sábado, 27 de outubro de 2012
100 anos de escuridão! – Parte 1
A história nada mais é do que a versão contada ou escrita sobre acontecimentos que passaram previamente por um filtro ideológico, dessa forma, costuma-se dizer que a história escrita é a versão dos vencedores, pois a estes coube a oportunidade de contar a sua versão dos fatos, mas como sabemos há sempre dois lados e saber apenas um nos dá uma idéia parcial ou até mesmo equivocada. Não se faz história e dela não se intera sabendo apenas uma versão, isso é um olhar míope, ou seja, vê-se o aparente, mas não o que está oculto na profundidade dos fatos. O filtro ideológico a que me referi pode ser intencionalmente colocado ou de forma subconsciente, embora esta última não pareça ser o caso para entender o esquecimento sobre os fatos envolvendo a Guerra do Contestado, a maior guerra civil camponesa brasileira e o verdadeiro massacre que ela encerra.
O território paranaense e parte do atual estado de Santa Catarina pertenciam à Província de São Paulo até a metade do século XIX, e, Santa Catarina alegava como seu o direito à propriedade das terras ao sul do Rio Iguaçu, anteriormente o território reclamado pelo estado catarinense esteve sob disputa com a Argentina e um dos fatores principais para o arbitramento estadunidense dar ganho de causa ao Brasil foi a presença de posseiros na área que segundo os representantes brasileiros na causa falavam um “bom e fluente” português. Mais tarde, o governo imperial resolveu ceder aos ideais emancipacionistas dos paranaenses por acreditar que assim colocava um pouco de água fria na união entre paulistas e gaúchos que tanto lhe davam trabalho, assim, em 1853, o Paraná ao ser criado herda o problema da questão de limites com Santa Catarina, e esta tendo ganhado judicialmente três vezes a causa não viu sua reclamação ser atendida.
A região do Contestado era uma área abandonada pelo Estado Brasileiro e nela moravam pessoas humildes, em grande parte analfabetas e que apesar de não possuírem o título de propriedade, tinham o direito a elas na qualidade de posseiros. Na época sequer a Igreja se fazia presente na área e por isso tinham grande influência os monges que por lá passaram, curando, benzendo, etc. Para integrar essa região foi projetada a construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande no fim do período imperial, porém, sua construção ganhou velocidade no início do período republicano. Na época, coube ao mega empresário Percival Farquhar, o mesmo empreiteiro da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré em Rondônia, mais conhecida como Ferrovia do Diabo, em qual se afirmava que para cada dormente assentado havia um trabalhador morto pelas precárias condições de trabalho, em particular pela malária.
Farquhar atuava em vários pontos do planeta com empreendimentos diversos e conseguiu também a concessão para a continuidade das obras em terras do então Paraná e Rio Grande, na negociação além do pagamento com juros fartos conseguiu também ganhar as terras de 15 quilômetros de cada lado da ferrovia. Assim, a ferrovia ganhou muitas curvas e principalmente se dirigia às áreas ricas em mata de Araucária. Além da Brazil Railway Company, Farquhar montou a Southern Brazil Lumber and Colonization Company que se tornou uma das maiores madeireiras do mundo e tudo o que fez foi devastar a área rica em araucárias, imbuias, cedros, grápias, etc. e exportar para vários países do mundo.
No início os moradores viram com bons olhos a vinda da ferrovia para a região, pois representava a vinda do progresso e iria ligá-los ao restante da civilização, e, de fato ela gerou milhares de empregos sendo grande parte, trabalhadores vindos de outras partes do Brasil, mas ao perceber que sua terra estava sendo expropriada, a mata de onde retiravam seu sustento, derrubada, e não tendo para onde ir ou o que fazer para sobreviver, se não lutar, os posseiros resolveram reagir sob a liderança de José Maria, o monge guerreiro.
domingo, 21 de outubro de 2012
Minha visão sobre Lisarb – Parte 2
Os economistas lisarbianos são considerados estrelas midiáticas, assim, são sempre chamados a darem sua opinião sobre o atual momento da economia do país e como estes têm várias tendências, o povo lisarbiano escolhe de acordo com sua ideologia o “horóscopo” para o país que mais lhe convém, assim é comum ver lisarbianos tentando salvar a alma, rezando por que o mundo vai acabar e outros com sorriso largo porque o “horóscopo” ditado pelo seu economista de plantão afirma que tempos de colheita farta vêm pela frente.
Apesar de a política ser algo tão sério, o povo lisarbiano faz piadas sobre a classe política e ao votar em um candidato com ficha suja, afirma: se eu estivesse lá roubava também e é melhor manter os gatos gordos lá que trocar por gatos magros que ainda vão querer engordar. Aliás, política é algo muito estranho em Lisarb, há pobres que são contrários às reformas que os beneficiariam e que somente votam em candidatos que defendem o ideário da classe burguesa. Há entre esses eleitores pobres a crença de que votando nos candidatos ricos, estes não precisam roubar e assim não haverá corrupção, porém, as investigações sobre a corrupção no país apontam em sentido contrário, pois os políticos corruptos nunca pensam serem ricos demais. Em Lisarb se afirma que “política é igual nuvem, você olha está de um jeito, olha de novo e está diferente”. Assim os políticos situacionistas lisarbianos não têm o menor pudor em defender uma coisa diferente do que o faziam quando estavam na oposição e os da oposição em defenderem o contrário daquilo que sustentavam quando estavam no governo.
Nos últimos anos, Lisarb vem ganhando uma projeção internacional cada vez maior, pois, tornou-se uma das maiores economias do mundo, no entanto, contraditoriamente o país tem um péssimo Índice de Desenvolvimento Humano. Os últimos governantes de Lisarb, vêm promovendo programas de transferência de renda que custam muito pouco e que têm dado um novo alento às classes mais pobres que vêm avançando mais rapidamente que a classe média e alta, tornando-se alvo dos comerciantes, cujas vendas evoluíram com a ascensão socioeconômica dessa significativa parcela da população. Dessa forma, a política atual em Lisarb é distribuir a renda para crescer, justamente o contrário do tempo dos militares em que se falava que “era necessário fazer o bolo crescer para depois dividir”. Apesar do reconhecimento internacional pela melhoria da qualidade de vida da população, parte do povo que se julga muito solidário é contra esse auxílio às camadas mais carentes afirmando se tratar de assistencialismo, o que em outros países chamam de solidariedade ou busca da justiça social.
Ainda sobre política, Lisarb é considerado um dos países mais corruptos do mundo e o pior disso tudo é a naturalidade com que parte considerável da população aceita a situação, inclusive solicitando favores de políticos principalmente em épocas eleitorais. Em Lisarb se fala muito em político corrupto, mas pouco no eleitor corrupto(r), que em troca de favores pessoais vende o futuro do país, do estado ou do município. O grande problema de Lisarb é cultural, somente se tornará um grande país quando seu povo deixar de pensar e agir com mentalidade pequena e se propuser a verdadeiramente construir um grande país, somente assim Lisarb se tornará no Brasil que sonhamos ver realidade.
Minha visão sobre Lisarb – Parte 1
Há alguns dias assisti uma entrevista de um famoso economista que se referia à Lisarb e ao seu povo os lisarbianos, como era a primeira vez que ouvia falar deste país, prestei muita atenção à fala sobre Lisarb “o país dos contrários”. Finda a entrevista fiz uma pesquisa na internet e constatei que há muita coisa legal escrita sobre o tema, sem que pudesse descobrir a autoria original. Assim, gostando da temática e influenciado por tais escritos, vou de acordo com meu entendimento discorrer.
“Lisarb fica numa ilha muito grande e os povos vizinhos e também os povos de longe cobiçam suas riquezas. Seus vizinhos vêm até se armando, no entanto, os líderes lisarbianos decidiram não investir mais na defesa, pois estão em tempos de paz, se um dia precisarem, caso haja uma guerra, eles buscam uma solução para a defesa”. Os lisarbianos são grandes exportadores de matérias-primas, orgulham-se dos lucros com as exportações de produtos primários, embora estes lucros sejam muito menores do que o de outros países que processam a matéria-prima de Lisarb adquirida.
Os lisarbianos sentem um enorme prazer ao dizerem ser “mais ou menos” pontuais, assim, tudo começa “mais ou menos” às quinze horas (na verdade sempre é mais) e fazem piadas sobre os seselgni, um povo muito pontual. Os lisarbianos fazem piadas sobre si próprios, porém se alguém faz uma piada ou crítica referente a um país distante chamado Sodinu Sodatse, não é incomum ocorrer uma discussão, pois amam aquele país mais do que a Lisarb, embora ninguém saiba dizer o que tal país fez de tão bom para Lisarb para merecer tal fidelidade dos lisarbianos.
Contam os professores de História de Lisarb que um golpe militar implantou um regime chamado arudatid para evitar que os satsinumoc tomassem o poder em Lisarb, o que poderia desagradar o Sodinu Sodatse e resultar segundo os militares na falta de democracia e até mesmo em violência. Na defesa da democracia, os militares baixaram o “5-IA oterced” para que o país continuasse com “céu de brigadeiro” e os líderes de Sodinu Sodatse ficassem felizes.
Os pais lisarbianos valorizam muito a educação e a têm como principal impulsionadora para o desenvolvimento, estranhamente, seus filhos, principalmente os da classe média e alta, têm buscado cursos que formam para outras áreas profissionais que não o Magistério. Falar de Educação rende votos naquele país, sabedores disso, os políticos daquele país se esforçam em apontar a educação como meta principal de suas gestões caso obtenham êxito nas eleições, muito embora suas posteriores práticas político-administrativas os contradigam. Afirmam, após a eleição que a Educação não precisa de mais recursos, que professores não precisam de hora-atividade, e nem mesmo de salários equivalentes aos de outras profissões com mesmo grau de instrução, pois, afinal, magistério não é profissão, é vocação, assim devem os mestres trabalhar unicamente por amor. Mas como em Lisarb a cada dois anos há eleições, os professores são lembrados e homenageados, sempre com a promessa de que como Lisarb é o país do futuro, um dia os professores terão melhores condições de trabalho.
Assinar:
Postagens (Atom)