É preciso retirar a venda colocada pela mídia ocidental e se
colocar na posição do Irã para entendê-lo e tirar lições!
Imagine que todos os países vizinhos
do Brasil são seus inimigos e gastam fábulas em armamentos. Imagine que os
Estados Unidos da América têm grande interesse de colocar nossas riquezas
naturais à sua disposição, possuem bases militares em quase todos eles e
colocam porta-aviões e destróieres próximos a nossa costa e nos ameaçam o tempo
todo.
Imagine que os EUA nos considera
integrantes "do eixo do mal", não aceitam nossa cultura e nossa
organização política, tendo várias vezes interferido, apoiando golpes de Estado
e fazendo guerra por procuração utilizando um país vizinho (a Argentina, por
exemplo), o que ocasionou uma enorme perda de vidas e de recursos financeiros
para os países contendores e lucrativos negócios para a indústria bélica
estadunidense.
Imagine (apenas imagine) que os
Estados Unidos já se utilizou da Argentina, o país mais armado da região
(inclusive possuidor de bombas atômicas e a qual os EUA repassa grande parte
das armas mais avançadas de seu arsenal) para nos intimidar e inclusive
destruir nossas instalações militares onde desenvolvemos pesquisas nucleares
com fins pacíficos (medicina nuclear e energia nuclear).
Imagine que os Estados Unidos proíbe a venda
de equipamentos militares ao Brasil que possuam componentes com tecnologia de
empresas estadunidenses e os fornece à profusão aos nossos inimigos. Imagine
que os Estados Unidos proíbam que suas empresas façam comércio com o Brasil e
também que proíbam que as empresas estrangeiras que atuam em território
estadunidense façam comércio com o Brasil. Imagine que os Estados Unidos
impeçam que organismos internacionais forneçam empréstimos ao Brasil, além de
ter expulsado o Brasil do sistema de compensação bancária global (Swift)
prejudicando as exportações e importações brasileiras. Imagine que os Estados Unidos promovam além do
que falei outras sanções contra o Brasil e inclusive pressionem outros países a
não fazer comércio com o Brasil. Imagine que já tivéssemos tido guerras com os
países vizinhos e que eles odiassem o povo brasileiro e se aliassem aos Estados
Unidos esperando a hora de nos destruir. O que faríamos?
Antes que haja ataque raivoso, não
sou filiado a nenhum partido político, sou formado em Geopolítica e Relações Internacionais
e defendo um caminho de independência do país com relação a sua soberania. Não
posso deixar de observar que russos e chineses nunca embargaram ou sancionaram
o Brasil, mesmo assim, penso que o Brasil não deve estar em posição de
submissão a nenhuma das potências. A médio e longo prazo o Brasil precisa
desenvolver sua indústria nacional de defesa de forma independente e, no curto
prazo encontrar fornecedores mais confiáveis. Os países da OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte) já demonstraram que não são, pois, os Estados
Unidos da América em várias oportunidades embargaram a venda de equipamentos
militares brasileiros (aviões e tanques) a outros países por estes possuírem dispositivos
estadunidenses. Nesse momento, a Alemanha faz o mesmo impedindo a venda dos
blindados Guarani (que utiliza dispositivos alemães) às Filipinas (114
blindados) e à Argentina (156 blindados). O embargo alemão se deve à posição
brasileira de manter a neutralidade e não somar esforços no processo de
armamento da Ucrânia com vistas à guerra que aquele país trava com a Rússia.
Penso também que, os Estados Unidos é a
potência que tem o maior interesse em que nos mantenhamos submissos, que não
consigamos aumentar a nossa influência na América do Sul e em todo o Sul (mundo
subdesenvolvido). Aos Estados Unidos não interessa que tenhamos uma indústria
de defesa capaz e competente tecnologicamente, prova disso são as dezenas de
embargos quanto a equipamentos, componentes e tecnologias que foram vetadas ao
nosso país sob a alegação de que excede a capacidade que os Estados Unidos
aceitam para o nosso país. As riquezas nacionais, sobretudo a Amazônia,
despertam a cobiça internacional, não falta na Europa ou na América
Anglo-Saxônica quem defenda a sua internacionalização, sobre o pretexto da
preservação ambiental (que deve ser feita! Por nós!), mas, que sabemos haver outros
interesses, não sejamos ingênuos!
Cabe a nós decidirmos, seremos
eternos vassalos do imperialismo estadunidense e das decadentes potências
europeias? Ou trilharemos o nosso próprio caminho, fazendo nossas próprias
escolhas? Precisamos lentamente descolar das velhas potências imperialistas e
do dólar. É frustrante observar essa louvação que existe aos Estados Unidos no
Brasil, ideologias a parte, o país norte-americano representa uma ameaça maior
aos nossos interesses desenvolvimentistas do que qualquer outro, até porque
sempre consideraram a América Latina seu quintal. Hoje o Irã, é considerado
parte do "eixo do mal" por não ter se ajoelhado perante o Ocidente
(EUA/OTAN) e sofre todo tipo de sanções. Amanhã poderá ser o Brasil!