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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Hoje o papo é sobre mulher!



            A julgar pelas vendas referentes ao dia oito de março se poderia pensar que vai tudo bem nas relações entre homens e mulheres, mas, esta não é a realidade. Cada mulher é também uma guerreira e sobrevivente na cultura machista e patriarcal que coloca o país como a sétima nação mais violenta contra as mulheres (dados da OMS). São 4.473 homicídios dolosos, com a média de doze mulheres assassinadas diariamente no país. Desses homicídios, 946 são tipificados como feminicídios (quando o assassinato ocorre em crimes relacionados à sua condição de gênero e não como decorrência de um latrocínio, por exemplo). Em 2017, houve um acréscimo de 6,5% nos índices de assassinatos de mulheres se comparado com 2016, e parte dos estados brasileiros ainda não informa os casos caracterizados como feminicídios. O estado do Mato Grosso é o de maior índice de feminicídios. O Paraná é o estado com maior índice da região Sul e se encontra na terceira posição nacional no ranking de violência contra as mulheres. A lei prevê penas mais severas para os casos de feminicídios, e que são os que “envolvem violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”, tidos como crimes hediondos (tal qual o latrocínio, o estupro e o genocídio) com a atribuição de penas que variam de doze a trinta anos, e que podem ser acrescidas em 1/3 conforme os agravantes verificados (assassinato de gestantes; de menores de quatorze anos ou maiores de sessenta anos; de mulheres com deficiências ou na presença de familiares ascendentes ou descendentes da vítima).
A Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2017) aponta que 29% das entrevistadas já sofreram algum tipo de violência no último ano. Os tipos de violência relatados são: 67% agressão física; 47% violência psicológica; 36% violência moral; 15% violência sexual. A percepção dos brasileiros quanto ao aumento da violência contra a mulher é de 73%; de 76% entre as mulheres entrevistadas e chega a 79% quando se considera apenas as vítimas de violência no último ano (dados do FBSP, 2017). A violência sexual passou de 5% em 2011 para 15% em 2017. O índice de mulheres que conhecem outra mulher que já sofreu violência doméstica ou familiar praticada por um homem passou de 56% em 2015 para 71% em 2017. No entanto, sabe-se que muitas mulheres não denunciam seus companheiros agressores e evitam falar no assunto, e esse é um grave erro, pois, após várias agressões domésticas é que o feminicídio costuma ocorrer. O feminicida costuma agir como se a mulher fosse objeto de sua propriedade não concedendo a esta a dignidade e a igualdade a que faz jus. Muitas mulheres não denunciam ou cortam o vínculo com seus parceiros pela dependência econômica ou afetiva e principalmente quando da existência de filhos do casal. Muitas também acreditam que possam mudar o caráter de seu companheiro e insistem numa relação potencialmente perigosa. Mesmo quando cortam o vínculo, muitas vezes o Estado não consegue garantir segurança às mulheres ameaçadas. É grande o número de mulheres assassinadas por cônjuges ou namorados que não aceitaram o fim do relacionamento. A violência contra a mulher precisa acabar, afinal, por ela nascemos e para ela vivemos. E concluo dizendo: “Não dê flores, bombons, perfumes, jóias, etc. no dia das mulheres. O melhor presente que você pode dar a elas é o seu engajamento diário pelo fim da violência contra as mulheres e na defesa da igualdade entre os sexos, afinal, se você não for filho de chocadeira, você nasceu de uma; pode ter irmã, esposa, filha ou neta. É uma questão de ter bom caráter ou não”!

P.S. O título deselegante foi para atrair a atenção de quem realmente precisa ler esse artigo!

Fontes:
  1. Feminicídio: a faceta final do machismo no Brasil. Disponível em: http://www.politize.com.br/feminicidio/ - acesso em 03 de abril de 2018.
  2. Cresce o n.º de mulheres vítimas de homicídio no Brasil; dados de homicídio são subnotificados. https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/cresce-n-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-no-brasil-dados-de-feminicidio-sao-subnotificados.ghtml - acesso em 03 de abril de 2018.

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