quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Tributo a São Pedro
“Água é fonte de vida”! Que o digam os paulistas em meio a maior crise hídrica de sua história. A crise de abastecimento de água na metrópole paulistana tem sido assunto frequente nos telejornais e na imprensa escrita. O tema foi inclusive debatido durante as últimas eleições em que os políticos situacionistas do estado mais rico do país, culpavam São Pedro, o El Niño, etc. Do outro lado, os oposicionistas afirmavam que houve má gestão, pois, importantes obras deveriam ter sido efetivadas e não o foram, ou seja, as denúncias davam conta de que a gestão da Sabesp se preocupou muito em distribuir dividendos aos acionistas e investiu pouco na ampliação de sua capacidade de armazenagem, tratamento e distribuição de água à população.
As reportagens diárias na TV, principalmente após as eleições (por que será?) mostravam que ao contrário da afirmação do Governo paulista de que não havia racionamento, interrupções sistemáticas de fornecimento estavam acontecendo principalmente em áreas periféricas (por que será?). O Governo paulista chamado à realidade (que não é aquela dos felizes acionistas da Sabesp) anunciou que iria fazer a captação, tratar e enviar para a população água da chamada reserva técnica, também conhecida como volume “morto” denominação (que não anima muito não é?) dada para a água do fundo do reservatório abaixo do nível dos túneis de captação. Essa água é segundo os especialistas de qualidade inferior, pois, apresenta maiores índices de contaminação, inclusive por metais pesados.
O tempo passou, a eleição chegou e o povo deu à “situação” por resolvida concedendo mais um mandato de quatro anos e Alckmin reeleito fez um brinde com água do volume morto (será?). Porém, a imprensa começou a falar sobre o risco da perda do poder de atração de São Paulo para novos investimentos industriais por causa da crise hídrica, e como São Pedro lhes parecia ser petista (a direita adora chamar de petista qualquer um que se posicione em seu caminho e não partilhe dos mesmos ideais!), pois, as chuvas quando vinham eram insuficientes, viu que precisava pensar seriamente na situação e então o governo paulista resolveu apostar na “água de reuso”, ou seja, esgoto tratado que servia apenas aos processos industriais que agora seriam despejados e diluídos nos reservatórios cuja água seria então captada, tratada e enviada à população. Certo, existem países europeus e mesmo algumas regiões dos Estados Unidos onde essa prática é utilizada, porém, existem elementos químicos que não desaparecem mesmo após o tratamento da água e que podem causar problemas no sistema endócrino dos seres humanos, um destes é o hormônio feminino estrógeno que devido ao consumo de anticoncepcionais é eliminado de forma generosa na urina. Menarcas precoces, tumores e outros problemas podem ser as consequências da exposição a tal contaminação de forma crônica.
A revista Carta na Escola (Out.2014) trouxe uma bela reportagem sobre o tema e mostrou que houve má gestão na Sabesp (e consequentemente do governo tucano) e os investimentos que deveriam ter sido feitos teriam evitado a crise atual. Alckmin reeleito foi à Brasília conversar com o governo federal para fazer uma parceria por meio de empréstimos bilionários para a realização de obras que já deviam ser realidade há pelo menos uma década. Sempre afirmei que fazer oposição é legítimo, mas a oposição deve se basear em atitudes inteligentes e recusar a mão estendida do Governo Federal nessa hora em que as torneiras paulistas secam seria uma atitude desumana com o sofrimento da população! Perdoe-lhes São Pedro! Eles não sabiam o que falavam!
Referências:
FIERZ, M.S.M. A fonte secou. Revista Carta na Escola. Out. 2014.
VENTURI, L.A.B. O mito da estiagem de São Paulo. Revista Carta na Escola. Out. 2014.
ZIEGLER, M.F. Água de reuso que SP irá adotar pode trazer riscos à saúde, dizem especialistas. Endereço: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-11-10/agua-de-reuso-que-sp-ira-adotar-pode-trazer-riscos-a-saude-dizem-especialistas.html - acesso em 10/11/2014
LIMA, L. Alckmin diz que São Paulo precisa de 3,5 bi contra crise da água. IG Brasília. Endereço: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-11-10/alckmin-busca-parceria-do-governo-federal-para-solucionar-crise-hidrica.html - acesso em 10/11/2014.
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