade social que se construiu desde que o Brasil é o que muito ainda falta para deixar de ser: “Brazil”. Entre estas a injusta distribuição de renda que coloca o país neste quesito entre os piores do mundo, a miséria, a insegurança alimentar, a necessidade de reformas por conta do caos social que a elite por 500 anos não somente protelou como aprofundou. Lula neste final de mandato tem popularidade recorde porque lutou para que o povo não sofresse de insegurança alimentar ou pior ainda de fome propriamente dita e ainda chamou a atenção das Nações Unidas para a questão da Fome em âmbito Mundial.
Mesmo que Lula não se reelegesse, não fizesse o sucessor e fizesse um governo “mais do mesmo”, ainda assim, teria sido muito importante sua passagem pelo Poder, pois um representante do andar de baixo quanto às origens ocupar o mais alto cargo do país é motivo de orgulho para qualquer pessoa verdadeiramente democrata. No entanto, comparar o Governo de Lula com o de seus antecessores é algo que nem mesmo a direita nesta última eleição quis fazer (por que será?), porém, também não temos tal objetivo neste artigo.
Nos Estados Unidos, um país que há não muito tempo houve sérios embates devido a questões de discriminação étnica e cujo preconceito de parcela significativa da sociedade é mundialmente conhecido e em cujo solo ainda existe a Ku Klux Klan (mesmo que na clandestinidade) a eleição de um negro é fantástico. A eleição de Obama mostra aos negros do mundo todo que “sim, eles podem” e Barack Obama conquistou por méritos próprios, fez campanha sem apelar para a questão da discriminação étnica e  triunfou num campo cheio de obstáculos, motivo para fazer sorrir de orelha a orelha até mesmo o formidável Nelson Mandela, assim, Obama merece ser parabenizado, mais parabenizado ainda deve ser o povo estadunidense por vencer o pré-conceito, pois como já o afirmou Albert Einstein: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”!
Na América Latina de tantas espoliações seculares pelas grandes potências e de tantos males causados aos aborígenes locais e na Bolívia, um dos países em que a retirada dos recursos naturais preciosos ocorreu de forma voraz fazendo desaparecer montanhas de prata (Potosí) e ouro acumulados na Europa. Neste mesmo país, há pouco tempo tratados comerciais acerca da exploração de gás e petróleo prejudiciais para com os interesses nacionais foi formalizado pela classe dirigente nem tão patriótica assim. A nacionalização destas reservas foi a plataforma de campanha de Evo Morales e desta forma pela primeira vez o povo boliviano vê chegar ao poder um representante da “raiz” do povo local até então sempre dirigido por interesses alienígenas.
A eleição de Dilma Rousseff é um marco histórico para as mulheres brasileiras, por ser a primeira a conseguir tal intento, é também uma reafirmação da capacidade das mulheres em escala mundial. Trata-se de uma pessoa que mesmo “bem nascida” quanto ao conforto do seu lar (classe média alta), seguiu rumo diferente de muitas moças de classe média, idealista,  combateu a ditadura militar brasileira sendo por isto barbaramente torturada e presa durante três longos anos. A eleição de Dilma também contribui para o chamamento à reflexão sobre o machismo dominante e que ao contrário do que muitos pensam, não parte apenas da população masculina, mas também de parcela da população feminina, porém, também coloca nos ombros de Dilma a responsabilidade de representar bem as mulheres. Dilma tem uma dificuldade a mais, suceder a um presidente com grande carisma e com 83% de aprovação, a tarefa é difícil, mas as mulheres já demonstraram em diversas oportunidades e nos mais diferentes campos de atuação terem competência e principalmente a sensibilidade, a inteligência emocional que tanta falta faz aos representantes políticos do sexo masculino quanto às necessidades primordiais do ser humano, independentemente  da classe social em que se encontra, ou seja, sensibilidade e inteligência a mulher tem de sobra! Termino desejando boa sorte à Presidente eleita Dilma com a certeza de que os bons augúrios a ela desejados se estenderão a todo o valoroso povo brasileiro.

P.S. - O título utilizado nesse artigo se deve ao primeiro parágrafo, mas faz menção a uma frase da maravilhosa letra da música Blowin’ in the Wind” do genial Bob Dylan. Caso queira ver o vídeo e a tradução clique no link abaixo: 

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