A julgar pelas vendas referentes ao dia oito de março se
poderia pensar que vai tudo bem nas relações entre homens e mulheres, mas, esta
não é a realidade. Cada mulher é também uma guerreira e sobrevivente na cultura
machista e patriarcal que coloca o país como a sétima nação mais violenta
contra as mulheres (dados da OMS). São 4.473 homicídios dolosos, com a média de
doze mulheres assassinadas diariamente no país. Desses homicídios, 946 são
tipificados como feminicídios (quando o assassinato ocorre em crimes
relacionados à sua condição de gênero e não como decorrência de um latrocínio,
por exemplo). Em 2017, houve um acréscimo de 6,5% nos índices de assassinatos
de mulheres se comparado com 2016, e parte dos estados brasileiros ainda não
informa os casos caracterizados como feminicídios. O estado do Mato Grosso é o
de maior índice de feminicídios. O Paraná é o estado com maior índice da região
Sul e se encontra na terceira posição nacional no ranking de violência contra
as mulheres. A lei prevê penas mais severas para os casos de feminicídios, e
que são os que “envolvem violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher”, tidos como crimes hediondos (tal qual o
latrocínio, o estupro e o genocídio) com a atribuição de penas que variam de
doze a trinta anos, e que podem ser acrescidas em 1/3 conforme os agravantes
verificados (assassinato de gestantes; de menores de quatorze anos ou maiores
de sessenta anos; de mulheres com deficiências ou na presença de familiares
ascendentes ou descendentes da vítima).
A
Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2017) aponta que 29% das
entrevistadas já sofreram algum tipo de violência no último ano. Os tipos de
violência relatados são: 67% agressão física; 47% violência psicológica; 36%
violência moral; 15% violência sexual. A percepção dos brasileiros quanto ao
aumento da violência contra a mulher é de 73%; de 76% entre as mulheres
entrevistadas e chega a 79% quando se considera apenas as vítimas de violência
no último ano (dados do FBSP, 2017). A violência sexual passou de 5% em 2011
para 15% em 2017. O índice de mulheres que conhecem outra mulher que já sofreu
violência doméstica ou familiar praticada por um homem passou de 56% em 2015
para 71% em 2017. No entanto, sabe-se que muitas mulheres não denunciam seus
companheiros agressores e evitam falar no assunto, e esse é um grave erro,
pois, após várias agressões domésticas é que o feminicídio costuma ocorrer. O
feminicida costuma agir como se a mulher fosse objeto de sua propriedade não
concedendo a esta a dignidade e a igualdade a que faz jus. Muitas mulheres não
denunciam ou cortam o vínculo com seus parceiros pela dependência econômica ou
afetiva e principalmente quando da existência de filhos do casal. Muitas também
acreditam que possam mudar o caráter de seu companheiro e insistem numa relação
potencialmente perigosa. Mesmo quando cortam o vínculo, muitas vezes o Estado
não consegue garantir segurança às mulheres ameaçadas. É grande o número de
mulheres assassinadas por cônjuges ou namorados que não aceitaram o fim do
relacionamento. A violência contra a mulher precisa acabar, afinal, por ela
nascemos e para ela vivemos. E concluo dizendo: “Não
dê flores, bombons, perfumes, jóias, etc. no dia das mulheres. O melhor
presente que você pode dar a elas é o seu engajamento diário pelo fim da
violência contra as mulheres e na defesa da igualdade entre os sexos, afinal,
se você não for filho de chocadeira, você nasceu de uma; pode ter irmã, esposa,
filha ou neta. É uma questão de ter bom caráter ou não”!
P.S. O título deselegante
foi para atrair a atenção de quem realmente precisa ler esse artigo!
Fontes:
- Feminicídio:
a faceta final do machismo no Brasil. Disponível em: http://www.politize.com.br/feminicidio/
- acesso em 03 de abril de 2018.
- Cresce
o n.º de mulheres vítimas de homicídio no Brasil; dados de homicídio são subnotificados.
https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/cresce-n-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-no-brasil-dados-de-feminicidio-sao-subnotificados.ghtml
- acesso em 03 de abril de 2018.
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