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domingo, 11 de agosto de 2024

Neocolonialismo à espreita: mudanças estruturais na sociedade brasileira

 

Marcio Pochmann (1962) é um economista, pesquisador, professor e político brasileiro. É o atual presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pochmann escreveu mais de cinquenta livros, tendo sido agraciado três vezes com o Prêmio Jabuti.

            Pochmann faz uma análise do presente e para tal, rememora marcos históricos importantes do desenvolvimento nacional, tais momentos são tratados por ele como passagens de época. O autor cita como primeira transição de época, a Abolição da Escravatura em 1888, quando a sociedade brasileira fez a passagem para o trabalho assalariado, nem mesmo a forte presença da Aristocracia Rural no Congresso Nacional do Império, nem mesmo seu poder econômico conseguiu manter a escravidão. A emancipação das pessoas escravizadas não significou sua redenção social e econômica. O país permaneceu extremamente desigual, preconceituoso e perverso.

            A segunda passagem de época foi 1930, quando o governo nacional desenvolvimentista de Getúlio Vargas se instala no poder e, implementa uma política de substituição de importações, concedendo vantagens para que o capital nacional e estrangeiro manufature em solo pátrio, grande parte da pauta de importações brasileiras. É importante lembrar que a conjuntura favorecia, o período entre guerras e a Segunda Guerra Mundial, a atenção dos Estados Unidos voltada para o Velho Mundo, a saturação do mercado interno nas potências industriais (Estados Unidos e Europa).

            A terceira ruptura de época é a década de 1980, ainda sob a ditadura militar, a economia industrial passa a perder fôlego. O neoliberalismo sob a liderança de Reagan (EUA) e Thatcher (UK) avança celeremente e impulsiona a globalização e a consequente descentralização industrial. O Brasil,  sem ter consolidada a sua base industrial, passa a ser uma economia de serviços. A reforma trabalhista e a flexibilização da CLT, a uberização do mercado de trabalho, o crescimento do trabalho informal e a redução dos postos de trabalho na indústria (melhor remunerados) comprimem o mercado consumidor interno. De potência industrial emergente, o país tal como na época colonial volta a ser exportador de produtos primários (agropecuária e extrativismo) de baixo valor agregado, que enriquece poucos e incapaz de promover avanços  socioeconômicos para o conjunto da sociedade. Pochmann chama a sociedade e suas lideranças à reflexão para os desafios que a necessária correção de rumos exige para que o futuro do país não seja desperdiçado.

 

Sugestão de boa leitura:

Título: Neocolonialismo à espreita: mudanças estruturais na sociedade brasileira

Autor: Marcio Pochmann.

Editora: SESC,  2022, 338 p.

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