quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Somente no Brasil!
Li no editorial de um importante jornal que “somente num país como o Brasil um partido social democrata como o PSDB pode ser tratado como um partido de direita”, ora, penso que somente no Brasil um partido que tem a denominação “Partido da Social Democracia Brasileira” é tudo, menos social democrata, pois, li que em recente reforma estatutária o PSDB abandonou o princípio da social democracia e estabeleceu o antagônico princípio do liberalismo econômico. Faz sentido, deveria mudar também o nome, pois, soa contraditório um partido social democrata (pelo menos na denominação) ser a ponta-de-lança do neoliberalismo no país. Os cientistas políticos estrangeiros que estudam nosso país certamente estranham que o dito Partido da Social Democracia Brasileira, que deveria ser um partido à esquerda, e, representante dos anseios populares por mais presença do Estado, quando esteve no poder com o “sociólogo” FHC tenha se notabilizado por torná-lo mínimo, pois, ao invés de construir o Estado de Bem-Estar Social, objetivo primordial de todo partido social democrata partiu para um agressivo programa neoliberal alinhado ao Consenso de Washington (via submissão ao FMI) e perseguiu sindicatos e movimentos sociais. O grande capital nacional e estrangeiro tem ojeriza à implantação de Estados de Bem-Estar Social, pois, estes têm um custo econômico e para serem bem efetivados a contribuição financeira por meio de impostos deve ser justa, portanto, as pessoas mais aquinhoadas devem pagar mais impostos que as pessoas de menor renda, ou seja, os impostos precisam ser progressivos e não regressivos como é praxe no Brasil.
Também li que os movimentos sociais agem de forma antidemocrática ao fazer manifestações visando impedir a derrubada da presidenta. Ora, fazer manifestações é mostra da maturidade de nossa democracia, pois, se hoje vemos até gente tresloucada pedindo a volta da ditadura militar é porque vivemos num regime democrático. Note-se que ao contrário do ocorrido no Paraná em 29 de Abril de 2015, quando educadores foram massacrados e feridos numa manifestação contra a perda de direitos no governo Beto Richa (PSDB), os manifestantes de 16 de Agosto que pediam o Impeachment da Presidenta Dilma (PT) não foram agredidos, pois, sendo a presidenta uma vítima da ditadura e tendo sido ela torturada nos anos de chumbo ao lutar pela democracia, não seria ela a impedir a manifestação do povo, mesmo que estes manifestantes tenham interesses que vão à contramão da democracia, pois, lutam pela preservação de privilégios de uma classe e não para a manutenção de uma política que retirou quarenta milhões de pessoas da miséria, cujo sucesso é flagrante com a divulgação do mapa mundial da fome pela ONU em que pela primeira vez o Brasil não figura entre as nações atingidas por tal flagelo. Os movimentos sociais lutam pela não ruptura da ordem democrática, afinal, o Impeachment não é um instrumento a ser utilizado em caso de derrota eleitoral do candidato dos manifestantes, mas, uma salvaguarda da democracia após amplo processo de investigação e constatação da culpabilidade direta do governante e que deve ser levado a cabo somente após a concessão de amplo direito de defesa e evidente fracasso desta.
Penso que a alienação, o baixo nível cultural, a má qualidade da informação, a pouca prática da reflexão fundamentada leva a absurdos em que pessoas atendem ao aceno de políticos ficha-suja cujo grupo a qual pertencem quando no governo esteve nada fez no combate à corrupção e governou o país, tal e qual há 500 anos, pelas elites e para as elites, dessa forma é um paradoxo que defendam mais saúde, educação, democracia e o fim da corrupção combatendo o grupo que mais realizou nessa matéria. De forma surreal há quem goste de se sentir parte da elite, mesmo sendo esta o símbolo maior de todo o atraso deste país, pois, como já dizia Chico Anysio “No Brasil tem até pobre de direita”.
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