Powered By Blogger

domingo, 14 de novembro de 2010

O Contestado visto e sentido nas páginas como se presente estivesse

       
        
    Vivemos num país em que grande parte de seus habitantes não valoriza e preserva a história nacional e prefere admirar a cultura alienígena à local. Infelizmente em nosso país é mais fácil ganhar uma repreensão por criticar os Estados Unidos da América do que ao fazer o mesmo com o Brasil. Na verdade, talvez por conta de termos sido por séculos um país em permanente crise econômica e social não nos sentimos suficientemente estimulados a cultuar os nossos costumes e tradições. Para piorar ainda temos os assim chamados “baluartes” da grande mídia brasileira vomitando sua verborragia em críticas contra o povo brasileiro de forma nada construtiva e que apenas reforça no brasileiro a idéia da inferioridade perante outros povos, o que não corresponde à verdade.
 O mundo já aprendeu a admirar o Brasil, está na hora de aprendermos a admirar e se orgulhar do solo onde nascemos, vivemos e cujo país ajudamos a construir, afinal, o sucesso ou o fracasso, depende de cada tijolo colocado por cada um de seus habitantes nas paredes desta, que é  oitava economia mundial, mas que muito ainda precisa avançar em qualidade de vida, pois, temos problemas, mas temos também a capacidade de resolvê-los. Penso que conforme o Brasil for galgando posições na qualidade de vida e os índices de escolaridade média forem se elevando, o orgulho nacional saudável (não confundir com nacionalismos exacerbados) for se consolidando, teremos então uma nova sociedade com indivíduos autoconfiantes,  e, para isto em muito contribuem a nova geração de professores pesquisadores que estão recontando a história deste país, sendo que alguns livros de história nacional são até mesmo Best Sellers.
              Para os que comigo convivem, sabem ser a leitura  algo por mim muito apreciado e obviamente o livro,um dos melhores presentes,  e,  foi com grata satisfação que recebi do Professor Doutor Nilson Cesar Fraga (UFPR) um exemplar de seu novo livro: “Vale da Morte: O Contestado visto e sentido”, Geógrafo, notório e  entusiasmado pesquisador da tragédia esquecida ocorrida nas terras contestadas entre Paraná e Santa Catarina. A obra é um diário das percepções do Professor Nilson sobre suas andanças naquelas paragens cujo derramamento de sangue denota a história como muitas vezes ela é:  contada pela versão do vencedor ou quando mesmo a vitória traz para o vencedor a insustentabilidade de sua versão e o espectro da vergonha, apagam-se os vestígios ou desencoraja-se que alguém os traga à luz  para que a verdadeira face dos acontecimentos não seja conhecida.
            Nas complicadas imbricações da Guerra do Contestado,  mais importante e lamentável é saber que este país protegeu interesses estrangeiros “legalmente” obtidos através de formas digamos nem tão nobres ou patrióticas  assim em detrimento de seu próprio povo representado naquela região, pelo camponês pobre e esquecido por autoridades que dele somente lembraram quando por “bem” julgaram  ser melhor eliminá-los e mesmo após o fim da guerra, deixaram os sobreviventes continuaram abandonados à própria sorte.
            Para quem lê esta obra do Professor Nilson,  mesmo na impossibilidade de estar presenciando in loco as paisagens que outrora foram palco de embates sangrentos onde os camponeses demonstraram sua valentia ao combater as forças oficiais, a sensação é de estar naquele local, trata-se de uma obra que resgata a história de um povo excluído, mas que bravamente lutou pela terra em que há muito vivia impelido pelo clima de ameaças quanto ao futuro e à segurança de suas famílias patrocinado pelas companhias estrangeiras que exploraram a exaustão os pinheirais da região e que construíram uma ferrovia num contrato cuja  frase inicial deveria ser  “contrato de lesa pátria que entre si fazem...” e de autoridades paranaenses e catarinenses que disputavam o pertencimento das terras para o Estado do Paraná ou de Santa Catarina (essa não era a preocupação dos camponeses).
            Enfim, sou um mero iniciante nas leituras sobre o Contestado, e, sei, preciso aprofundar um pouco mais meus conhecimentos e embora já tenha cruzado a região algumas vezes,  pretendo um dia fazer uma viagem àquelas paragens, especificamente para conhecer o palco de uma guerra esquecida, onde um genocídio contra o próprio povo foi praticado, enquanto isso não ocorre, a leitura do diário de viagens ao Contestado do Professor Nilson foi prazerosa e requer uma releitura. Recomendo aos amantes da boa leitura e da história nacional.
P.S.  O Professor Nilson estará lançando o livro na data de 24 de Novembro de 2010, às 19h, no Paço da Liberdade em  Curitiba, PR.

Um comentário:

  1. Prezado Osnélio,
    agradeço tua crítica sobre o Vale da Morte.
    Obrigado por ajudares no rompimento das invisibilidades do Contestado.
    Forte abraço.

    ResponderExcluir