segunda-feira, 6 de junho de 2016
Uma geração multi-tarefas ou idiota?
Vivemos uma época em que os jovens passam boa parte do tempo frente ao computador e/ou à TV, e, embora ambos possam ser instrumentos de grande valia para a aprendizagem, isso não se observa na prática, pois, a Internet é utilizada para futilidades (bate-papos) ou para encontrar respostas prontas para as atividades escolares evitando o nobre exercício do pensar, e, não raras vezes o trabalho escolar pronto, e, se o professor não exige que este seja manuscrito, o aluno ainda fica dispensado da leitura do mesmo, o que configura aprendizagem nula. A TV aberta brasileira raramente apresenta programas de boa qualidade e os telejornais são marcados pela omissão e manipulação editorial com o claro objetivo de formar uma sociedade alienada para que o status quo societário permaneça inalterado. O humorista estadunidense Grouxo Marx corretamente afirmou: “Eu acho a TV muito instrutiva. Sempre que alguém lá em casa liga a TV na sala, eu vou para o quarto e leio um livro”. Certa vez observei a atitude de um jovem que tendo chegado atrasado à palestra que também assistia, ligou seu notebook e enquanto ouvia a palestra consultava na Internet termos e obras citados pelo palestrista, além de mexer algumas vezes em seu celular durante a fala. Eu me questionei quanto ao grau de apreensão do conteúdo da palestra por aquele jovem, afinal, tratar-se-ia de um ser humano cujo cérebro realiza com perfeição várias atividades de forma simultânea, algo que este escriba não consegue, ou enquadrar-se-ia na famosa frase do gênio Albert Einstein quando vaticinou: “Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, o mundo terá então uma geração de idiotas”.
Nas salas de aulas, muitos jovens ao contrário de gerações anteriores não conseguem realizar de forma satisfatória as quatro operações básicas da Matemática, e, ler e escrever são tarefas igualmente penosas para boa parte destes. O brasileiro tem pouco apreço à leitura tal como evidenciado em várias pesquisas comparativas entre o Brasil e países europeus e mesmo latino-americanos, disso resulta a queixa dos editores brasileiros que reclamam da baixa tiragem dos livros em nosso país, o que contribui para o encarecimento das obras. Segundo pesquisa, sete de cada dez brasileiros não leu um único livro em 2014 e a média brasileira de leitura é de dois livros per capita por ano, e o problema é ainda maior quando se constata que essa média vem caindo há alguns anos. Outro fato que não contribui para o incremento do hábito da leitura ocorre nos municípios de menor população que não costumam ter livrarias com farta e variada oferta de exemplares, além, é claro do menor nível da formação educacional de seus habitantes. Certa vez, conversei com um proprietário de papelaria que afirmou que o problema está em não conseguir vender com preços tão competitivos quanto os sites da Internet devido à baixa tiragem e ao prazo relativamente longo para a consecução da venda.
A popularização do smartphone tem contribuído para o desapego ao livro, sendo que tal aparelho se converteu numa praga, e, nem mesmo o fato de sua utilização ser proibida por lei na sala de aula, faz com que os jovens mantenham-nos desligados, pois, muitas vezes são flagrados por seus mestres conectados a redes sociais virtuais, numa atitude de desrespeito com o professor e de descaso com sua própria aprendizagem e com a expectativa de seus pais. O bilionário Bill Gates (proprietário da Microsoft e criador do software Windows que tornou mais amigável a relação do ser humano com o computador) atento a importância do estudo e da leitura disse que seus filhos teriam computadores, mas, que antes teriam livros, porque sem os livros, os seus filhos seriam incapazes de escrever a sua própria história. Num país em que grande parte dos progenitores leu seu último livro na escola, ou, na Universidade não há muito como influenciar o hábito da leitura entre os mais jovens que deve ser estimulado e desenvolvido na infância. Como os filhos têm em seus pais, exemplos a seguir, se estes estão sempre às voltas com os livros é muito provável que também cultivem esse hábito e o contrário, idem.
A humanidade vive um paradoxo, em pleno século XXI: a tecnologia que veio para libertar o homem do trabalho árduo pode torná-lo prisioneiro da ignorância!
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