Na obra mundialmente consagrada de Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe”, que deve ser lida tanto pelo público mais jovem e também pelo público adulto, Saint-Exupéry cunha uma frase que considero emblemática dentre outras tantas não menos significativas: “o essencial é invisível aos olhos e só poder ser visto pelo coração”! No governo Jaime Lerner (PFL – atual DEM), o famoso arquiteto demonstrou como político e gestor que é um bom arquiteto. Sua gestão foi péssima, endividou o estado do Paraná, promoveu uma política de arrocho salarial sem a reposição da inflação ao magistério paranaense, atrasava o pagamento de promoções, progressões e gratificações estabelecidas em lei. Além disso, contra a vontade do povo paranaense tentou privatizar entre outras estatais a Copel, além do Banestado, cuja privatização foi uma espécie de queima de arquivos por conta do escândalo da CPI do Banestado cujas contas CC5 enviaram ilegalmente para o exterior cento e trinta e quatro bilhões de dólares em plena época das privatizações tucanas de FHC. O doleiro envolvido no escândalo Banestado era Alberto Youssef, o delator premiado com uma redução de pena de 122 anos para três anos na Operação Lava-jato. O juiz da época era Sergio Moro, o mesmo da operação Lava-jato. Havia vários políticos e empresários ligados ao grupo que estava no poder, tucanos e atucanados. Apesar das provas, tudo foi arquivado e todos escaparam ilesos. Não vinha ao caso! Contribuía para isso o Procurador Geral da República, Geraldo Brindeiro, que ficou conhecido como “Engavetador Geral da República”, uma versão anterior de Raquel Dodge, que ainda não nos cabe julgar, mas, cuja expectativa do governo golpista e corrupto de Temer é a de que exerça este papel (num grande acordo nacional, com Supremo, com tudo...).
Lerner fazia um governo que no entender da oposição, e também desse escriba acabava quando a TV era desligada. Havia muito marketing e pouca eficiência na gestão. A mídia constrói gigantes com pés de barro. Ao se fazer um exame acurado eles não se sustentam. Jamais concorreu a outro cargo público. Nesse clima de revolta com o arrocho salarial, de escolas com os repasses de recursos para a manutenção das mesmas, congelados e atrasados, este escriba e centenas de outros colegas, foram a um curso de motivação (lavagem cerebral) promovida por uma empresa privada paga a preço de ouro, realizada em Faxinal do Céu, município de Pinhão (PR) com recursos oriundos de empréstimo junto ao Banco Mundial. Marketing perfeito, mas, para motivar os trabalhadores em educação, o sensato seria melhorar suas condições de trabalho. Greves se fizeram sem visar avanços, mas, para não perder direitos. Jaime Lerner e seu partido representavam a ponta de lança do neoliberalismo nacional. Em uma das oficinas, assisti a um filme intitulado “Festa de Babette”, em que uma cozinheira francesa se refugia na casa de duas irmãs dinamarquesas fugindo da Comuna de Paris. Trabalha de graça em troca do abrigo. Babette ganha na loteria e gasta toda a sua fortuna num jantar para as irmãs e seus convidados com o que há de mais fino na gastronomia francesa. Na época com o coração magoado pelos maus tratos do governo, eu e vários colegas não entendemos o significado do filme. Pensamos ser ridículo, gastar a fortuna de uma vida num jantar e viver como pobre no dia seguinte. Apesar de que na película, a personagem falava: “eu sou uma artista e artistas nunca são pobres”.
Hoje, após publicar meu livro e todos os cuidados que tive visando à perfeição, a revisão, a capa, o papel, o tamanho da fonte, o lançamento, etc., entendo isso. Neste mesmo sentido, arquitetos elaboram para si, projetos que visam à perfeição, tantas vezes podados por seus clientes. Engenheiros automobilísticos constroem carros-conceitos cuja perfeição e alto valor agregado tornam seu custo de produção inviável para a produção comercial. O “essencial é invisível aos olhos, só se pode ver com o coração” ensinou Saint-Exupéry, da mesma, forma, desejo a você caro (a) leitor (a) que esse mundo que se apresenta nunca turve o seu olhar!
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