quinta-feira, 8 de junho de 2017
Em busca da essência!
Karl Marx afirmou que: “Se toda a essência coincidisse com a aparência, a ciência seria desnecessária”. Sobre essa frase não há contestação nem à direita, nem à esquerda, nem ao centro do espectro ideológico da política. Se as intenções por trás das atitudes fossem equivalentes aos discursos que as apresentam, não haveria necessidade sequer de discuti-las, pois, a verdade profunda seria tal qual se apresenta superficialmente, sem meias verdades, sem informações e intenções ocultas. Mas a realidade, não é essa. A realidade se apresenta tal qual uma cebola. Alguns vêm a cebola, outros retiram sua primeira camada para vê-la além da casca superficial. Outros retiram ainda mais cascas para vê-la de forma mais interna. A vida é assim. A imensa maioria da população não consegue ver além da realidade rasa, ou seja, como ela se apresenta, sem um grande esforço dialético de ver o conjunto, desconstruí-lo para entender como funciona em suas individualidades e como as individualidades interagem em sua integração com o todo. E uma minoria forma o grupo que, entende a realidade, e as individualidades, e o papel das individualidades na integração com o todo, e sabe como reconstruir essa realidade, em algo diferente. Sabe, mas não têm as condições para tal.
Estou lendo um livro intitulado “a radiografia do golpe: entenda como e por que você foi enganado” cujo autor, Jessé Souza, dispensa apresentação. O primeiro capítulo do livro tem como título: “Os golpes sempre foram por mais dinheiro para poucos, e nunca para combater a corrupção”. Não pretendo discorrer sobre o livro, faço apenas o registro de que as linhas que escrevo vão em consonância com a ideia de tal autor. O que são o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, a Grande Mídia de Massa, as empresas estatais, as empresas nacionais e as empresas transnacionais, as bolsas de valores, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a ONU, a OTAN, os poderosos exércitos nacionais e os blocos econômicos supranacionais? Senão ( metaforicamente falando): “cascas da cebola” do capitalismo mundial. Possuem propriedades individuais, mas, interagem formando o todo. Há uma definição da Internet como sendo um iceberg, pois, sua maior parte (a deep Internet) não é acessada pela maioria de seus internautas. Tal definição pode ser utilizada para o sistema capitalista monopolista ou financeiro que sob a insígnia do Neoliberalismo destrói democracias e joga populações na miséria para encher os bolsos da elite do dinheiro que forma não mais que 1% da população mundial e nacional. No entanto, as pessoas não entendem como o capitalismo funciona, e sequer sabem que os organismos citados anteriormente são estruturas de sustentação do maior sistema de corrupção mundial: o capitalismo.
O grande capital nacional e estrangeiro sequestrou o Estado Nacional, e isso vale para o Brasil, como vale também para os Estados Unidos da América. A democracia tem se revelado um estorvo para a ampliação da remuneração do capital rentista. O povo quer direitos trabalhistas, quer ter acesso a uma aposentadoria digna. Mas, o capital rentista nacional e estrangeiro, glutão que é, quer mais dinheiro público e se impõe sobre o Estado para que este realize as suas vontades. Caso os candidatos que defendem os interesses dessa elite do dinheiro (o 1%) tentassem disputar uma eleição com tal pauta, seriam severamente derrotados. Por isso, há os políticos e partidos que fazem discurso de esquerda e pautam sua prática de forma totalmente neoliberal. Há aqueles que ziguezagueiam entre as políticas populares e as do mercado. E há também aqueles que por seu discurso ortodoxo, jamais alcançarão o poder, e, mesmo que chegassem ao poder, nas condições dadas atualmente, nele não se manteriam. Mas, há outro grupo ortodoxo, que atualmente está no poder. E que nele chegou por meio de um golpe de Estado, que envergonha os cidadãos brasileiros, e que diminui a estatura da Nação ante as demais. O golpe de Estado do qual o Brasil foi vítima ceifou cerca de 54 milhões de votos e retirou do poder uma presidenta honesta, pois, nada contra ela foi provado, e colocou no poder a escória da política nacional. Há eleitores que, mesmo sendo da esquerda, não lamentam o golpe de Estado, a retirada ilegal de Dilma e do PT do Poder. Há também aqueles do campo ideológico da direita que comemoraram a queda de Dilma e do PT. Mas, democracia não é isso. Democracia é defender a legalidade, não importa em benefício de qual segmento político. Não basta dizer que condena o estupro por considerá-lo um crime hediondo, é necessário desejar justiça para qualquer vítima, mesmo para aquela com a qual não se tem muita simpatia. Ter o espírito democrático vai nessa mesma direção.
P.S. Sim! O golpe de 2016 não foi por causa da corrupção, mas, para tirar quem estava atrapalhando o livre fluxo do dinheiro público para os bolsos da elite do 1%.
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