Marcio
Pochmann (1962) é um economista, pesquisador, professor e político brasileiro.
É o atual presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pochmann escreveu mais de cinquenta livros, tendo sido agraciado três vezes com
o Prêmio Jabuti.
Pochmann faz uma análise do presente
e para tal, rememora marcos históricos importantes do desenvolvimento nacional,
tais momentos são tratados por ele como passagens de época. O autor cita como
primeira transição de época, a Abolição da Escravatura em 1888, quando a
sociedade brasileira fez a passagem para o trabalho assalariado, nem mesmo a
forte presença da Aristocracia Rural no Congresso Nacional do Império, nem
mesmo seu poder econômico conseguiu manter a escravidão. A emancipação das
pessoas escravizadas não significou sua redenção social e econômica. O país
permaneceu extremamente desigual, preconceituoso e perverso.
A segunda passagem de época foi
1930, quando o governo nacional desenvolvimentista de Getúlio Vargas se instala
no poder e, implementa uma política de substituição de importações, concedendo
vantagens para que o capital nacional e estrangeiro manufature em solo pátrio,
grande parte da pauta de importações brasileiras. É importante lembrar que a
conjuntura favorecia, o período entre guerras e a Segunda Guerra Mundial, a
atenção dos Estados Unidos voltada para o Velho Mundo, a saturação do mercado
interno nas potências industriais (Estados Unidos e Europa).
A terceira ruptura de época é a
década de 1980, ainda sob a ditadura militar, a economia industrial passa a
perder fôlego. O neoliberalismo sob a liderança de Reagan (EUA) e Thatcher (UK)
avança celeremente e impulsiona a globalização e a consequente descentralização
industrial. O Brasil, sem ter
consolidada a sua base industrial, passa a ser uma economia de serviços. A
reforma trabalhista e a flexibilização da CLT, a uberização do mercado de
trabalho, o crescimento do trabalho informal e a redução dos postos de trabalho
na indústria (melhor remunerados) comprimem o mercado consumidor interno. De
potência industrial emergente, o país tal como na época colonial volta a ser exportador
de produtos primários (agropecuária e extrativismo) de baixo valor agregado,
que enriquece poucos e incapaz de promover avanços socioeconômicos para o conjunto da sociedade.
Pochmann chama a sociedade e suas lideranças à reflexão para os desafios que a necessária
correção de rumos exige para que o futuro do país não seja desperdiçado.
Sugestão de boa leitura:
Título: Neocolonialismo à espreita:
mudanças estruturais na sociedade brasileira
Autor: Marcio Pochmann.
Editora: SESC,
2022, 338 p.
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