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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Soprando a poeira!

Dentro de alguns dias completarei quatro anos à frente do espaço “A Vista de Meu Ponto!” e, posso dizer ao fazer um balanço que é com grata satisfação que chego à constatação de ter colhido mais elogios do que críticas, no entanto, elogios e críticas são úteis, pois, se os elogios nos dão o estímulo para continuar, as críticas nos apontam direções as quais após reflexão podemos ou não tomar. Lembro-me daquele Maio de 2008, em que após muito pensar resolvi criar o blog, tinha vontade de conversar sobre temas que as pessoas torciam o nariz nas conversas informais e também queria fazer um contraponto à importantes figurões da grande mídia. Lógico que sabia o meu lugar no mundo e que o alcance de minhas reflexões e questionamentos jamais chegaria a tal patamar, mas eu precisava mostrar mesmo que para poucos que certa revista não era a “bíblia” da notícia, que nela crer com uma fé inabalável cheirava à Idade Média. Nessa revista havia um colunista que após anos lendo seus artigos, lembro-me que UMA vez eu concordei com a sua argumentação e o estranho é que não lembro qual a temática que uma vez nos uniu, talvez não tenha ido além do senso comum. Outro fator que me levou a escrever foi o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Governo do Paraná, do qual fiz parte já na sua primeira edição, aliás, através do PDE me senti motivado a escrever, a perder o medo de participar de debates e de auxiliar na condução de cursos de formação. Também contribuiu para tal as minhas leituras, penso que uma pessoa é como um dínamo que vai carregando a bateria da máquina, como sabemos há a necessidade da liberação dessa energia, assim, buscar a luz é uma obrigação, mas, também o é repassá-la para os outros. Algumas pessoas têm me abordado e elogiando os artigos, afirmam que os levo a pensar, fico muito feliz com isso, pois, como o próprio nome da coluna já afirma, é a minha visão das coisas e não a verdade suprema, e também não tenho outra intenção que não a de provocar a reflexão. Uma professora de outro município, por e-mail, deu-me os parabéns pelos artigos e elogiou-me pela coragem ao publicá-los, pensei: por que coragem? E após alguma reflexão cheguei à constatação que tal como o prego que se destaca leva martelada, ser discreto e não chamar a atenção conduz a uma vida mais simples e tranqüila. Quem expõe seu pensamento está sujeito a ganhar simpatizantes de um lado e opositores de outro, também está sujeito a ganhar rótulos como o de radical, por que para algumas pessoas qualquer um que defenda posições em contrariedade ao que estas pensam é um radical. Radical vem de raiz, penso que ir à raiz dos fatos é um bom início para uma reflexão e discussão de uma determinada temática. Acontece que muitas vezes a colocação de radical se faz na forma de adjetivo, ou seja, se rotula a pessoa tal como arrogante, prepotente, “ditador” de idéias, etc. Como já o afirmou o Príncipe Philip, duque de Edimburgo, consorte da rainha Elizabeth: “É impossível soprar a poeira sem que um bom número de pessoas comece a tossir”, sabemos que muitas questões não se resolvem pela observância do certo ou errado, mas pelo aspecto moral e ético, ou seja, ideológico, assim, muitas vezes agradamos parte de nossos leitores e desagradamos outro tanto, mas, continuaremos a cumprir nosso papel, soprando a poeira enquanto a saúde nos permitir e a observação nos mostrar que estamos contribuindo mesmo que minimamente para a reflexão sempre com vistas a uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.

Pão, pão! Queijo, queijo!

           
             Era o mês de julho de 2011, mais especificamente às 15 horas do dia 8, encontrava-me numa clínica em Curitiba, tendo pela frente uma cirurgia oftálmica; na parte da manhã deixei no mural de recados na sala do curso de formação político sindical que fazia, a seguinte mensagem: “Amigos: Obrigado pela força! Espero “vê-los” em breve!” (risos). E de fato, apesar do erro de ver alguns dias antes no site You Tube como a cirurgia é feita, estava muito confiante, pois, após ter muito hesitado estava convencido dos avanços da medicina oftalmológica, e, até havia escolhido na antevéspera um livro leve para ler após a recuperação (que eu sabia era questão de alguns pares de horas) que tinha por título “Quem mexeu no meu queijo?”. 
        Os leitores que fazem parte da Educação com certeza já assistiram o vídeo que pode ser acessado no referido site, trata-se da história de quatro personagens, dois ratos e dois humanos, sendo estes últimos do tamanho dos roedores e leva à reflexão sobre a necessidade de observar o ambiente à procura de mudanças e adaptar-se rapidamente a elas, pois muitas vezes as coisas mudam e nunca mais serão as mesmas. Como grande parte das pessoas tem medo de mudanças e têm em si cristalizada a ideia de que mudança é algo ruim, ficam paralisadas num momento em que deviam agir. O medo pode ser algo bom quando evita que a pessoa corra perigos, porém, não pode ser um medo paralisante que a impeça de se movimentar em busca de novos horizontes, para que uma vez vencido o medo, se torne verdadeiramente livre. Trata-se de uma obra que convida à reflexão e que nos provoca a todo o momento a descobrir em qual personagem nos encaixamos, ou seja, percebemos instintivamente as mudanças? Adaptamo-nos rapidamente? Somos resistentes às mudanças? Somos capazes de sacrificar o conforto atual em busca de uma recompensa maior, mas para a qual não há garantia da conquista? 
        O livro nos instiga a procurar um “novo queijo”, que podemos interpretar como “novos horizontes” ele coloca que este “novo queijo” pode estar em outro lugar ou onde você está, bastando que você mude, para que as coisas mudem, pois, se você está fazendo algo da mesma forma há anos, com certeza não obterá resultados diferentes daqueles habituais. “O maior obstáculo à mudança está dentro de você mesmo e nada muda até você mudar”, assim, o “novo queijo” pode estar em seu atual ambiente de trabalho, bastando que você mude comportamentos improdutivos, ou em outro lugar, outra empresa ou quem sabe abrindo um negócio próprio. Também se refere aos relacionamentos em que o “novo queijo” não necessariamente é um(a) novo(a) companheiro(a), mas uma nova postura quanto a este relacionamento. Segundo o livro há pessoas que nunca mudam e pagam um preço alto por isso, pois elas pensam que não precisam mudar e têm como certa a recompensa de seu “merecido queijo”, são estas pessoas que se irritam se algo acontece e repentinamente ficam sem “queijo”. 
           A obra é um convite à reflexão, mas, não espere nela encontrar respostas para suas questões existenciais, para estas siga sua intuição, leia-a, ela pode ajudar a tornar claros alguns de seus anseios mais profundos, porém, saiba, nem o autor do livro e nem eu temos qualquer responsabilidade por suas decisões, por isto o título: Pão, pão! Queijo, queijo! Uma coisa é uma coisa! Outra coisa é outra coisa! ATENÇÃO: A leitura desse livro, apesar de leve, traz o inconveniente de causar água na boca! (risos) 

Sugestão de boa leitura:

JOHNSON, Spencer. Quem mexeu no meu queijo? Rio de Janeiro, Editora Record, 2010.

domingo, 6 de maio de 2012

Os Órfãos e o Filho Pródigo

Aos 28 anos de idade, naquele fatídico dia 9 de Novembro de 1989 ele se foi para nunca mais. Falo acerca do Muro de Berlim que separava a capitalista Berlim Ocidental (República Federativa da Alemanha ou Alemanha Ocidental) da socialista Berlim Oriental (República Democrática da Alemanha ou Alemanha Oriental). O muro de Berlim mais do que a separação de uma cidade em duas partes, simbolizava a divisão bipolar do mundo (capitalismo x socialismo) liderada por EUA (capitalista) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (socialista). Era o maior símbolo da Guerra Fria (1945-1991) que ruiria por completo com o fim da URSS em 1991. Muitos aclamaram aquele momento histórico como o início de uma nova era, onde enfim haveria paz, sendo que a fome, a miséria e o analfabetismo seriam erradicados do planeta e a prosperidade seria levada aos mais longínquos rincões deste planeta. Mas (sempre há um mas!), o mundo não se tornou mais seguro, a violência ainda prolifera, bem como as guerras e a onipresença de um inimigo silencioso chamado terrorismo. No campo da alimentação, nunca se produziu tanto alimento e apesar disso a fome permanece, é que alimento é mercadoria e quem tem mercadoria quer vender, o problema é que há pessoas que precisam do alimento mas não têm dinheiro para pagar por ele. Na área da educação, em muitos países, o analfabetismo (sobrevivente da Guerra Fria) faz parceria com o analfabetismo funcional produzido com a política de baixo investimento em educação via neoliberalismo e engordado com a política de resultados (mera estatística publicitária) em que mais importante que a boa qualidade da formação é a quantidade de formados para compor a multidão de excluídos na vida. A era de progresso para toda a humanidade não passava de ilusão nas mentes ingênuas de boa parte da população e jamais chegará. O Capitalismo por muitos considerados a única alternativa após o fim do socialismo real vide queda do muro de Berlim vive a mais severa crise desde 1929, porém, esta crise é mais complexa, pois é econômica, política, social (civilizacional) e ambiental. Há na sociedade, muitas pessoas que preocupados com o destino do Titanic que se tornou o sistema econômico mundial abalroado pelo iceberg imobiliário estadunidense se vê à beira de um abismo, não podendo retornar, pois todas as pontes e viadutos na estrada percorrida desabaram por falta de manutenção e o caminho alternativo (socialismo real) não existe mais com o fim da URSS e do socialismo no leste europeu. Essa geração de pensadores anônimos e intelectuais notórios se sente órfã da única experiência alternativa ao capitalismo, o socialismo que ruiu prematuramente ante a estratégia estadunidense via corrida armamentista para determinar seu ocaso. Além de órfãos, assistem passivamente as farras do Filho Pródigo (Capital) que se aventura na jogatina do Mercado, buscando os prazeres mundanos que o dinheiro (seu e alheio) proporciona e que em tempos de vacas gordas privatiza os lucros para uma minoria deixando aos seus irmãos de sangue o mero sobreviver à custa de muito trabalho e pouco resultado, para em tempos de vacas magras e após torrar todos os recursos nas mais inimagináveis orgias financeiras, retornar, não com a humildade que a ocasião exigiria, mas com a arrogância que lhe é própria, determinando que o Pai (Estado) cubra os cheques sem fundos e salde todas as dívidas contraídas por ocasião das festanças. Ocorre que a volta do Filho Pródigo a que me refiro não é a da passagem bíblica, portanto, não é a volta de um filho que se perdeu, mas que retornou ao lar e ao bom caminho, mas de um filho ou irmão que vive os prazeres mundanos à custa de nosso sacrifício, pois, nós contribuintes através dos impostos fornecemos ao Estado o dinheiro para bancar a farra dos grandes capitalistas que somente reconhecem o valor do Estado nos momentos de vacas magras e que são cíclicas e rotineiras. As crises cíclicas do capitalismo são de sua própria natureza e não algo externo, portanto demonstram que o mesmo está funcionando em sua “normalidade”. As crises do capitalismo são o momento da distribuição dos lucros para alguns e da socialização dos prejuízos para muitos, que o sistema espera sejam cobertos pelo Estado via mais impostos, menos Saúde, Educação, infraestrutura, etc. Dói ver esse “Filho Pródigo” de maus costumes fazer festa com o dinheiro dos irmãos e o Pai (Estado) bancá-lo nos momentos de apuros, afirmando, talvez com razão, ser o melhor para todos, nesse momento sentimos o quanto somos órfãos de um outro mundo possível.